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Confrontos deixam 40 mortos no Peru; presidente será investigada por genocídio

Manifestações contra Dina Boluarte foram retomadas há uma semana, após uma trégua de 15 dias pelas as festas de fim de ano

Protesto no Peru: manifestações voltam após festas de fim de ano (AFP/Reprodução)

Protesto no Peru: manifestações voltam após festas de fim de ano (AFP/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de janeiro de 2023 às 08h17.

Última atualização em 11 de janeiro de 2023 às 08h21.

Confrontos entre policiais e manifestantes opositores da presidente do Peru, Dina Boluarte, deixaram desde segunda-feira, 9, ao menos 18 mortos na cidade de Juliaca, sul do país. A violência começou após manifestantes - que pedem a convocação de novas eleições gerais após a destituição do ex-presidente Pedro Castillo por um fracassado golpe de Estado - tentarem ocupar o aeroporto.

Segundo uma autoridade de saúde do Hospital Carlos Monge, as vítimas foram atingidas por balas. Um policial foi queimado dentro de uma viatura. Pelo menos 40 pessoas morreram desde o início dos protestos, em dezembro.

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Toque de recolher

As manifestações contra Boluarte foram retomadas há uma semana, após uma trégua de 15 dias pelas as festas de fim de ano. Estradas e aeroportos voltaram a ser bloqueados em 6 das 25 regiões do país. O epicentro dos protestos é a região de Puno, na fronteira com a Bolívia, onde uma greve foi convocada no dia 4 por tempo indeterminado.

Nesta terça, 10, o governo anunciou toque de recolher em Puno para conter a violência. De lá, organiza-se uma marcha até a capital, Lima, que deve começar amanhã, segundo convocações de diferentes coletivos sociais, que reúnem sobretudo camponeses.

Em Ayacucho, os manifestantes conseguiram ontem a suspensão das operações do aeroporto.

Além da saída da atual presidente, as manifestações exigem a convocação de uma Assembleia Constituinte e a libertação de Castillo, que cumpre 18 meses de prisão por rebelião. As manifestações têm sido realizadas nos arredores de áreas turísticas, Cuzco, Arequipa, Madre de Dios, Tacna e Apurimac.

Evo

Enquanto o país vive uma grave crise institucional e política, o governo de Boluarte proibiu ontem a entrada do ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, no território peruano. Evo foi acusado de "intervir" nos assuntos internos do Peru.

Evo, que presidiu a Bolívia entre 2006 e 2019, teve presença ativa na política peruana desde a entrada de Castillo no poder, em julho de 2021, até a sua deposição, em 7 de dezembro. No ano passado, o Parlamento controlado pela direita declarou Evo persona non grata.

Investigação contra Boluarte por genocídio

O Ministério Público do Peru anunciou nesta terça-feira que irá investigar a presidente Dina Boluarte pelos supostos crimes de "genocídio, homicídio qualificado e lesões graves" durante os protestos contra ela, que deixaram 40 mortos em um mês.

"A Procuradora da Nação ordenou o início de uma investigação preliminar contra a presidente Dina Boluarte; o presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola; o ministro do Interior, Víctor Rojas; o ministro da Defesa, Jorge Chávez", informou o MP no Twitter.

A investigação é pelos supostos crimes de "genocídio, homicídio qualificado e lesões graves" durante as manifestações antigovernamentais nas regiões de Apurímac, La Libertad, Puno, Junín, Arequipa e Ayacucho.

A investigação também inclui o ex-chefe de gabinete Pedro Ángulo e o ex-ministro do Interior César Cervantes, que fizeram parte do governo Dina entre 7 e 21 de dezembro de 2022, período em que houve 22 mortes devido à repressão das forças de ordem.

Os protestos se concentram nas áreas andinas do Peru, onde a população exige a renúncia de Dina e eleições presidenciais e legislativas imediatas. Em um mês de manifestações, a repressão deixou 40 mortos e mais de 600 feridos.

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