(Laurie Chamberlain/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 6 de setembro de 2025 às 11h57.
O Vaticano vai reconhecer, neste domingo, 7, Carlo Acutis, conhecido como “padroeiro da internet” e o “Influenciador de Deus”, como o primeiro santo millennial.
A cerimônia está marcada para as 5h (horário de Brasília), na Praça de São Pedro, e será presidida pelo papa Leão XIV — esse será o primeiro rito de canonização conduzido pelo pontífice, eleito em maio, após a morte de Francisco.
Acutis morreu em 12 de outubro de 2006, aos 15 anos, vítima de leucemia. Nascido em Londres em 1991, foi criado em Milão e desde cedo se destacou tanto pelo fervor religioso quanto pelo interesse em tecnologia.
Ele desenvolveu um site dedicado à catalogação de milagres e usava a internet como ferramenta de evangelização.
Ele passou a ser apontado como santo após o reconhecimento de dois milagres atribuídos ao adolescente.
O primeiro ocorreu em 2010, em Campo Grande (MS), quando uma criança com uma doença congênita foi curada após tocar uma relíquia do jovem.
O segundo, reconhecido no ano passado, envolveu a recuperação de uma estudante da Costa Rica que sofreu uma lesão cerebral após um acidente.
Canonizar significa incluir o nome de um fiel já falecido no cânon (isto é, no catálogo) dos santos oficiais da Igreja Católica.
O processo define quem são as pessoas santificadas reconhecidas pela Santa Sé. Antes de se tornar santo, porém, é preciso ser reconhecido como beato.
A diferença é que um beato tem um milagre atribuído a si, enquanto o santo tem dois feitos milagrosos reconhecidos pelo Papa.
O processo de canonização começa na diocese onde viveu a pessoa considerada santa. O bispo local, por iniciativa própria ou a pedido de fiéis, abre uma investigação sobre a vida, as virtudes, o martírio ou a oferta de vida dessa pessoa.
Também se examinam milagres atribuídos a ela e, se necessário, a antiguidade do culto. Nessa fase inicial, a pessoa passa a ser chamada de “Servo de Deus”.
O clérigo responsável pela investigação deve, então, recolher documentos, escritos e testemunhos sobre a vida do fiel.
O conteúdo será analisado por teólogos para garantir que não haja nada contra a fé ou a moral cristã. Se tudo estiver em ordem, o bispo autoriza o interrogatório de testemunhas.
O processo avalia separadamente o martírio, as virtudes e os milagres atribuídos. Então, todo o material é enviado a Roma, à Congregação para a Causa dos Santos.
Segundo o Vaticano, um milagre é uma cura inexplicável à luz da ciência e da medicina. Deve ser uma cura perfeita, duradoura e que ocorra rapidamente, em geral de um a dois dias.
Além disso, os milagres precisam provar sua autoria divina. Para isso, a Igreja consulta clérigos e teólogos, mas também médicos ou cientistas de outras religiões e ateus.
Para avançar à beatificação ou a canonização, é preciso comprovar um milagre obtido pela intercessão do candidato.
Uma vez confirmado o milagre, o papa emite um decreto e a cerimônia de beatificação pode ser celebrada. Normalmente, é o próprio pontífice ou um delegado quem celebrará a missa solene. Se, após a beatificação, for reconhecido um segundo milagre, o papa pode declarar a pessoa santa.