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Conferência de Doha entra em semana decisiva

No evento, ministros de mais de 190 países tentam alcançar um acordo sobre o segundo ato do protocolo de Kyoto


	Fábrica na Alemanha emite fumaça: no ritmo em que aumentam as emissões de CO2, a mais de 3% anuais entre 2000 e 2011, o aumento da temperatura pode superar 5ºC em 2100
 (Patrik Stollarz/AFP)

Fábrica na Alemanha emite fumaça: no ritmo em que aumentam as emissões de CO2, a mais de 3% anuais entre 2000 e 2011, o aumento da temperatura pode superar 5ºC em 2100 (Patrik Stollarz/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2012 às 10h33.

Doha - A conferência sobre as mudanças climáticas de Doha entrou nesta segunda-feira em sua fase final com a participação dos ministros de mais de 190 países nas negociações, que devem alcançar um acordo sobre o segundo ato do protocolo de Kyoto (Kyoto 2) e a ajuda financeira aos países mais frágeis.

Paralelamente a estes longos e complexos debates característicos da ONU, as más notícias sobre o aquecimento do planeta continuavam se acumulando.

Segundo um estudo recente, no ritmo em que aumentam as emissões de CO2, a mais de 3% anuais entre 2000 e 2011, o aumento da temperatura pode superar 5ºC em 2100, ou seja, três graus a mais do que os cientistas apresentam como o limite a partir do qual a maquinaria climática pode se acelerar.

Por sua vez, a estimativa mais precisa realizada até a data sobre o degelo das calotas polares mostrou que se acelerou nos últimos 20 anos, contribuindo em 20% para o aumento dos oceanos durante este período.

"O que me frustra é que estamos muito longe do que a ciência nos indica que devemos fazer" para conter o aquecimento, reconheceu nesta segunda-feira a responsável pelo Clima das Nações Unidas, Christiana Figueres, durante uma coletiva de imprensa.

"O que me dá esperanças é que nos últimos dois ou três anos este processo fez mais progressos do que os obtidos nos dez anos anteriores", acrescentou.

Um dos objetivos da conferência de Doha, que termina na sexta-feira, é assinar o segundo ato do protocolo de Quioto, único instrumento legalmente vinculante que compromete os países industrializados a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEI), depois da expiração do primeiro período de compromisso, no fim de dezembro.


Um acordo global, que nesta oportunidade envolveria todos os países, incluindo os principais poluidores - Estados Unidos e China, que não ratificaram Quioto -, deve ser assinado em 2015 para entrar em vigor em 2020.

"No fim da conferência de Doha, teremos aprovado as emendas necessárias para entrar em um segundo período de compromisso do protocolo a partir de 1 de janeiro de 2013", sustentou Figueres.

No entanto, depois de uma semana de negociações, os detalhes não foram resolvidos e eram registradas divergências entre a Aliança das Ilhas Pequenas (AOSIS), muito vulneráveis ao aumento do nível dos mares, e a União Europeia (UE), o ator principal de Kyoto 2 depois da renúncia de Japão, Canadá e Rússia.

Entre os muitos pontos de tensão, a AOSIS exige que Quioto 2 dure apenas cinco anos, e não oito, como pede a UE, para "evitar fixar durante muito tempo objetivos de redução de GEI que não são suficientemente ambiciosos".

Outro ponto delicado é "o ar quente", um superávit de quotas de emissões que os ex-países da Europa Oriental e, sobretudo, a Polônia, herdaram de Quioto 1 e querem prorrogar em Quioto 2.

Trata-se de um ponto crítico para muitos países e organizações não governamentais, que consideram que esta possibilidade desvirtuaria os resultados esperados de Quioto 2.

Os ministros, principalmente de Meio Ambiente e Energia, assim como cerca de 20 chefes de Estado, são esperados na terça-feira.

Também deverão tratar a questão da ajuda aos países mais vulneráveis às mudanças climáticas.

Os países em desenvolvimento pediram 60 bilhões de dólares até 2015, para garantir uma transição entre a ajuda urgente decidida na cúpula de Copenhague, no fim de 2009, que consistia em 30 bilhões de dólares no período 2010-2012, e a promessa dos 100 bilhões de dólares anuais até 2020.

"Isto não parece muito provável, mas é preciso encontrar as opções intermediárias", comentou um negociador europeu que pediu o anonimato.

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