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Conflitos deixam 13 milhões de crianças fora da escola

O diretor da Unicef, Peter Salama, fala que o impacto dos conflitos no Oriente médio é sentido pelas crianças de toda a região


	Na Síria, crianças caminham até a escola em meio a destruição: "o desespero sentido por uma geração de estudantes que vê as suas esperanças e o seu futuro estilhaçados"
 (REUTERS/Bassam Al-Erbeeni)

Na Síria, crianças caminham até a escola em meio a destruição: "o desespero sentido por uma geração de estudantes que vê as suas esperanças e o seu futuro estilhaçados" (REUTERS/Bassam Al-Erbeeni)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2015 às 09h16.

Mais de 13 milhões de crianças deixam de ir à escola no Oriente Médio devido aos conflitos devastadores em vários países da região, indicou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

"O impacto destruidor dos conflitos é sentido pelas crianças de toda a região", resumiu Peter Salama, diretor do Unicef para o Oriente Médio e Norte da África, lamentando "uma situação desastrosa" para toda uma geração.

"Não se trata apenas dos danos materiais nas escolas, mas também o desespero sentido por uma geração de estudantes que vê as suas esperanças e o seu futuro estilhaçados", lamentou, na apresentação de um relatório do fundo.

Estas crianças vivem nos países mais afetados da região, como a Síria, o Iraque, Iêmen, a Líbia, territórios palestinianos e o Sudão, ou estão refugiadas no Líbano, Jordânia e Turquia.

Ao todo, são mais de 13 milhões, ou seja, quatro em cada dez crianças nos países mais afetados por conflitos não vão à escola. O fundo lembra que "há alguns anos [a região] parecia preparada para alcançar o objetivo da educação para todos".

De acordo com o relatório, Mais de 8.850 escolas na Síria, Iraque, Iêmen e Líbia não podem receber alunos por terem sido destruídas ou danificadas, por abrigarem desalojados ou por terem sido ocupados por combatentes.

No Iêmen, algumas escolas foram "transformadas em casernas de rebeldes xiitas, privando os alunos do segundo semestre do ano escolar", disse um professor da capital iemenita, Sanaa.

"Carros de combate e unidades da defesa aérea foram colocados nas escolas", afirmou o diretor de uma escola da capital.

Escolas e liceus estão fechados no Iêmen desde março, quando teve início a campanha aérea lançada pela coligação árabe, liderada pela Arábia Saudita, para impedir os xiitas de conquistarem o país.

Na Faixa de Gaza, as crianças usam os estabelecimentos escolares como refúgios porque suas casas foram destruídas no conflito, no verão passado. No Iraque, as escolas servem para acolher três milhões de deslocados internos que a violência obrigou a fugir de casa.

Na Síria, Sudão e Iêmen, assim como em parte da Líbia, os pais deixaram de mandar as crianças à escola por temerem pela sua segurança, diz o Unicef.

Ir à escola é perigoso para muitas crianças, sublinhou o fundo, que registrou 214 ataques contra escolas na região no ano passado. Em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, apenas 65 das 239 escolas existentes continuam abertas.

"Na Síria, o conflito destruiu duas décadas de trabalho para ampliar o acesso à educação", lamentou o Unicef, indicando que mais de 52 mil professores deixaram os cargos.

Nos países vizinhos, mais de 700 mil crianças sírias não frequentam a escola, sobretudo na Turquia e no Líbano, onde as salas de aula têm alunos demais e poucos recursos.

O fundo da ONU alerta também para o fato que os conflitos reduziram consideravelmente os meios de subsistência das famílias, levando as crianças a deixarem a escola para trabalharem em condições difíceis e mal remuneradas.

As meninas casam, em alguns casos a partir dos 13 anos, para diminuir as despesas da família.

Privados da escola, algumas crianças acabam por integrar, voluntariamente ou não, grupos armados.

A ausência de educação é uma das razões mais frequentemente alegadas por refugiados sírios que viajam à Europa e, por isso, o fundo apelou para um reforço do ensino individual e para a necessidade de se fazer da educação uma das prioridades da ajuda humanitária.

Atualmente, menos de 2% do total dos fundos da ajuda humanitária são destinados à educação.

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