Mundo

Como os EUA jogaram U$ 60 bi fora no Iraque e no Afeganistão

Relatório elaborado pelo Congresso norte-americano mostra que a má gestão e as fraudes fizeram o país desperdiçar seus recursos na guerra contra o terror

Soldados norte-americanos se exercitam em base nas montanhas afegãs: operações no país e no Iraque tiveram mais de 120 casos de corrupção (Getty Images)

Soldados norte-americanos se exercitam em base nas montanhas afegãs: operações no país e no Iraque tiveram mais de 120 casos de corrupção (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2011 às 08h00.

São Paulo – A máquina de guerra dos Estados Unidos contra o terrorismo na última década aparentemente teve outra função além do combate: jogar dinheiro fora. Estudo elaborado por uma comissão do Congresso norte-americano mostra que o país gastou quase 60 bilhões de dólares em contratos para ações no Iraque e no Afeganistão que tiveram pouco ou nenhum resultado efetivo.

A intervenção dos EUA nos dois países, principalmente no Afeganistão, foi uma reação ao atentado às Torres Gêmeas do dia 11 de setembro de 2001. A autoria dos ataques foi reivindicada pelo grupo terrorista Al Qaeda, liderado por Osama bin Laden. O principal inimigo dos norte-americanos comandava ações da Al Qaeda no território afegão, onde ficou escondido durante anos. 

A Comissão para Contratos de Guerra no Iraque e no Afeganistão foi criada pelo governo Obama dez anos depois da maior tragédia da história dos EUA. A equipe teve a tarefa de apurar os gastos norte-americanos nestes dois países durante a caça à Al Qaeda e a seu líder. A princípio, os tais contratos seriam firmados com grupos locais para ajudar as equipes militares norte-americanas em operações bem específicas. Na prática, eles se tornaram um verdadeiro ralo escoando dinheiro público.

Segundo o relatório da comissão, o desperdício teve duas causas principais. Uma delas foi a falta de planejamento. O governo da época, liderado pelo presidente George W. Bush, “tentou fazer muita coisa e encarou os contratos como um recurso ilimitado”, diz o documento. As lideranças militares também “falharam em adaptar os planos e as responsabilidades dos norte-americanos às características culturais, políticas e econômicas de Iraque e Afeganistão”.


A partir de 2002 o governo dos EUA deu mostras claras de que estava disposto a gastar o quanto fosse preciso, mesmo que o retorno fosse quase nulo. Em oito anos o país gastou mais de 35 bilhões de dólares para treinar as Forças Nacionais de Segurança do Afeganistão. O governo construiu mais hospitais no Iraque do que o Ministério da Saúde daquele país conseguia administrar.

Outra razão que contribuiu para que os EUA praticamente queimassem dinheiro no combate ao terror, segundo a comissão do Congresso, foi a corrupção. De acordo com o estudo, a entrada maciça de recursos no Iraque e no Afeganistão estimulou esquemas de fraudes nos contratos de guerra.

Principalmente no começo dos conflitos, em 2002, não havia uma fiscalização efetiva dos contratos por parte do governo norte-americano. Este cenário deu margem a fraudes como “subornos, gratificações, propinas, produtos não entregues, defeituosos ou falsificados, cobranças indevidas”, dentre outras.

Ao analisar os contratos, a comissão identificou 124 casos de corrupção pública, 91 aquisições fraudulentas, 28 casos de roubo de tecnologia, dentre outras ocorrências.

“A corrupção prejudicou os programas, desviou dinheiro e minou a confiança da população no dever que o governo tem de gastar com sabedoria o dinheiro do contribuinte”, aponta o relatório.

Acompanhe tudo sobre:Al QaedaEstados Unidos (EUA)GuerrasIslamismoOsama bin LadenPaíses ricosPolíticosTerrorismo

Mais de Mundo

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA

Eleições no Uruguai: 5 curiosidades sobre o país que vai às urnas no domingo

Quais países têm salário mínimo? Veja quanto cada país paga