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Comunidade Ibero-Americana busca peso no cenário mundial

A América Latina vive uma etapa de grande dinamismo econômico e é uma das regiões que mais cresce no mundo


	O Brasil, que já é a sexta maior economia mundial, defende um pacto global que estimule o crescimento
 (Roberto Stuckert Filho/PR)

O Brasil, que já é a sexta maior economia mundial, defende um pacto global que estimule o crescimento (Roberto Stuckert Filho/PR)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2012 às 18h12.

Madri - Os dirigentes de 22 países que formam a Comunidade Ibero-Americana - um poderoso fórum de 600 milhões de habitantes - se reunirão em Cádiz nos dias 16 e 17 de novembro em um momento de mudança da ordem mundial.

A América Latina vive uma etapa de grande dinamismo econômico, é uma das regiões que mais cresce no mundo e é receptora de 30% do investimento global. O crescimento médio para a região e o Caribe será neste ano de 3,2%, e de 3,9% em 2013, segundo o FMI. Na última década, os países latino-americanos conseguiram reduzir a pobreza de 48% para 29%.

Em contrapartida, Espanha e Portugal estão em recessão, com altos níveis de desemprego e são dois dos países da União Europeia (UE) mais afetados pela profunda crise.

Órgãos multilaterais, como o FMI, alertaram que a fragilidade da economia mundial, e especialmente as dificuldades que Europa e Estados Unidos atravessam causaram um crescimento menor que o esperado na América Latina e no Caribe, com uma tendência mais preocupante nos países do Cone Sul, muito dependentes das exportações de matérias-primas.

O Brasil, que já é a sexta maior economia mundial, defende um pacto global que estimule o crescimento e alega que o excesso de austeridade na Europa piora a recessão, com repercussões nos países emergentes. Essa mensagem também será repetida por alguns dirigentes latino-americanos na Cúpula de Cádiz, segundo fontes diplomáticas.

Desde seu nascimento, em 1991, em Guadalajara (México), as Cúpulas Ibero-Americanas foram fóruns de acerto político e de cooperação entre nações com cultura e língua comuns ou parecidas.

Mas essa aliança, que completa mais de duas décadas, visa ser mais forte e competitiva, adaptando-se à nova situação mundial.


O objetivo é uma ''aliança de futuro'' que aproveite as oportunidades do espaço ibero-americano em termos políticos e econômicos, e através do grande potencial de cooperação entre pequenas e médias empresas de ambos os lados do Atlântico.

A Espanha é o principal investidor europeu e o segundo maior mundial na América Latina, com grande presença no setor de telecomunicações, bancário, infraestruturas e hidrocarbonetos.

''O mercado latino-americano aparece como um grande potencial cooperador'', destacou o secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias.

Os países ibero-americanos reivindicam também uma reforma dos órgãos multilaterais, incluindo a ONU, para que se adaptem à ascensão dos emergentes.

A Cúpula de Cádiz acontece uma semana depois da reeleição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cujo país perdeu sua posição de tutor na América Latina, que não esteve entre as prioridades de política externa em seu primeiro mandato.

A região olha cada vez mais para o Pacífico na busca de acordos de livre-comércio, incluindo com a China, grande compradora de suas matérias-primas. As exportações ao gigante asiático aumentaram 30% em média por ano na última década.

Em termos políticos, segue para a reunião ibero-americana uma região inclinada majoritariamente à esquerda, com México, Colômbia, Chile, Panamá, Honduras e Guatemala sendo os referenciais conservadores.


O presidente venezuelano, Hugo Chávez, reeleito em outubro pela quarta vez desde 1998, continua promovendo uma aliança continental baseada no que chama de ''socialismo do século XXI''. Já na Espanha e em Portugal, há governos de centro-direita.

A Cúpula de Cádiz coincidirá com o lançamento formal em Havana do diálogo de paz entre o governo colombiano e a guerrilha das Farc, em posição de fraqueza e cercada pelas forças de segurança e pela rejeição generalizada.

A estratégia contra o narcotráfico e sua penetração em esferas políticas e econômicas do continente americano será apresentada por alguns países, entre eles Guatemala, críticos à falta de resultados.

O mal-estar criado pela desapropriação de filiais de empresas estrangeiras em países como Bolívia e Argentina, entre elas a companhia petrolífera espanhola Repsol, também deve ser lembrado na cúpula.

Para mediar esses conflitos e garantir a segurança jurídica dos investimentos, uma das propostas que será analisada em Cádiz é a criação de um centro de arbitragem ibero-americano, como mecanismo regional privado.

A Espanha espera uma alta participação de chefes de Estado e de Governo na Cúpula de Cádiz, cujo lema é ''uma relação renovada''.

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