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Como os EUA localizaram e eliminaram Osama Bin Laden

Pistas de prisioneiros de Guantánamo, imagens de satélite e até maquetes eletrônicas foram usadas para montar a operação

Osama Bin Laden foi encontrado mais de nove anos e meio após os ataques de 2011, contra as Torres Gêmeas em Nova York (Reuters)

Osama Bin Laden foi encontrado mais de nove anos e meio após os ataques de 2011, contra as Torres Gêmeas em Nova York (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2011 às 20h53.

São Paulo - A caçada durou dez anos, e as forças especiais dos Estados Unidos precisaram de 40 minutos para eliminar Osama bin Laden, principal estrategista da organização terrorista Al Qaeda, inimigo público número um dos americanos. Ao contrário do que sempre se imaginou, o terrorista mais procurado do mundo não estava escondido em cavernas de alguma região inóspita do Afeganistão. Desfrutava de todo o conforto de uma casa avaliada em um milhão de dólares, construída especialmente para abrigá-lo no coração do Paquistão. Justamente essa casa, com todas as suas configurações especiais, que colocou os agentes americanos na pista certa do terrorista.

O início da fase mais quente da caçada a bin Laden remonta a 2007, quando a Agência de Inteligência Americana, a CIA, conseguiu identificar um dos principais mensageiros do terrorista. De acordo com o jornal inglês Guardian, a CIA conseguiu o 'nome de guerra' do homem de confiança de Bin Laden com um detento em Guantánamo, preso durante o 11 de setembro. Esse mensageiro foi descrito como protegido de Khalid Sheikh Mohammed — arquiteto dos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono em 2001 — e um dos poucos em quem bin Laden confiava. O mensageiro só foi identificado quatro anos atrás. Seu nome ainda não foi revelado.

A partir dessa informação a CIA começou a rastrear as informações do mensageiro e em 2009 descobriu a região onde ele e e o irmão viviam, no Paquistão. Em agosto de 2010, os agentes conseguiram a localidade exata: um casarão em Abbottabad, uma cidade a 56 quilômetros ao norte de Islamabad, capital daquele país. Os agentes americanos logo perceberam que estavam no caminho certo. A casa apontada pelas fontes era incomum.

A propriedade - Construído em 2005, o último refúgio de bin Laden era uma fortaleza de três andares no subúrbio de Abbottabad, no fim de uma rua de terra, rodeada de casinhas menores. De acordo com a rede americana ABC, a propriedade avaliada em 1 milhão de dólares é oito vezes maior que as construções próximas e possui muros altos, entre 3,6 e 5,5 metros de altura, equipados com arame farpado e dois portões de segurança. Isso chamou a atenção dos agentes da CIA, que decidiram monitarar o ponto. Veio então uma nova surpresa.

Apesar de ser desproporcionalmente maior que as casas em volta, com alto valor de mercado - o que indicaria ali a presença de moradores ricos -, o local não possuía linhas de telefone ou ligações de internet que pudessem ser grampeadas. Além disso, os indivíduos que moravam na mansão eram tão preocupados com segurança que o lixo era queimado, em lugar de ser colocado em sacos para recolhimento, como é o costume local. De acordo com oficiais do governo americano, a fortaleza foi construída especialmente para receber um hóspede do calibre de Bin Laden.

Tecnologia - Levantadas as suspeitas, as informações detalhadas sobre a estrutura e rotina da casa foram conseguidas graças às ferramentas de alta tecnologia disponíveis à CIA. Os americanos construiram uma maquete virtual da mansão a partir de imagens de satélite estudaram os mínimos detalhes da construção antes de deflagrar a operação. Na casa viviam, entre outras pessoas, o mensageiro, o irmão, o terrorista bin Laden, uma de suas esposas e um de seus filhos.

A partir dessas imagens a CIA descobriu que a casa havia sido construída de modo a dificultar o acesso por terra, com a inclusão de passagens que davam um aspecto de labirinto aos primeiros níveis da fortaleza. Em fevereiro a agência tinha confiança de que se tratava do esconderijo de bin Laden. A partir daí, o presidente Barack Obama passou a ter uma série de reuniões com o alto escalão da defesa dos EUA. Na última delas, no dia 29 de abril, enquanto o mundo assistia deslumbrado ao casamento real na Inglaterra, Obama deu a ordem para montar a operação deflagrada no domingo.

A operação - À 1h15, horário local de Abbottabad (17h15 no horário de Brasília), os moradores perceberam que algo estava acontecendo. Um morador utilizou o Twitter para dizer: "Helicópteros sobrevoando Abbotabad à 1 da manhã". Minutos depois, completou: "Grande explosão de janela aqui em Abbottabad. Espero que não seja o início de algo ruim".

O governo americano designou quatro helicópteros, carregando fuzileiros navais de elite chamados informalmente de "Team six", uma unidade especializada no combate a terroristas. A operação foi comandada pelo diretor da CIA, Leon Panetta, que acompanhava todos os acontecimentos a partir do centro de comando em Langley, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos.

Os helicópteros partiram da base aérea de Ghazi, que fica no noroeste do Paquistão. Atiradores no telhado da mansão abriram fogo com lançadores de granadas quando as aeronaves se aproximavam para a invasão da mansão. Um dos helicópteros, possivelmente atingido, teve que efetuar um pouso de emergência. Testemunhas disseram ter ouvido dois estrondos seguidos de uma grande explosão.

De acordo com o site da revista Time, 24 agentes do Team Six e da CIA, transportados por dois helicópteros, invadiram a mansão. Outros dois aparelhos aguardavam próximos dali, em reserva técnica, caso fosse necessário pedir reforço. Osama bin Laden recebeu um tiro na cabeça e morreu na hora. Um dos filhos de bin Laden, o mensageiro, o irmão e uma mulher que foi usada como escudo humano por um dos homens, também foram mortos. Mais tarde, John Brennan, principal assessor anti-terror do presidente Obama, afirmou que o próprio bin Laden teria usado a mulher como escudo.

Antes de partir, os agentes americanos colocaram explosivos no helicóptero danificado. A aeronave foi completamente destruída. Em seguida, a tripulação embarcou nos outros helicópteros e deixou o local levando o corpo de Bin Laden. A operação levou 40 minutos. Bon Laden foi sepultado no mar.

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