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Como o governo de Xi promoveu a perda de liberdades na China

Desde 2012, com a chegada do presidente ao poder, o país tem experimentado uma maior supressão de direitos

China: a internet foi um dos principais alvos do regime (Jason Lee/Reuters)

China: a internet foi um dos principais alvos do regime (Jason Lee/Reuters)

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AFP

Publicado em 18 de outubro de 2017 às 14h51.

Em nome da estabilidade do regime, a China sofreu com a perda de liberdades desde a chegada do presidente Xi Jinping ao poder, em 2012, com o controle reforçado da Internet, das religiões e dos ativistas dos direitos humanos.

Confira abaixo os quatro setores mais afetados nos últimos anos:

 Internet

As autoridades impõem, há muito tempo, um estrito controle da Internet. Apagam artigos, ou comentários, considerados problemáticos e impedem o acesso a algumas páginas estrangeiras - Instagram, Facebook, YouTube, Twitter, Dailymotion, Google.

Em junho de 2017, uma lei sobre cibersegurança reforçou o arsenal. Com o objetivo de proteger as redes chinesas, ela impõe novos limites à liberdade de expressão e obriga as empresas a armazenarem dados de seus usuários na China.

O regime também fechou blogs de informação sobre celebridades. Plataformas de difusão de vídeos em streaming tiveram de apagar conteúdos que não concordassem "com os critérios políticos e estéticos corretos" - sobretudo, relacionados a adultério, drogas e pornografia.

Antes do congresso do Partido Comunista da China (PCC), o governo começou a bloquear "as redes privadas virtuais" (VPN), ou seja, programas que permitem escapar do bloqueio de sites e que, até então, poderiam ser baixados facilmente.

Advogados

Em um ataque de alcance inédito lançado em julho de 2015, a Polícia deteve e interrogou mais de 200 advogados e ativistas de direitos humanos.

Os advogados detidos tinham defendido militantes pró-democracia, membros da seita proibida Falun Gong e dissidentes.

Quase todos os detidos foram liberados, mas alguns foram condenados a penas de até sete anos de prisão.

A Justiça está submetida a autoridades políticas, e o poder dos advogados no país é muito reduzido.

Dissidentes

O dissidente chinês Liu Xiaobo, de 61, Nobel da Paz em 2010, morreu de um câncer em julho, enquanto estava preso, apesar de pedidos internacionais para que fosse autorizado a receber tratamento no exterior.

Seu falecimento enterrou as esperanças de militantes pró-democracia. Sua mulher, a poeta Liu Xia, está em prisão domiciliar há sete anos.

As organizações de defesa dos direitos humanos criticam uma lei de 2015 sobre Segurança Nacional, por temor de que dê poderes ilimitados à Polícia.

Em Hong Kong, território autônomo no sul do país, o desaparecimento de editores que publicaram obras sobre dirigentes chineses gera temores de que Pequim esteja influenciando assuntos locais.

Religião

O medo do surgimento de um islamismo armado na região de Xinjiang (noroeste), cenário de atentados violentos, levou as autoridades a imporem novas restrições à prática do Islã.

A partir deste ano, o véu completo e as barbas consideradas "anormais" estão proibidos. Em 2018, colégios religiosos serão submetidos a condições mais rígidas.

Autoridades locais tinham imposto restrições à expedição de passaportes, além de desestimularem a educação religiosa e o jejum durante o mês do Ramadã por parte de funcionários públicos e de estudantes.

Os monges budistas nas regiões povoadas por tibetanos também são alvo de vigilância e precisam de uma permissão especial para se deslocarem pelo país.

Registrou-se, porém, uma aproximação com o Vaticano, após anos de oposição frontal à nomeação de bispos católicos.

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