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Como Paris usa o rio Sena para refrescar monumentos

Paris quer expandir sua desconhecida rede de "frio urbano", graças à água do Sena, que permite manter alguns de seus monumentos a uma boa temperatura e evitar o uso de ar-condicionado

Paris: a água do Sena permite, em parte, que o Museu do Louvre, a Assembleia Nacional, ou os estúdios da Rádio France, sejam mantidos em temperatura fresca (Quentin BOULEZAZ / AFP/AFP)

Paris: a água do Sena permite, em parte, que o Museu do Louvre, a Assembleia Nacional, ou os estúdios da Rádio France, sejam mantidos em temperatura fresca (Quentin BOULEZAZ / AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 17 de julho de 2022 às 12h33.

Última atualização em 18 de julho de 2022 às 08h35.

Ante ondas de calor cada vez mais frequentes, Paris quer expandir sua desconhecida rede de "frio urbano", graças à água de seu rio, o Sena, que permite manter alguns de seus monumentos a uma boa temperatura e evitar o uso de ar-condicionado. 

Há 20 anos, em torno de 89 quilômetros de tubos de água a 4°C correm sob os pés dos parisienses para manter frescos vários dos lugares mais emblemáticos da capital, como o Museu do Louvre, ou a Assembleia Nacional, a Câmara baixa do Parlamento.

A capital francesa pretende se tornar "a maior rede de refrigeração do mundo" até 2040.

Segundo Dan Lert, assistente da prefeitura de Paris responsável pela água, espera-se que, até 2042, "todos os bairros" estejam integrados a esse sistema. E, no futuro, esta "rede de frio" será utilizada em todos os hospitais parisienses, em algumas escolas e nas estações de metro.

Não muito longe do rio, uma discreta escada em espiral leva a uma estação de refrigeração de água a 40 metros de profundidade. O lugar é um labirinto de bombas e tubulações verdes, azuis e cinzas.

Em um dos quatro níveis desta estação, inaugurada em 2008, filtra-se a água do Sena. Ela então desce por vários tubos, separada, por uma parede, do circuito fechado de refrigeração. No andar de baixo, uma bomba pressuriza uma unidade de refrigeração para resfriar a água, injetando-a no circuito subterrâneo.

- Museus, centros comerciais e hotéis -

O sistema funciona de forma quase autônoma, controlado por dois técnicos, a distância, de uma estação central.

Diferentemente do sistema de calefação urbana em Paris, a refrigeração da água não se destina ao uso residencial, ou privado, mas, principalmente, aos shopping centers.

"Nossos clientes são edifícios e escritórios, shopping centers, museus, instituições, ou mesmo hotéis", resume o diretor do projeto Fraîcheur de Paris, Benoit Reydellet.

A água do Sena permite, em parte, que o Museu do Louvre, a Assembleia Nacional, ou os estúdios da Rádio France, sejam mantidos em temperatura fresca.

O sistema funciona o ano todo, já que as grandes lojas, ou museus, precisam controlar o nível de umidade do ambiente.

No inverno, a planta pode usar o sistema de "free cooling", que permite produzir frio sem consumir eletricidade, colocando "a água do Sena diretamente em contato com a água da rede", explica Reydellet.

Os clientes pagam € 137 por megawatt-hora de refrigeração.

Segundo Reydellet, “é bastante caro, mas muito mais ético do que o frio produzido por instalações autônomas”, como ar-condicionado.

Já a água utilizada, aquecida pela central elétrica que extrai o frio, acaba voltando para o rio através de quatro canais de drenagem.

Os poucos graus de diferença com a temperatura ambiente "não têm impacto na fauna e na flora" do Sena, diz Reydellet.

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