Venezuelanos tomam as ruas de Caracas após o anúncio da morte do presidente Hugo Chávez (REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2013 às 23h52.
São Paulo –Durante os mais de aproximadamente 14 anos do governo de Hugo Chávez, a Venezuela destacou-se entre os vizinhos pelo regime político, por sua postura crítica com relação ao Estados Unidos e pelo petróleo abundante. Se na economia o petróleo é grande impulsionador, na área social ele também colabora com o país.
A CIA, no World Fact Book, por exemplo, questiona o papel das reformas sociais na redução da pobreza no país durante o governo Chávez – quando a pobreza na Venezuela passou de cerca de 50% (em 1999) para próximo de 27%, em 2011. “Progressos na diminuição da pobreza, desigualdade de renda e desemprego podem estar mais relacionadas a altas e baixas do preço do petróleo”, afirma o relatório.
Entre os anos 2000 e 2011, o IDH (índice de desenvolvimento humano) do país passou de 0,656 para 0,735 - enquanto isso, o índice na América Latina foi de 0,680 para 0,731.
Compare outros dados da Venezuela com a América Latina e Caribe (foram utilizados os dados mais recentes disponíveis).
Violência
Apesar da redução da pobreza, os índices de violência são elevados na Venezuela. No final de 2012, o Observatorio Venezolano de Violencia informou que durante 2012 ocorreu um aumento generalizado de violência no país – foram 21.692 pessoas que morreram vítimas da violência, uma taxa de 73 mortes para cada 100.000 habitantes.
Em 2011, a taxa de homicídios na Venezuela foi de 67 por 100.000 habitantes, segundo o Departamento de Estado dos Estados Unidos. Na Colômbia, a taxa foi de 32/100.000. No México, 14/100.000. No número absoluto, a Venezuela registrou mais homicídios que o México (18.601 em 2011) – sendo que o México tem uma população quatro vezes maior que a da Venezuela.
O Departamento de estado dos Estados Unidos afirmou que a taxa de crimes em Caracas foi crítica em 2010 – naquele ano, a cidade foi a capital com a maior taxa de homicídio do mundo. “Muito do crime e da violência de Caracas pode ser atribuído a gangues e ao crime organizado”, afirmou o Departamento de Estado em documento. A cidade foi apontada como a 6ª mais perigosa do mundo. O jornal New York Times afirmou na época que o número de mortes no país ultrapassava o do Iraque.
Saúde
A América Latina gasta 7,7% do PIB em saúde. Na Venezuela os gastos correspondem a 4,9%, de acordo com a base de dados do Banco Mundial. Mas chance de um bebê morrer antes de completar cinco anos na Venezuela é menor do que na América Latina e Caribe. Lá, a possibilidade é de 15 em cada 1.000 nascidos vivos. Na América Latina, a taxa sobe para 19,1 (dados de 2011).
Já a taxa de mortalidade maternal é maior, sendo de 92,0 a cada 100.000 nascimentos na Venezuela e de 80,5 na América Latina (dados de 2010).
Educação
Os gastos com estudantes no nível primário na Venezuela foram de 9,0% do PIB per capita em 2007. Enquanto isso, na América Latina, a taxa chegou a 11,9%. No nível secundário, a diferença é ainda maior – a porcentagem de gastos perante o PIB per capita é de 8,0% na Venezuela e 13,3% na América Latina.
Trabalho
A taxa de população com mais de 15 anos empregada na Venezuela não é muito diferente da regional – são 61,0% do total da população em idade de trabalho na Venezuela e 61,6% na América Latina.
Mas o PIB por pessoa empregada (PIB paridade poder de compra) em 2011 na Venezuela chegou a 28.015,0 perante 17.829,4 na América Latina – o que pode ser um reflexo do petróleo.
Tecnologia
As exportações de produtos com tecnologia elevada (conceito que inclui computadores, produtos farmacêuticos, instrumentos científicos, entre outros) representam 5,1% do total de manufaturas exportadas da Venezuela. Na América Latina, a taxa é de 10,9%.