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Como vivem as cidades onde a IA já comanda tudo — e a carteira virou coisa do passado

Índice Global de Inovação de 2025 revela que carros autônomos, pagamentos por QR code e robôs já fazem parte do dia a dia nas regiões urbanas mais inovadoras

O Brasil entra no ranking com apenas um cluster entre os 100 principais. (iStock /Getty Images)

O Brasil entra no ranking com apenas um cluster entre os 100 principais. (iStock /Getty Images)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 21 de outubro de 2025 às 14h46.

Imagine sair de casa sem carteira, pegar um táxi sem motorista e usar apenas o celular para abrir a porta quando voltar.

O que parece cena de filme futurista já é a rotina de quem vive nos lugares mais tecnológicas do mundo, segundo o Índice Global de Inovação (GII) de 2025.

O levantamento, que vai além das fronteiras administrativas tradicionais, considera três critérios principais para eleger os representantes: localização de inventores em patentes, autores de artigos científicos e negócios de capital de risco.

Segundo o estudo, somente os 10 primeiros colocados concentram cerca de 70% dos depósitos de patentes internacionais e da atividade de capital de risco no mundo — uma fatia considerável que mostra onde o dinheiro e as mentes mais ousadas estão de fato investindo.

As 10 cidades mais tecnológicas do mundo

1º lugar: Shenzhen-Hong Kong-Guangzhou (China)
2º lugar: Tokyo-Yokohama (Japão)
3º lugar: San Jose-San Francisco (Estados Unidos)
4º lugar: Pequim (China)
5º lugar: Seul (Coreia do Sul)
6º lugar: Shanghai-Suzhou (China)
7º lugar: Nova York (Estados Unidos)
8º lugar: Londres (Reino Unido)
9º lugar: Boston-Cambridge (Estados Unidos)
10º lugar: Los Angeles (Estados Unidos)

Shenzhen-Hong Kong-Guangzhou

1º Hong Kong

A região lidera o ranking impulsionada por um aumento expressivo de patentes e investimentos em capital de risco. O que impressiona por lá também é como a tecnologia de ponta se mistura naturalmente com o dia a dia. Mercadinhos de rua em sua maioria já oferecem pagamentos virtuais, sem a necessidade do cartão físico.

Além disso, há o cartão Octopus, criado em 1997 para facilitar o transporte público em Hong Kong, que hoje paga praticamente tudo, desde máquinas de venda até parquímetros.

Em Shenzhen, uma vila de pescadores até 1980, visitantes têm como atrativo shows de drones que batem recordes mundiais, com quase 12 mil aparelhos voando em sincronia.

Tokyo-Yokohama

Shibuya, Tóquio - Japão

Shibuya, Tóquio - Japão (Noriko Hayashi/Bloomberg)

O cluster japonês fica com o segundo lugar e responde por mais de 10% das patentes internacionais globais. Por lá, a inovação é prática e pensada para resolver problemas reais.

Cartões de transporte funcionam em máquinas de venda, sensores de inteligência artificial gerenciam o autoatendimento em lojas de conveniência, e o dinheiro físico virou quase uma relíquia do passado.

Outros exemplos incluem alguns hotéis em que robôs fazem o check-in dos hóspedes, além da linha de trem sem motorista Yurikamome, que conta com precisão cirúrgica.

San Jose-San Francisco

San Jose, California

O Vale do Silício não lidera à toa em capital de risco — cerca de 7% das negociações globais acontecem ali. A região tem a maior densidade de inovação por habitante do mundo e funciona como um laboratório vivo, onde empreendedores, startups e gigantes da tecnologia convivem lado a lado.

Carros autônomos da Waymo já rodam pelas ruas como se fossem táxis comuns, e serviços como Uber e Lyft nasceram ali antes de se espalharem pelo planeta.

Além disso, quem visita a região brinca sobre ter a sensação de estar alguns meses à frente do resto do mundo, já que o que é lançado por lá em outubro, muitas vezes só chega a outros países no ano seguinte.

Pequim

Pequim, China (Albert Canite /Unsplash)

A capital chinesa se destaca como líder em produção científica, contribuindo com 4% dos artigos publicados globalmente. Por lá, aplicativos como Alipay e WeChat — conhecidos como "super apps" — integram pagamento por QR code, pedidos de comida, tradução e uma infinidade de outros serviços em um único lugar.

Entretanto, o que mais chama atenção são os robotáxis da Baidu, que operam sem volante e oferecem uma experiência futurista. Lá, a inteligência artificial está tão incorporada aos serviços cotidianos que acaba tornando a experiência fluida e quase natural.

Seul

Seul responde por 5,4% das patentes globais e é o segundo maior polo de capital de risco na Ásia, atrás apenas de San Francisco.

Na Coreia do Sul, a inovação é impulsionada por uma necessidade real, já que, com poucos recursos naturais, o país aposta na tecnologia como forma de competir globalmente.

Portas de casas abrem com códigos digitais, sistemas de pagamento sem dinheiro permitem sair de casa apenas com o celular, e lojas de conveniência funcionam sem caixas, com sistemas de IA gerenciando estoques e prevenindo furtos.

Vale destacar que visitantes podem andar de ônibus elétricos autônomos ao longo do Cheongyecheon Stream, misturando tecnologia com sustentabilidade.

Brasil no ranking: São Paulo como única representante

O Brasil entra no ranking com apenas um cluster entre os 100 principais. É o caso de São Paulo, que ocupa a 49ª posição.

A capital é a recém-chegada ao top 50 e foi, até a entrada da Cidade do México na 79ª colocação, o único cluster da América Latina na lista.

O principal candidato em patentes no cluster paulista é a Braskem, enquanto a Universidade de São Paulo lidera como organização de inovação.

Além da capital paulista, o país possui outros dois clusters no ranking estendido: Rio de Janeiro e Porto Alegre. As cidades não entraram no top 100, mas apresentam atividade considerável em ciência, tecnologia e financiamento de inovação.

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