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Confira quatro cenários possíveis para as eleições da Venezuela

Parte da comunidade internacional não vai reconhecer os resultados da eleições do dia 20 de maio por considerar que elas não serão transparentes

Maduro: apesar de muitos acreditarem na reeleição de Maduro, pesquisa revela empate técnico com Falcón (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Maduro: apesar de muitos acreditarem na reeleição de Maduro, pesquisa revela empate técnico com Falcón (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

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AFP

Publicado em 18 de maio de 2018 às 10h56.

Muitos dão como certo que Nicolás Maduro será reeleito presidente da Venezuela, mas não se deve descartar uma surpresa do adversário, Henri Falcón. As eleições de 20 de maio abrem diversos cenários em um país arruinado e cada vez mais isolado.

A empresa Datanálisis atribui um empate técnico entre Maduro e Falcón; a Delphos dá 43% ao presidente e 24% ao opositor dissidente do chavismo, entre os que têm certeza de votar; e a Hinterlaces estima 52% ao presidente contra 22% para seu rival.

Apoiando a oposição, parte da comunidade internacional advertiu que não vai reconhecer os resultados por considerar que não serão eleições livres e transparentes.

Veja o que este pleito reserva ao país.

Maduro reeleito com alta abstenção

É o mais provável, segundo analistas, diante do desencanto do eleitorado e da convocação ao boicote da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD).

"Virão mais sanções dos Estados Unidos contra o setor petroleiro, também da União Europeia e países latino-americanos", comentou à AFP o analista Diego Moya-Ocampos, do IHS Markit, com sede em Londres.

A Venezuela, que tem 96% de sua renda originária do petróleo, vende aos Estados Unidos um terço de sua reduzida produção de 1,5 milhão de barris diários. O país e sua companhia petroleira, PDVSA, estão em default parcial e os litígios espreitam.

"Um novo governo de Maduro, considerado ilegítimo, não terá capacidade de manobra, nem nas finanças internacionais, nem na diplomacia", avalia Andrés Cañizalez, especialista em comunicação política.

Para o analista Mariano de Alba, o não reconhecimento do resultado não implicará necessariamente em "um cessar de relações diplomáticas e comerciais".

Mas agravaria o colapso de um país em recessão desde 2014, que terminará 2018 com inflação de 13.800% e queda do PIB de 15% - segundo o FMI - e cuja crise forçou centenas de milhares de venezuelanos a emigrar.

Maduro reeleito em meio a denúncias de fraude

Neste caso, o candidato opositor Falcón denunciaria fraude. "Tudo está condicionado à manipulação pelo governo do processo e a gente tende a pensar que o resultado pode ser manipulado", avaliou o cientista político Luis Salamanca.

"Sanções contra altos funcionários, inclusive suas famílias, congelamento de bens em diferentes países, embargo financeiro à PDVSA dos Estados Unidos" seriam algumas consequências, segundo Cañizalez.

O analista Juan Manuel Raffalli não descarta uma vitória de Falcón. "O problema é que não vão reconhecê-la" e seu desafio é "como vai reivindicar esta vitória", acrescentou.

Para o presidente da Datanálisis, Luis Vicente León, seria consolidada "uma autocracia, muito mais repressiva inclusive dentro do chavismo, uma implosão ou uma ação internacional dramática".

A "implosão", acredita León, representa o "maior risco" para Maduro e poderia ocorrer através de sanções internacionais contra funcionários chavistas.

Especialistas consideram que inclusive a governista e toda-poderosa Assembleia Constituinte poderia implantar um sistema de partido único como o de Cuba.

Falcão derrotado com votação aceitável

Falcón deve enfrentar o "oportunismo" do governo na campanha e o apelo da MUD para boicotar as eleições, o que torna "pouco provável que ganhe", ressalta Moya-Ocampos.

O cientista político Michael Penfold destaca que Falcón não conseguiu nem impactar, nem mobilizar os opositores ou os chavistas descontentes.

"Vai receber um voto silvestre [não cultivado], flutuante, de opositor. Não ganha porque não tem como mobilizar os votos, nem defendê-los, luta contra um ambiente altamente abstencionista", destacou Salamanca.

Segundo Cañizalez, dada a fragmentação da MUD, Falcón, ainda que perca, teria ganhos se passar a "ser uma referência política" frente a futuras eleições.

"Dependendo de quantos votos obtenha, passará a ser visto por Maduro como a oposição com a qual vai se entender, o interlocutor do governo, o que gerará mais conflito na MUD", comentou Salamanca.

Falcón ganha e sua vitória é reconhecida

Pouco provável, a menos que a oposição vote em massa, segundo especialistas. Além disso, um terceiro candidato, o pastor evangélico Javier Bertucci, tira dele votos opositores.

Se Falcón vencer, "o país entraria rapidamente em um processo de transição [tanto] política quanto econômica", diz Penfold.

Para León, um "chavismo emergente (de civis e militares)" temeroso de sanções e isolamento poderia "pressionar pelo reconhecimento" de uma vitória de Falcón, "que lhes estende pontes de ouro para produzir uma fuga adiante".

A comunidade internacional - argumenta - reconheceria o resultado, apoiaria uma negociação entre forças chavistas, militares e opositoras, para um governo de transição.

A MUD, acrescenta Cañizalez, se arruinaria ainda mais, ficaria "em sérios apuros", após apostar na abstenção e não conseguir canalizar o descontentamento.

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