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Conclave: o que pensam os favoritos para ser o novo Papa?

Reunião fechada começa nesta quarta-feira, 7, com 133 cardeais discutindo quem será o sucessor de Francisco

Conclave: cardeais começam a escolher o novo papa, com foco em dogmas, reformas e desafios globais (MARIO TOMASSETTI / VATICAN MEDIA / AFP)

Conclave: cardeais começam a escolher o novo papa, com foco em dogmas, reformas e desafios globais (MARIO TOMASSETTI / VATICAN MEDIA / AFP)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 7 de maio de 2025 às 11h45.

O início do Conclave está marcado para esta quarta-feira, 7, quando 133 cardeais se reunirão no Vaticano para escolher o próximo líder da Igreja Católica. A expectativa é de que a fumaça branca só surja após alguns dias de debates intensos, quando, finalmente, a Praça São Pedro ouvirá o famoso coro de “habemus papam”.

Analistas apontam que a escolha do sucessor não será fácil. Não há um favorito claro, e as negociações, que se intensificaram nas últimas semanas, podem levar a um resultado inesperado, como aconteceu no Conclave de 2013, que elegeu o argentino Jorge Mario Bergoglio.

Dentre os cardeais com direito a voto, 108 foram indicados por Francisco, mas isso não implica que o novo papa compartilhe o mesmo perfil de seu predecessor. Entre os desafios que o novo pontífice precisará enfrentar estão questões polêmicas, como a relação da Igreja com temas como o aborto, a eutanásia e as uniões LGBT+. A crise interna da Igreja, envolvendo escândalos financeiros e abusos sexuais, também está no centro das discussões.

Entre os principais nomes para suceder Francisco estão cardeais de diversas partes do mundo, mas a maioria vem da Europa. O número crescente de cardeais “novatos” no Conclave, que podem levar mais tempo para alcançar os dois terços de votos necessários, também tem gerado incertezas sobre o desfecho.

Entre os nomes mais cotados, destacam-se o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, e o arcebispo de Bolonha, Matteo Maria Zuppi, conhecidos pela proximidade com Francisco e sua atuação em questões sociais.

Cardeais cotados para o Conclave

Jean-Marc Aveline (França)


Aveline, arcebispo de Marselha, é visto como um dos nomes mais progressistas no Conclave. Formado em Teologia, ele tem sido um defensor da “acolhida” em relação aos imigrantes e refugiados, e sua visão pastoral se alinha ao compromisso social de Francisco. Em relação aos abusos na Igreja, Aveline defende mudanças práticas e educativas para evitar novos escândalos.

Juan José Omella Omella (Espanha)


O arcebispo de Barcelona e ex-presidente da Conferência Episcopal Espanhola, Omella, é um cardeal moderado, com uma postura de acolhimento em temas como a união LGBT+ e o divórcio. Seu envolvimento com a canonização de Gaudí e sua relação próxima com Francisco o posicionam como uma figura influente, embora sua visão conservadora em questões como o aborto seja uma marca de sua trajetória.

Luis Antonio Gokim Tagle (Filipinas)


Conhecido como o “Francisco asiático”, Tagle tem uma postura progressista e um apelo global, especialmente entre os católicos de países em desenvolvimento. Sua experiência em missões humanitárias e sua popularidade nas redes sociais o colocam como um possível sucessor do papa Francisco, embora sua passagem pela Caritas tenha gerado questionamentos sobre sua capacidade de gestão.

Mario Grech (Malta)


Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, é um defensor da sinodalidade, processo que visa descentralizar a Igreja e aumentar a participação dos fiéis. Seu perfil pastoral de acolhimento e sua posição moderada em temas como o divórcio e o celibato tornam-no um candidato interessante, especialmente para aqueles que desejam continuar a linha de Francisco.

Fridolin Ambongo Besungu (República Democrática do Congo)


Ambongo, arcebispo de Kinshasa, representa a África no Conclave. Conhecido por sua postura conservadora em relação a temas como a união LGBT+, ele também é um defensor da justiça social e das reformas dentro da Igreja. Seu posicionamento em questões globais, como as mudanças climáticas e os direitos dos migrantes, o coloca como uma figura importante no cenário internacional.

Matteo Maria Zuppi (Itália)


O arcebispo de Bolonha é comparado a Francisco por seu trabalho com populações marginalizadas e sua atuação em causas de paz, como a mediação no conflito entre Ucrânia e Rússia. Seu trabalho social e seu compromisso com os pobres o colocam como um candidato com forte apelo social e moral.

O que é o Conclave

Conclave é o nome dado à reunião fechada dos cardeais da Igreja Católica com a finalidade de eleger um novo papa. A palavra vem do latim cum clave, que significa "com chave", ou seja, um encontro realizado sob sigilo absoluto e com os participantes literalmente trancados até que a eleição seja concluída.

Como funciona o Conclave

  • Quem participa: todos os cardeais com menos de 80 anos têm o direito de voto. Atualmente, são cerca de 120 cardeais eleitores.

  • Local: o Conclave acontece na Capela Sistina, no Vaticano, em um ambiente cuidadosamente controlado para garantir privacidade e segurança.

  • Regra da maioria: para que um cardeal seja eleito papa, ele precisa obter dois terços dos votos dos presentes.

  • Sigilo e isolamento: durante o Conclave, os cardeais ficam hospedados na Casa Santa Marta e são proibidos de manter qualquer tipo de contato com o mundo exterior. Dispositivos eletrônicos, como celulares, são vetados.

  • Fumaça branca ou preta: após cada rodada de votação, as cédulas são queimadas. A cor da fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina indica o resultado:

    • Fumaça preta: nenhum papa foi eleito.

    • Fumaça branca: um novo papa foi escolhido.

  • Habemus Papam: após a eleição, o cardeal protodiácono (hoje Dominique Mamberti) aparece na sacada da Basílica de São Pedro para anunciar ao mundo, em latim: “Habemus Papam” (“Temos um papa”), seguido do nome do novo pontífice.

O que significa a palavra Conclave

A palavra Conclave vem do latim cum clave, que significa literalmente "com chave". Ela era usada para descrever um local fechado à chave, em que ninguém podia entrar ou sair — o que remete diretamente à prática da Igreja Católica de isolar os cardeais eleitores durante o processo de escolha de um novo papa.

Significado atual

Hoje, "Conclave" é usado principalmente em dois sentidos:

  1. Religioso (original e principal): refere-se ao encontro secreto dos cardeais da Igreja Católica, convocado para eleger um novo papa. É o uso tradicional e canônico do termo.

  2. Figurado (uso moderno): em um sentido mais amplo, a palavra pode ser usada para descrever qualquer reunião fechada, sigilosa ou reservada, especialmente entre autoridades, dirigentes ou especialistas que precisam tomar uma decisão importante. Exemplo: "O Conclave de líderes empresariais definiu a nova estratégia do setor."

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