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Conflitos provocaram êxodo de 60 milhões de pessoas no mundo

Conflitos antigos continuam sem solução e 15 novos explodiram nos últimos 5 anos, e o volume de repatriados em 2014 foi o mais baixo em 30 anos


	Refugiados na Croácia: em consequência de conflitos, o número de pessoas deslocadas em nível mundial quadruplicou no período 2010-2014, passando de 11 mil para 42.500 por dia
 (Reuters)

Refugiados na Croácia: em consequência de conflitos, o número de pessoas deslocadas em nível mundial quadruplicou no período 2010-2014, passando de 11 mil para 42.500 por dia (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2015 às 09h18.

Genebra - No mundo todo há 60 milhões de pessoas que são atualmente refugiadas, solicitantes de asilo ou deslocadas dentro de seus próprios países devido a conflitos armados e perseguições, disse nesta segunda-feira o chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), António Guterres.

Conflitos antigos continuam sem solução e 15 novos explodiram nos últimos cinco anos, e o volume de pessoas que foram repatriadas em 2014 - 126 mil - foi o mais baixo das últimas três décadas.

Em consequência de conflitos, o número de pessoas deslocadas em nível mundial quadruplicou no período 2010-2014, passando de 11 mil para 42.500 por dia, alertou Guterres na inauguração do 66º comitê executivo da Acnur.

Só a megacrise causada pelas interconexões entre os conflitos do Iraque e da Síria empurraram 15 milhões de pessoas para o êxodo, sem esquecer que os enfrentamentos na África continuam a forçar centenas de milhares de pessoas a abandonarem seus lares.

Os últimos dados da Acnur indicam que nos últimos 12 meses 500 mil pessoas fugiram do Sudão do Sul, 190 mil do Burundi e 300 mil da Líbia.

O Iêmen, por sua vez, também se transformou em um foco de saída de refugiados. 1,1 milhão de pessoas fugiram nos últimos 12 meses por causa do conflito interno neste país.

As vagas oferecidas para a realocação de refugiados representam uma fração mínima do que é necessário para o volume de refugiados em nível mundial. Guterres explicou que em 2014 100 mil pessoas foram realocadas, 15% do necessário.

Em sua última participação como alto comissário diante de um comitê executivo da Acnur - ele deixará o cargo no fim deste ano, Guterres ressaltou que, para solucionar a atual crise de refugiados na Europa, é fundamental "uma relação positiva entre Ocidente e os mundos muçulmanos".

Ele assinalou que a rejeição aos refugiados muçulmanos por causa de sua religião é "a melhor propaganda que os grupos extremistas precisam para atrair novos seguidores jovens para o terrorismo".

Setores políticos influentes em vários países europeus pediram para só receberem refugiados cristãos.

"Uma Europa que defenda seus valores fundadores, de tolerância e de abertura, recebendo refugiados de todas as religiões, debilitará os argumentos de grupos extremistas", destacou Guterres.

Ele sustentou que é urgente resistir à islamofobia e reduzir a atração que as ideologias extremistas podem ter entre os jovens.

O alto comissário disse que "se, por um lado, a solidariedade de muitos europeus que prestam socorro e até acolhem em suas casas refugiados que chegam aos seus países é comovente; por outro, é chocante a hostilidade que aqueles que fogem da guerra encontram em lugares onde pensaram que teriam certezas".

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