“Para nós colombianos, chegou o momento de construir a memória a partir da verdade. E essa responsabilidade não é só minha, nem do governo ou das vítimas ou vitimários. É um assunto de todos”, declarou Santos (Cesar Carrion/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2013 às 19h45.
Bogotá – De janeiro de 1985 a março deste ano, 220 mil pessoas foram mortas na Colômbia como consequência dos conflitos internos no país. O dado consta do relatório Basta, Já! Colômbia: Memórias de Guerra e Dignidade, elaborado pelo Centro Nacional de Memória Histórica e entregue hoje (24) ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos.
O documento destaca que a maioria das vítimas, 166.069, é civil. O restante, mais de 40 mil, é de membros do Exército e da guerrilha, além de paramilitares.
De acordo com o relatório, o resultado é um balanço parcial, porque o marco legal somente reconhece assassinatos registrados pelo Registro Único de Vítimas (RUV), a partir de janeiro de 1985. Em anos anteriores, entre 1958 e 1984 há registros de 11.238 mortes. Ao receber o documento, Santos declarou que é chegada a hora de o país construir a memória do conflito.
“Para nós colombianos, chegou o momento de construir a memória a partir da verdade. E essa responsabilidade não é só minha, nem do governo ou das vítimas ou vitimários. É um assunto de todos”, declarou.
Os vitimários são os responsáveis pelos conflitos: as Forças Armadas Revolucionárias (Farc), o Exército da Libertação Nacional (ELN), grupos paramilitares como as Autodefesas (AUC), desmobilizadas em 2006, e o Exército colombiano.
Santos destacou que o relatório é a primeira “janela” em direção à verdade que o Estado deve às vítimas. Na avaliação do presidente, o processo de reparação e restituição já foi iniciado. “Somos o primeiro país do mundo com um processo de reparação integral, embora o conflito persista”. Segundo ele, o processo de reparação também inclui a restituição de terras. O governo do país contabiliza que até o momento foram restituídas mais de 13 mil hectares.
O presidente também ressaltou as negociações de paz com as Farc, que ocorrem atualmente em Havana. Neste sentido, segundo Santos, é preciso garantir que o processo para finalizar o conflito seja concluído. “Em Cuba, estamos falando de como terminar o conflito armado, porque este é o primeiro passo para que não existam mais vítimas”, disse.