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Como os pagers explodiram no Líbano? Sobrecarga de bateria é hipótese

Ataque a membros do Hezbollah deixou ao menos oito mortos nesta terça-feira

Ambulância leva ferido por explosão de pager em Beirute (Anwar Amro/AFP)

Ambulância leva ferido por explosão de pager em Beirute (Anwar Amro/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 17 de setembro de 2024 às 15h30.

Última atualização em 17 de setembro de 2024 às 16h45.

Um ataque fora do comum realizado no Líbano chamou a atenção nesta terça, 17. Centenas de pagers explodiram e deixaram ao menos nove mortos e 2.800 feridos, segundo o governo do país.

Estes aparelhos ganharam espaço nos anos 1990 e servem para receber mensagens de texto curtas. Eles funcionam sem conexão à internet e podem receber as notificações apenas pela rede de telefonia, o que dificulta rastreamentos. Isso fez com que membros do Hezbollah, um grupo baseado no Líbano que luta contra Israel, adotasse o equipamento para tentar evitar ser alvo de espionagem.

Os pagers explodiram enquanto estavam sendo usados pelos libaneses, o que aumentou os danos aos rostos e às mãos. Segundo o jornal The New York Times, os equipamentos dispararam bipes antes de explodir, o que fez muita gente pegar os aparelhos e olhar para eles bem na hora em que os itens foram detonados.

Ainda não está claro como as explosões foram detonadas. Elas começaram por volta das 15h30 na hora local e as ocorrências se estenderam em torno de uma hora. Um membro do Hezbollah disse à agência Associated Press, sob anonimato, que os aparelhos usados pelo grupo primeiro esquentaram antes de explodir ou pegar fogo.

Com isso, uma das explicações para a explosão, de acordo com o site libanês LBC, é que houve um ataque ao servidor que envia mensagens aos pagers. Os aparelhos então teriam recebido uma mensagem com um script de programação que pode ter gerado uma sobrecarga de processamento, que levou ao superaquecimento e explosão da bateria.

O ministro das Telecomunicações do Líbano, Johanny Corn, afirmou que seu departamento ainda não reuniu informações suficientes sobre o que aconteceu.

Ele disse que as baterias dos pagers esquentaram e que algumas pessoas “sentiram (o aumento da) temperatura do aparelho e o jogaram fora” antes que explodisse. “Talvez tenha sido ativado remotamente, mas não sabemos como."

Corn disse que ainda que os pagers que explodiram faziam parte de um novo lote que chegou recentemente ao país. “Precisamos saber como e quando essa remessa de dispositivos entrou no Líbano, a que empresa pertence, quem é o proprietário deles. Precisamos ter mais detalhes para saber como esse dispositivo funciona e como ele entrou no Líbano”, disse o ministro.

O Hezbollah disse que os novos modelos de pagers, adquiridos recentemente, tinham baterias de lítio, que podem soltar fumaça, derreter ou pegar fogo se forem superaquecidas.

Autoria do ataque com pagers

O Hezbollah e o governo do Líbano culparam Israel pelo ataque aos pagers. O governo israelense não se pronunciou sobre a acusação, mas alertou que o conflito com o Hezbollah pode escalar nas próximas horas por conta das explosões.

O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, disse que os Estados Unidos não tem envolvimento no ataque e que o governo americano está buscando reunir informações sobre o ocorrido.

Com EFE.

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