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Conflito entre Índia e Paquistão se agrava e já deixou ao menos 26 civis mortos

Nova Délhi diz ter destruído 'nove acampamentos terroristas'; Islamabad afirma ter abatido cinco aviões

Fumaça sobe após um projétil de artilharia atingir a principal cidade do distrito de Poonch, na região de Jammu, na Índia (Punit PARANJPE / AFP)

Fumaça sobe após um projétil de artilharia atingir a principal cidade do distrito de Poonch, na região de Jammu, na Índia (Punit PARANJPE / AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 7 de maio de 2025 às 07h30.

Última atualização em 7 de maio de 2025 às 07h32.

O conflito entre Índia e Paquistão escalou nesta quarta-feira, 7, com bombardeios das forças de Nova Délhi contra o país vizinho e trocas de tiros de artilharia na disputada região da Caxemira, resultando na morte de dezenas de civis.

A Índia anunciou a destruição de “nove acampamentos terroristas” em território paquistanês. Por sua vez, o Paquistão afirmou ter abatido cinco aviões de combate indianos e denunciou a morte de 26 civis inocentes, entre eles duas crianças.

As hostilidades entre as duas potências nucleares eclodiram após um atentado em 22 de abril na parte da Caxemira administrada pela Índia, que deixou 26 mortos. Nova Délhi responsabiliza Islamabad pelo ataque, o que é negado pelo governo paquistanês.

A Caxemira é uma região de maioria muçulmana dividida entre Índia e Paquistão e disputada por ambos desde que se tornaram independentes do Reino Unido em 1947.

O atentado foi seguido por dias de trocas de tiros com armas leves na linha de cessar-fogo entre os dois países, declarações hostis e ameaças de retaliação militar por parte da Índia.

Caxemira: uma província disputada por várias nações (Reprodução / redes sociais)

Na noite de terça para quarta-feira, o governo indiano anunciou “ataques aéreos de precisão” contra alvos na Caxemira paquistanesa e no estado fronteiriço de Punjab.

Segundo Nova Délhi, a ação destruiu “nove acampamentos terroristas”, escolhidos para “evitar danos” a infraestrutura e à população civil.

No entanto, o porta-voz do exército paquistanês, Ahmed Chaudhry, afirmou que os bombardeios indianos mataram “até agora 26 civis inocentes”, incluindo “duas crianças de três anos”.

Ele também relatou um ataque à represa e à usina hidrelétrica de Neelum-Jhelum, na parte paquistanesa da Caxemira, que ficou gravemente danificada.

Criança senta-se às margens do Lago Dal enquanto um paramilitar indiano patrulha Srinagar (Sajjad HUSSAIN / AFP)

O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, acusou o primeiro-ministro indiano, o nacionalista hindu Narendra Modi, de lançar os ataques para “impulsionar” sua popularidade doméstica, mas afirmou que o Paquistão já havia respondido.

- A retaliação já começou. Não demoraremos a igualar o placar - advertiu.

O porta-voz militar Chaudhry assegurou que suas forças haviam abatido cinco caças indianos e um drone no espaço aéreo da Índia.

Anteriormente, uma fonte de segurança indiana, sob anonimato, admitiu que três aviões de combate caíram em território indiano, sem revelar o motivo.

Fogo na Caxemira

Logo após os bombardeios, o exército indiano acusou as forças rivais de disparar “indiscriminadamente” artilharia ao longo da Linha de Controle, a fronteira de fato que divide a Caxemira.

- Despertamos com o barulho dos tiros - disse Farooq, morador da cidade fronteiriça de Poonch, à agência Press Trust of India. - Vi os projéteis caindo como chuva - relatou do leito do hospital, com a cabeça enfaixada.

Um responsável municipal de Poonch, Azhar Majid, disse à AFP que os disparos do Paquistão mataram pelo menos oito pessoas e feriram 29 na cidade.

Já se esperava há dias uma resposta militar contundente da Índia ao ataque de 22 de abril, que suas forças de segurança atribuem ao grupo jihadista Lashkar-e-Taiba (LeT), sediado no Paquistão.

A organização, classificada como terrorista pela ONU, é suspeita dos atentados de 2008 em Mumbai, que deixaram 166 mortos.

Embora ninguém tenha reivindicado o ataque mais recente, ocorrido na cidade turística de Pahalgam, Nova Délhi culpou Islamabad, que nega e pede uma investigação independente.

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, chamou o ataque indiano de “covarde” e “não provocado”. - Esse ato odioso de agressão não ficará sem resposta - afirmou.

'Reduzir a tensão'

Moradores observam parte danificada de uma aeronave em Wuyan, perto de Srinagar, na Caxemira (Tauseef MUSTAFA / AFP)

Esse novo confronto representa uma perigosa escalada entre os dois países, que já travaram múltiplas guerras desde a partilha do subcontinente indiano, então sob domínio britânico.

- O mundo não pode se dar ao luxo de uma confrontação militar entre Índia e Paquistão - declarou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.

Estados Unidos e China também pediram moderação às partes. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, instou Nova Délhi e Islamabad a “reduzirem a tensão e evitarem uma nova escalada”.

- Pedimos que Índia e Paquistão priorizem a paz e a estabilidade, mantenham a calma e evitem ações que possam complicar ainda mais a situação - disse um porta-voz da diplomacia chinesa.

A Caxemira é palco de uma insurgência desde 1989, levada a cabo por rebeldes que desejam a independência ou a anexação ao Paquistão — movimento que, segundo Nova Délhi, conta com apoio de Islamabad.

O conflito não se limita ao campo militar. Horas antes dos bombardeios, Modi anunciou que seu governo iria interromper o fluxo de água de rios indianos para o Paquistão. Islamabad respondeu que consideraria tal medida como “ato de guerra”.

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