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Conclave: eleição do novo Papa será nesta semana. Conheça todos os ritos

Na próxima quarta-feira, 133 cardeais de diferentes partes do mundo estarão no Vaticano escolhendo a autoridade da Igreja Católica

Cardeais irão se reunir na Capela Sistina para começar o conclave que elegerá um sucessor para o papa Francisco (Pool / Pool/Getty Images)

Cardeais irão se reunir na Capela Sistina para começar o conclave que elegerá um sucessor para o papa Francisco (Pool / Pool/Getty Images)

Publicado em 4 de maio de 2025 às 19h26.

Última atualização em 4 de maio de 2025 às 20h56.

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Na próxima quarta-feira, 7, 133 cardeais de diferentes partes do mundo se reunirão em um evento raro e altamente simbólico: o conclave, cerimônia da Igreja Católica destinada a eleger o novo papa, que substituirá Papa Francisco.

"Hoje, 80% da Cúria Romana, do colégio que vai eleger o novo Papa, foi indicada por Francisco", afirma André Leonardo Chevitarese, professor de História da UFRJ. O movimento, embora não garanta, pode trazer um Papa mais progressista e inclusivo, como foi o Papa Francisco.

O processo, repleto de ritos milenares e sigilo absoluto, acontece dentro dos muros do Vaticano - mais especificamente, na Capela Sistina, um dos locais mais vigiados e icônicos do mundo.

Segundo os rituais da Igreja Católica, a escolha do novo papa acontece entre 15 e 20 dias após a morte do pontífice anterior, ou seja, o processo deverá acontecer até o dia 11 de maio.

Esse é apenas um dos rituais que serão realizados nesta semana para escolher o novo Papa. Conheça os protocolos rígidos que praticamente não mudaram ao longo dos séculos.

Conclave: como funciona a eleição mais secreta do mundo?

A palavra “conclave” vem do latim cum clave, que significa "com chave".

“Isso porque, historicamente, os cardeais ficam trancados para garantir a integridade e a confidencialidade do processo eleitoral do papa”, afirma Brenda Carranza, professora de Antropologia da Religião da Unicamp.

Durante o processo, eles não têm acesso a celulares, internet ou qualquer comunicação externa. O objetivo é evitar interferências e garantir que a decisão seja guiada exclusivamente por princípios religiosos.

Além da formação e das competências individuais que um Papa tem que ter, o jogo político dentro da Igreja pesa ainda hoje no momento da eleição, afirma Carranza.

"Se o candidato é mais progressista ou conservador, se alinha mais à direita ou à esquerda, tudo isso influencia o resultado, dependendo dos ventos que sopram no conclave", diz.

Quem pode votar?

Somente cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto, diz Carranza, que afirma que neste conclave, serão 133 cardeais eleitores, de todos os continentes.

“A composição atual reflete uma Igreja mais diversa do que no passado, com crescente representatividade de países do sul global, como Brasil, Filipinas, Nigéria e Congo”, diz Carranza.

A votação: voto em papel e fumaça preta ou branca

Todos os votos são feitos em papel e depositados em uma urna. A cada rodada de votação, são necessárias duas sessões pela manhã e duas à tarde. Para que um cardeal seja eleito, é preciso alcançar 2/3 dos votos.

Ao final de cada votação, as cédulas são queimadas com uma substância especial: se o resultado for inconclusivo, a fumaça sai preta; quando não há consenso, a fumaça é branca — sinal de que habemus papam (ou seja, eleição de um novo Papa).

Quem são os favoritos?

Embora a lista de papáveis (os favoritos) seja mantida em sigilo, alguns nomes costumam circular entre vaticanistas. Segundo Paulo Raphael Oliv. Andrade, professor de filosofia e teologia da PUC-SP, alguns nomes foram mencionados nas análises recentes, com destaque para três da Europa:

  • Péter Erdő (Hungria) – Um dos nomes mais fortes, com posições doutrinárias claras e experiência consolidada.
  • Gerhard Ludwig Müller (Alemanha) – Foi considerado forte, mas conflitos recentes podem prejudicar suas chances.
  • Pietro Parolin (Itália) – Secretário de Estado do Vaticano, especialista em diplomacia, mas sem experiência pastoral robusta, afirma Andrade. "É um nome falado, mas não é visto como o perfil ideal”.

Apesar dos nomes ventilados, o professor Andrade reforça que especulações têm sempre um caráter limitado. "Não estamos dentro do conclave. Só ali se percebe a dinâmica real: necessidades, alianças e reações ao ambiente da Igreja global", afirma.

O que muda após a eleição? O nome e a voz da Igreja

O novo papa tem liberdade para escolher um novo nome, dar novos rumos à gestão da Igreja e influenciar temas globais, como migração, justiça social, mudanças climáticas e guerra.

Mais do que um líder espiritual, o papa também é chefe de Estado do Vaticano e voz política com alcance mundial.

Para o professor Andrade, da PUC-SP, um Papa não possui uma postura neutra. "O Papa deve manter uma postura espiritual, mas jamais neutra. Ele se posiciona sempre com base em valores evangélicos, sem partidarismos, mas com clareza nas questões essenciais", afirma.

Frei David Santos, diretor executivo da EDUCAFRO Brasil, também compartilha o mesmo posicionamento. "O Papa é chamado a ser a voz do Evangelho no meio de um mundo que grita por justiça, paz e esperança. Silenciar-se diante disso seria trair a sua missão".

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