A estudante e ativista Elin Ersson: passageira conseguiu apoio de viajantes (Facebook/Reprodução)
Maurício Grego
Publicado em 25 de julho de 2018 às 12h20.
Última atualização em 25 de julho de 2018 às 12h28.
São Paulo – Em meio a tensões que pairam sobre a Europa em torno de políticas pró e anti-migratórias, uma cena bastante atípica tomou conta de um avião no aeroporto de Gotemburgo, na Suécia, com destino à Turquia, na última segunda-feira (23).
Ciente de que um imigrante afegão em seu voo seria deportado para seu país de origem, a estudante e ativista Elin Ersson levantou-se e iniciou uma transmissão de vídeo ao vivo em seu Facebook, alegando que só se sentaria novamente quando o passageiro fosse retirado da aeronave.
“Eu não quero que a vida de um homem seja tirada apenas porque vocês não querem perder o voo de vocês. Eu não vou sentar enquanto essa pessoa não for retirada do avião”, disse a jovem, visivelmente emocionada, argumentando que ninguém tem o direito de “enviar uma pessoa ao inferno”.
A intervenção de Elin rendeu centenas de milhares de visualizações nas redes sociais e surtiu efeito. Inicialmente, um passageiro irritado com a jovem chegou a tentar tomar o celular de suas mãos, sem sucesso. Mas, com o passar do tempo, outros viajantes passaram a apoiá-la e, inclusive, levantar de seus lugares. Após 15 minutos rejeitando os pedidos da tripulação para que se sentasse, a estudante conseguiu desembarcar - sob aplausos - acompanhada pelo imigrante e três seguranças.
Embora tenha pego todos de surpresa, a iniciativa da jovem foi premeditada. Segundo o jornal britânico The Guardian, ela comprou o bilhete aéreo depois que um grupo de ativistas pró asilo do qual faz parte descobriu que um imigrante a bordo seria obrigado a deixar o país.
As eleições na Suécia se aproximam, e a política migratória é um tema que tem sido calorosamente discutido pela população. Apesar do histórico progressista e do acolhimento a milhares de refugiados nos últimos anos, o país tem visto florescer diversos movimentos de extrema direita, alguns deles liderados, inclusive, por supremacistas brancos.
Apesar do esforço de Elin, o destino do imigrante “resgatado” segue incerto. Segundo veículos locais, é provável que ele ainda seja (ou já tenha sido) deportado. Confira, a seguir, o vídeo gravado por ela: