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Roubo no Louvre de 7 minutos levou joias da coroa, diamantes e teve fuga de cinema

Museu foi fechado neste domingo após criminosos usarem elevador mecânico para acessar a Galeria de Apolo e fugir com nove joias históricas da Coroa Francesa.

A Galeria de Apollon, no Louvre, foi alvo de ladrões neste domingo, 19, que levaram peças históricas de Luís XIV, Napoleão Bonaparte e Napoleão III (Getty Images).

A Galeria de Apollon, no Louvre, foi alvo de ladrões neste domingo, 19, que levaram peças históricas de Luís XIV, Napoleão Bonaparte e Napoleão III (Getty Images).

Ana Dayse
Ana Dayse

Colaboradora

Publicado em 19 de outubro de 2025 às 11h38.

Última atualização em 19 de outubro de 2025 às 13h00.

Segundo o Ministério do Interior da França, três a quatro ladrões invadiram a Galerie d’Apollon do Museu do Louvre neste domingo, 19, por volta das 9h30 (horário local), utilizando um elevador mecânico acoplado a um caminhão. O grupo quebrou uma janela com uma serra circular, arrombou duas vitrines e fugiu de moto levando joias de valor “incalculável” pertencentes à coleção da Coroa Francesa.

Como foi o assalto no Galerie d’Apollon?

Fontes policiais e declarações oficiais apontam que a ação foi preparada: o modus operandi — uso de equipamento para alcançar o primeiro andar, entrada célere e fuga em motocicletas — indica reconhecimento prévio da área, identificação de rotas de acesso e fuga, e escolha de horário com fluxo de público ainda em abertura.

Investigadores destacam que equipes que executam crimes desse tipo costumam mapear câmeras, turnos de segurança e obras no entorno antes de agir.

09h20–09h30: aproximação e posicionamento do equipamento

Pouco antes das 9h30, horário do roubo no Louvre, um veículo utilitário com uma cesta elevatória ou plataforma foi posicionado junto à fachada do Louvre voltada para o Rio Sena. Imagens e relatos da cena mostram o equipamento encostado na varanda do segundo nível, o que permitiu aos assaltantes alcançar uma janela sem passar por entradas principais.

A presença do elevador sugere coordenação logística e acesso a um caminhão de grande porte, possivelmente dissimulado como veículo de manutenção ou mudança.

09h30: entrada pela janela da Galerie d’Apollon

Por volta das 9h30, quando o museu já abria ao público, dois a quatro indivíduos subiram na cesta, alcançaram a janela do primeiro andar e forçaram a abertura.

Autoridades informaram que foi usado um cortador de disco ou serra portátil para romper o vidro externo ou a armação da janela — técnica rápida que minimiza ruído visível ao público. O acesso por janela permitiu contornar portas e pontos de controle internos.

09h32–09h36: ataque às vitrines e retirada das peças

Já dentro da Galerie d’Apollon, os assaltantes dirigiram-se às vitrines que guardam as joias da Coroa Francesa. Em questão de minutos (autoridades citam entre 4 e 7 minutos para toda a operação) abriram duas ou mais vitrines e retiraram uma série de peças históricas.

A imprensa francesa indica que nove itens foram levados; a lista definitiva depende do inventário pericial em curso.

A rapidez e a sequência da ação indicam prática em lidar com vidro de exposição e engastes — os assaltantes escolheram peças facilmente manuseáveis para fuga rápida.

09h36–09h40: fuga planejada e rota de escape

Com os objetos em mãos, os criminosos desceram novamente pela cesta ou pela mesma rota de acesso, voltaram ao caminhão, abandonaram o veículo ou já tinham um segundo apoio e deixaram a área em scooters/motocicletas, desaparecendo rapidamente pelas vias laterais da margem do Sena.

O uso de motos reduz tempo de evacuação e facilita dispersão em becos e vias estreitas — tática comum em roubos urbanos organizados.

Imediatamente após o crime 

Funcionários e visitantes perceberam a perturbação; parte do público foi evacuado. A ministra da Cultura relatou que uma peça foi encontrada abandonada nos arredores, entregando às equipes forenses um ponto de partida para rastreamento.

O museu foi fechado “por razões excepcionais” e perícia científica começou a recolher vestígios: impressões, imagens de CCTV, fragmentos de vidro, resíduos das ferramentas e possíveis fibras ou DNA.

Quais são as joias que podem ter sumido?

O roubo aconteceu na Galeria de Apolo, no Louvre, onde ficam expostos os remanescentes das joias da monarquia francesa, como peças dos tempos de Luís XIV, Napoleão Bonaparte e Napoleão III. Entre os tesouros da coleção estão os diamantes Regent, Sancy e Hortensia, além de coroas e adornos imperiais.

Autoridades francesas ainda avaliam quais dessas peças foram levadas. O ministro do Interior, Laurent Nuñez, classificou o roubo no museu do Louvre como “um ataque à herança cultural da França”. Ele prometeu uma caçada rápida aos responsáveis: “Esperamos localizar os ladrões e as joias muito em breve”.

Confira as principais joias que ficavam na sala:

  • Coroa da Imperatriz Eugénie;
  • Diamante Regent;
  • Diamante Hortensia;
  • Diamante Sancy.

Coroa da Imperatriz Eugénie

Produzida na metade do século XIX para Eugénie de Montijo, esposa de Napoleão III, a coroa é uma das peças mais emblemáticas do Segundo Império Francês. Feita em ouro e cravejada de diamantes e esmeraldas, foi desenhada para representar a elegância, o poder e a modernidade da corte imperial.

De acordo com as informações da imprensa francesa, essa coroa foi encontrada danificada nas proximidades do Louvre, o que levanta a hipótese de que tenha sido abandonada pelos ladrões durante a fuga após o roubo.

Coroa de Eugénie de Montijo, esposa de Napoleão III, em exibição em 2020, no Louvre (Getty Images). (Getty Images)

Diamante Regent

Descoberto em 1698 nas minas indianas de Golconda, o Regent é um dos diamantes mais célebres do mundo. Após lapidação em Londres, resultou em uma pedra de 140 quilates, considerada “de primeira água” pela transparência e brilho incomparáveis.

Adquirido pelo duque Philippe d’Orléans, regente da França, em 1717, o Regent foi usado em coroas reais e, mais tarde, na espada de Napoleão Bonaparte. O diamante exposto no museu do Louvre tornou-se símbolo máximo da realeza francesa e sobreviveu à Revolução e às vendas das joias da coroa em 1887. Até hoje, é considerado um ícone da excelência lapidária e do poder monárquico francês.

Diamante Hortensia

Menor, mas de beleza singular, o Hortensia pesa cerca de 20 quilates e exibe uma rara coloração rosada-alaranjada. Adquirido por Luís XIV em 1643, o diamante recebeu esse nome em homenagem à rainha Hortense, mãe de Napoleão III.

A pedra foi usada por Napoleão Bonaparte também pela imperatriz Eugénie, e sobreviveu à Revolução Francesa e ao roubo de 1792, tornando-se uma das poucas gemas reais que mantiveram integridade e registro histórico intactos. Hoje, representa o refinamento da lapidação do século XVII e a longevidade do legado imperial francês.

Diamante Sancy

Com 55 quilates e um tom amarelo-palha, o Sancy tem uma história marcada por intrigas e trocas entre monarquias. Originário da Índia e nomeado em homenagem a Nicolas de Harlay, senhor de Sancy, a pedra pertenceu a reis da França e da Inglaterra, viajando entre coleções reais ao longo dos séculos.

A joia foi incorporada aos Diamantes da Coroa Francesa antes da Revolução Francesa e, diferentemente de outras gemas dispersas, sobreviveu como um símbolo de continuidade entre as dinastias europeias. Sua relevância ultrapassa o valor material — o Sancy é um artefato histórico que conecta a França ao passado político e artístico do continente.

Organização do crime preocupa autoridades

A Promotoria de Paris abriu inquérito por furto organizado e associação criminosa relacionado ao roubo no Louvre.

As forças responsáveis já solicitaram imagens das câmeras do museu e do entorno, checaram registros de veículos e verificam rotas de fuga, pediram à população e comerciantes próximo que forneçam imagens de câmeras particulares. Unidades especializadas em tráfico de bens culturais foram acionadas para impedir que as peças sejam fracionadas ou saia do país.

O método — entrada por fachada elevada do Louvre em vez da porta principal — explorou pontos de menor vigilância visual direta e acesso por equipamento pesado que pode ser confundido com atividade de manutenção.

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