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Roubo no Louvre levou oito joias da coroa: como foi planejado?

Museu foi fechado neste domingo após criminosos usarem elevador mecânico para acessar a Galeria de Apolo e fugir com nove joias históricas da Coroa Francesa.

A Galeria de Apollon, no Louvre, foi alvo de ladrões neste domingo, 19, que levaram peças históricas de Luís XIV, Napoleão Bonaparte e Napoleão III (Getty Images).

A Galeria de Apollon, no Louvre, foi alvo de ladrões neste domingo, 19, que levaram peças históricas de Luís XIV, Napoleão Bonaparte e Napoleão III (Getty Images).

Ana Dayse
Ana Dayse

Colaboradora

Publicado em 19 de outubro de 2025 às 11h38.

Última atualização em 19 de outubro de 2025 às 15h28.

Segundo o Ministério do Interior da França, três a quatro ladrões invadiram a Galerie d’Apollon do Museu do Louvre neste domingo, 19, por volta das 9h30 (horário local), utilizando um elevador mecânico acoplado a um caminhão. O grupo quebrou uma janela com uma serra circular, arrombou duas vitrines e fugiu de moto levando joias de valor “incalculável” pertencentes à coleção da Coroa Francesa.

Nas redes sociais, usuários compartilham vídeos do suposto momento em que os criminosos serram o vidro com as joias. Até então, as autoridades francesas não confirmaram sua veracidade:

Como foi o assalto no Galerie d’Apollon?

Fontes policiais e declarações oficiais apontam que a ação foi preparada: o modus operandi — uso de equipamento para alcançar o primeiro andar, entrada célere e fuga em motocicletas — indica reconhecimento prévio da área, identificação de rotas de acesso e fuga, e escolha de horário com fluxo de público ainda em abertura.

Investigadores destacam que equipes que executam crimes desse tipo costumam mapear câmeras, turnos de segurança e obras no entorno antes de agir.

09h20–09h30: aproximação e posicionamento do equipamento

Pouco antes das 9h30, horário do roubo no Louvre, um veículo utilitário com uma cesta elevatória ou plataforma foi posicionado junto à fachada do Louvre voltada para o Rio Sena. Imagens e relatos da cena mostram o equipamento encostado na varanda do segundo nível, o que permitiu aos assaltantes alcançar uma janela sem passar por entradas principais.

A presença do elevador sugere coordenação logística e acesso a um caminhão de grande porte, possivelmente dissimulado como veículo de manutenção ou mudança.

Polícia francesa afirma que um número desconhecido de ladrões chegou em uma motocicleta, armado com pequenas serras elétricas, e utilizou um elevador de cargas para alcançar a sala que pretendiam roubar. Aqui está o elevador de cargas usado pelos ladrões para acessar a sala (Getty Images).

09h30: entrada pela janela da Galerie d’Apollon

Por volta das 9h30, quando o museu já abria ao público, dois a quatro indivíduos subiram na cesta, alcançaram a janela do primeiro andar e forçaram a abertura.

Autoridades informaram que foi usado um cortador de disco ou serra portátil para romper o vidro externo ou a armação da janela — técnica rápida que minimiza ruído visível ao público. O acesso por janela permitiu contornar portas e pontos de controle internos.

Elevador de móveis e a janela quebrada usadas pelos ladrões para entrar no Museu do Louvre, no Quai François Mitterrand, em Paris, em 19 de outubro de 2025 (Getty Images).

09h32–09h36: ataque às vitrines e retirada das peças

Já dentro da Galerie d’Apollon, os assaltantes dirigiram-se às vitrines que guardam as joias da Coroa Francesa. Em questão de minutos (autoridades citam entre 4 e 7 minutos para toda a operação) abriram duas ou mais vitrines e retiraram uma série de peças históricas.

A imprensa francesa indica que nove itens foram levados do Museu do Louvre; entre eles, a Coroa de Eugénie de Montijo, a lista definitiva depende do inventário pericial em curso.

A rapidez e a sequência da ação indicam prática em lidar com vidro de exposição e engastes — os assaltantes escolheram peças facilmente manuseáveis para fuga rápida.

09h36–09h40: fuga planejada e rota de escape

Com os objetos em mãos, os criminosos desceram novamente pela cesta ou pela mesma rota de acesso, voltaram ao caminhão, abandonaram o veículo ou já tinham um segundo apoio e deixaram a área em scooters/motocicletas, desaparecendo rapidamente pelas vias laterais da margem do Sena.

O uso de motos reduz tempo de evacuação e facilita dispersão em becos e vias estreitas — tática comum em roubos urbanos organizados.

Imediatamente após o crime 

Funcionários e visitantes perceberam a perturbação; parte do público foi evacuado. A ministra da Cultura relatou que uma peça foi encontrada abandonada nos arredores, entregando às equipes forenses um ponto de partida para rastreamento.

O museu foi fechado “por razões excepcionais” e perícia científica começou a recolher vestígios: impressões, imagens de CCTV, fragmentos de vidro, resíduos das ferramentas e possíveis fibras ou DNA.

Quais são as joias que podem ter sumido?

O roubo aconteceu na Galeria de Apolo, no Louvre, onde ficam expostos os remanescentes das joias da monarquia francesa, como peças dos tempos de Luís XIV, Napoleão Bonaparte e Napoleão III. Entre os tesouros da coleção estão os diamantes Regent, Sancy e Hortensia, além de coroas e adornos imperiais.

Autoridades francesas ainda avaliam que oito joias foram levadas. O ministro do Interior, Laurent Nuñez, classificou o roubo no museu do Louvre como “um ataque à herança cultural da França”. Ele prometeu uma caçada rápida aos responsáveis: “Esperamos localizar os ladrões e as joias muito em breve”.

Confira as principais joias que ficavam na sala:

  • Diadema do conjunto de joias da rainha Maria Amélia e da rainha Hortênsia;
  • Colar do conjunto de safiras da rainha Maria Amélia e da rainha Hortênsia;
  • Brinco pertencente ao conjunto de safiras da rainha Maria Amélia e da rainha Hortênsia;
  • Colar de esmeraldas do conjunto de joias de Maria Luísa;
  • Par de brincos de esmeraldas do conjunto de joias de Maria Luísa;
  • Broche conhecido como “relíquia”;
  • Diadema da imperatriz Eugênia;
  • Grande laço de corpete (broche) da imperatriz Eugênia.

De acordo com as informações da imprensa francesa, essa coroa foi encontrada danificada nas proximidades do Louvre, o que levanta a hipótese de que tenha sido abandonada pelos ladrões durante a fuga após o roubo.

Coroa de Eugénie de Montijo, esposa de Napoleão III, em exibição em 2020, no Louvre (Getty Images). (Getty Images)

Organização do crime preocupa autoridades

A Promotoria de Paris abriu inquérito por furto organizado e associação criminosa relacionado ao roubo no Louvre.

As forças responsáveis já solicitaram imagens das câmeras do museu e do entorno, checaram registros de veículos e verificam rotas de fuga, pediram à população e comerciantes próximo que forneçam imagens de câmeras particulares. Unidades especializadas em tráfico de bens culturais foram acionadas para impedir que as peças sejam fracionadas ou saia do país.

O método — entrada por fachada elevada do Louvre em vez da porta principal — explorou pontos de menor vigilância visual direta e acesso por equipamento pesado que pode ser confundido com atividade de manutenção.

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