Agência de notícias
Publicado em 27 de novembro de 2024 às 06h34.
Última atualização em 27 de novembro de 2024 às 08h17.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta terça-feira, 27, um acordo de cessar-fogo para pôr um fim ao conflito com o Hezbollah, após dois meses de uma guerra aberta no Líbano. A proposta foi aprovada pelo gabinete do premier horas depois, por 10 votos a favor e um contra, e entrará em vigor já na madrugada desta quarta-feira, às 4h do horário local.
O acordo se baseia em um plano dos Estados Unidos para uma trégua de 60 dias, durante a qual o Hezbollah e o Exército israelense devem se retirar do sul do Líbano, na fronteira com o norte de Israel, e permitir o envio do Exército libanês para a região. O pacto inclui a criação de um comitê internacional para supervisionar a implementação do acordo
A tensão entre Israel e o grupo xiita cresceu após o ataque sem precedentes do grupo terrorista Hamas no sul do território israelense, em 7 de outubro do ano passado. Desde então, o Hezbollah passou a atacar quase diariamente o território israelense em solidariedade ao aliado palestino.
Mesmo assim, a troca de disparos entre Israel e o Hezbollah permaneceu relativamente controlada por meses. Em setembro, porém, as explosões quase simultâneas de milhares de pagers do grupo xiita no Líbano, seguida pela detonação de dezenas de walkie-talkies da mesma organização, elevaram rapidamente o número de mortos e deram início a uma nova fase do conflito na região.
A escalada do Estado judeu foi feita sob pretexto de que era necessário neutralizar o grupo libanês para permitir o retorno de 60 mil moradores do norte de Israel que foram deslocados pela guerra.
Segundo o Ministério da Saúde libanês, mais de 3,8 mil pessoas morreram, a maioria civis, e 15,8 mil ficaram feridas no país desde outubro de 2023, a maioria desde setembro deste ano. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 200 crianças foram mortas e 1.100 ficaram feridas no país apenas nos últimos dois meses.
Já o número exato de baixas do Hezbollah não é claro. Segundo a Reuters, o grupo havia reportado 500 mortes entre seus membros antes da ofensiva de Israel em setembro, mas depois não atualizou mais os números. De acordo com o Instituto de Estudos de Segurança Nacional da Universidade de Tel Aviv, o número total de mortes do Hezbollah é estimado em 2.450.
Apenas em setembro, mais de 1 milhão de pessoas foram deslocadas no Líbano devido à guerra. Hoje, esse número chega a 1,3 milhão, segundo a Agência da ONU para Refugiados (Acnur).
"Nas últimas semanas, Israel intensificou dramaticamente seus ataques aéreos e incursões terrestres, e isso aprofundou a catástrofe humanitária que afetou civis", disse na semana passada Ivo Freijsen, representando da Acnur no Líbano. "As últimas semanas foram as mais mortais e devastadoras para o Líbano e o povo em décadas."
Desde o início do conflito entre Israel e Hezbollah, as operações israelenses já mataram 40 soldados libaneses, embora o Exército do Líbano tenha, em grande parte, permanecido à margem dos combates.
E do lado de Israel, pelo menos 73 soldados foram mortos no norte, nas Colinas de Golã e em combates no sul do Líbano, de acordo com as autoridades israelenses.
Danos à infraestrutura
Os danos à habitação no Líbano estão estimados em US$ 2,8 bilhões, com mais de 99 mil unidades habitacionais parcial ou totalmente destruídas. Em Beirute, ataques israelenses derrubaram 262 edifícios, sobretudo no subúrbio sul da capital, reduto do Hezbollah.
A agricultura também sofreu grandes perdas, estimadas em US$ 1,1 bilhão, segundo o Banco Mundial. Os danos foram causados pela destruição de colheitas e rebanhos e pelo deslocamento de agricultores.
Em Israel, os danos materiais são estimados em US$ 273 milhões, com a maior parte dos prejuízos nas áreas próximas à fronteira com o Líbano, atingidas por foguetes do Hezbollah.