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Como Wuhan fez 6,5 milhões de testes para a covid-19 em duas semanas

Cidade que originou o novo coronavírus fez uma operação de guerra para testagem em massa; a titulo de comparação, o Brasil testou 870 mil em três meses

Testes de coronavírus em Wuhan, na China (Aly Song/Reuters)

Testes de coronavírus em Wuhan, na China (Aly Song/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 27 de maio de 2020 às 10h16.

Última atualização em 27 de maio de 2020 às 10h52.

Em 11 de maio, Wuhan, cidade que originou o novo coronavírus, anunciou um ambicioso programa para testar seus 11 milhões de habitantes. Na ocasião, seis novos casos haviam surgido após um mês sem novas infecções relatadas. O prazo para a operação não foi estabelecido.

Duas semanas depois as autoridades de saúde anunciaram que coletaram 9 milhões de amostras e testaram 6,5 milhões de residentes para a covid-19.

Em comparação, o Brasil realizou 870 mil em três meses, segundo o site worldometers, que compila em tempo real as estatísticas do novo coronavírus no mundo. O Brasil está na 123º posição de um ranking que registra testes realizados por milhão de habitantes.

O epidemiologista chefe da China, Wu Zunyou, disse em comunicado que não iria permitir "que casos dispersos se transformem em grandes surtos".

A operação foi organizada, segundo relatou a Business Insider, primeiro com idosos e pessoas em risco, seguido por aqueles que moravam em áreas densamente povoadas e comunidades com grandes populações migrantes. O maior teste em um dia ocorreu em 22 de maio, quando foram coletadas 1,4 milhão de amostras.

De acordo com a imprensa local, milhares de médicos foram mobilizados para participar da campanha, alguns foram de porta em porta para coletar amostras de idosos e residentes com deficiência.

A estratégia principal de Wuhan foi aumentar a capacidade de testagem dos laboratórios, que chegaram a processar 1,5 milhão de amostras em um dia.

Além disso, a participação popular foi diferencial para o resultado: o governo fez campanhas nas ruas e chegou a dizer que iria impedir as pessoas de entrar em supermercados ou bancos se não tivessem sido testadas.

Apesar da colaboração da população, alguns temeram se colocar em risco. Em entrevista ao New York Times, um morador chegou a dizer ser "totalmente contra isso". Para ele, "o governo não está fazendo isso em benefício das pessoas, mas para o mundo exterior ver".

Segundo a Bloomberg, as amostras ainda estão sendo processadas, mas nesta terça-feira, 27, o governo registrou 206 novos casos positivos. Todos eram assintomáticos.

Especialistas avaliaram que não há registros da eficácia de testar um número tão grande de pessoas em pouco tempo. Outros, contudo, disseram que a medida traria um impacto psicológico importante.

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