Jair Bolsonaro com Donald Trump: o presidente brasileiro reluta em reconhecer a derrota eleitoral de seu aliado (Alan Santos/PR/Divulgação)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 7 de julho de 2025 às 15h13.
Rio de Janeiro - Após a vitória de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, em 2024, familiares e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro passaram a buscar apoio do republicano, para pressionar o Brasil e seu sistema judiciário a eliminar os processos contra o ex-presidente brasileiro.
Entre os pedidos, há uma demanda para que os EUA apliquem sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal, especialmente Alexandre de Moraes.
A corte julga processos contra Bolsonaro, pela acusação de tentar organizar um golpe de Estado para permanecer no poder após perder as eleições de 2022, vencidas por Lula.
Bolsonaro diz ser inocente das acusações. Ele questionou o resultado das urnas quando perdeu a eleição, sem apresentar provas. Trump agiu de modo semelhante ao perder a disputa de 2020 nos EUA.
A medida mais comum que os EUA tomam contra governos que agem de modo considerado errado por Washington é aplicar sanções.
Pessoas e entidades que sejam alvo de sanções não podem viajar aos EUA e podem ter seus negócios e propriedades no país bloqueados. Além disso, empresas que fizerem negócios com elas também podem ser punidas.
As sanções podem ter vários graus e formatos, e podem atingir de pessoas até empresas, órgãos de governo ou países inteiros.
Nos últimos anos, o governo americano aplicou sanções contra integrantes de diversos governos estrangeiros, como Irã, Venezuela e Rússia, que acabaram excluídos de boa parte do comércio internacional, o que ajudou a agravar crises econômicas locais.
Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China, e em um cenário extremo, no qual empresas do país deixassem de negociar com os EUA, traria grandes prejuízos ao Brasil.
Além das sanções, Trump tem usado a ameaça de aplicar tarifas de importação como forma de pressionar outros governos. Em janeiro, por exemplo, ele disse que imporia taxas sobre a Colômbia caso o presidente Gustavo Petro não aceitasse receber imigrantes deportados. Petro cedeu após a pressão.
Neste final de semana, o presidente dos EUA ameaçou integrantes do Brics e outros países com uma tarifa extra de 10% caso eles se alinhem às "políticas antiamericanas" — segundo sua avaliação — do bloco.
O pronunciamento ocorreu após a declaração final da reunião de cúpula do grupo — formado por Brasil, Rússia, Índia, China, Emirados Árabes, África do Sul, Indonésia, Etiópia, Irã, Egito e Arábia Saudita — que está sendo realizada no Rio de Janeiro.
No documento, divulgado na tarde de domingo, os países criticaram as políticas tarifárias, afirmando se tratar de uma 'proliferação de ações restritivas ao comércio'. Na declaração, os Estados Unidos não são mencionados diretamente.
"Expressamos sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio", afirmou o bloco.
Após isso, nesta segunda-feira, 7, Trump elevou o tom. Postou uma mensagem de apoio a Bolsonaro em sua rede social, Truth Social, e chamou os processos legais contra ele no Brasil de "caça às bruxas". A resposta do governo brasileiro veio minutos depois:
"A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito", diz nota assinada por Lula.