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Conflito na Ucrânia já expulsou 730 mil pessoas para Rússia

A agência das Nações Unidas também revelou que, segundo seus cálculos, existem 117 mil deslocados internos na Ucrânia que abandonaram seus lares


	Tropas ucranianas: "ucranianos que cruzaram a fronteira fugiram da situação", afirmou diretor do Acnur
 (Valentyn Ogirenko/Reuters)

Tropas ucranianas: "ucranianos que cruzaram a fronteira fugiram da situação", afirmou diretor do Acnur (Valentyn Ogirenko/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2014 às 10h40.

Genebra - Aproximadamente 730 mil pessoas saíram da Ucrânia para se refugiarem na Rússia desde que começou o conflito no leste do território ucraniano, segundo dados fornecidos pelas autoridades russas e considerados "verossímeis" pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

"Parecem verossímeis os dados apresentados pela Rússia. Os ucranianos que cruzaram a fronteira não são turistas. Fugiram da situação no leste da Ucrânia", afirmou Vincent Cochete, diretor do escritório para a Europa do Acnur.

Segundo o Serviço Federal de Migrações russo, deste contingente apenas 168 mil pessoas pediram algum tipo de proteção.

A agência das Nações Unidas também revelou que, segundo seus cálculos, existem 117 mil deslocados internos na Ucrânia, a maioria mulheres e crianças, que abandonaram seus lares fugindo do conflito no leste do país. A Acnur, no entanto, acredita que este número seja menor ao da realidade.

De maneira geral, os homens não querem se registrar como deslocados porque temem serem recrutados pelo exército ucraniano ou serem vítimas de represálias se retornarem para onde viviam.

Integrantes de minorias étnicas, como os ciganos, por exemplo, também não se registram porque desconfiam das autoridades locais, comentou Cochetel.

Os deslocados deixaram suas casas em função do conflito armado, assim como pela interrupção de serviços públicos e do pagamento de pensões e de salários. Uma parte deles são procedentes da Crimeia, península da Ucrânia anexada em março pela Rússia depois do resultado arrasador a favor da separação em um plebiscito.

"As pensões, os benefícios para as crianças e outros pagamentos não são feitos há três meses em lugares como Lugansk e Donesk. Algumas indústrias não querem pagar impostos e o sistema bancário não funciona, o que explica o porquê do povo ir embora, além da operação militar", explicou Cochetel.

Apesar do governo recuperar gradualmente o controle em certas zonas, o Acnur assinalou que 1.200 pessoas deslocadas chegam diariamente ao centro de recepção de Oblast, distrito do leste da Ucrânia no limite das regiões de Lugansk e Donestk.

Do total de deslocados, 27 mil vivem em quarenta abrigos, e o restante está hospedado por parentes ou amigos.

"Eles vivem com muito pouco porque não estavam preparados para uma saída, mas tiveram que tomar uma decisão rápida. Quase não têm pertences e o pouco que tinham foi confiscado em postos de controle", explicou.

Cochetel disse ainda que o exército da Ucrânia recuperou 75% do território que tinha ficado sob o controle de grupos rebeldes pró-Rússia. Tratam-se de doze cidades ou povoados de importância.

Por isto, cerca de 20 mil deslocados retornaram para diferentes localidades do leste da Ucrânia, onde Cochetel disse ter ficado impressionado pelo nível de destruição da infraestrutura civil.

Em uma cidade como Slaviansk, um dos centros de operação das milícias pró-Rússia, 70% da população, de 120 mil pessoas, abandonou seus lares "e por enquanto poucos retornaram".

O representante do Acnur disse que nesta cidade 5% das casas ficaram destruídas, mas que em alguns locais até 60% foram danificadas.

"A pergunta agora é quem será responsável pela reconstrução", indagou.

Por enquanto, os combates continuam nas zonas periféricas de Lugansk e Donetsk, acrescentou Cochetel, mas o temor é que ocorra um "êxodo em massa" se acontecerem combates dentro das cidades, concluiu.

*Atualizada às 10h39 do dia 05/08/2014

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