Mundo

Como a guerra na Ucrânia pode tirar Venezuela e Irã da sombra

Durante a cúpula do G7 na Alemanha, a França defendeu uma "diversificação de suprimentos" procedentes do Irã e da Venezuela para conter a alta brutal dos preços dos combustíveis causada pela guerra

Funcionário da estatal venezuelana PDVSA agita bandeira iraniana, em 2020: sanções contra Rússia ampliam demanda por petróleo de outros países (AFP/AFP)

Funcionário da estatal venezuelana PDVSA agita bandeira iraniana, em 2020: sanções contra Rússia ampliam demanda por petróleo de outros países (AFP/AFP)

A

AFP

Publicado em 29 de junho de 2022 às 16h53.

Última atualização em 29 de junho de 2022 às 17h06.

Venezuela e Irã, dois produtores de petróleo e alvos de sanções americanas, podem ser beneficiados pelos embargos impostos à Rússia pela invasão da Ucrânia, estimam especialistas.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso. Tudo por menos de R$ 0,37/dia.

"É conveniente aproveitar este momento de intensificação das sanções contra a energia procedente da Rússia", diz Edward Moya, da sociedade de corretagem Oanda.

Durante a cúpula do G7 na Alemanha, a França defendeu uma "diversificação de suprimentos" procedentes do Irã e da Venezuela para conter a alta brutal dos preços dos combustíveis causada pela guerra.

VEJA TAMBÉM: Barril do petróleo pode chegar a US$ 130: como ficam preços no Brasil?

O Brent do Mar do Norte, referência do petróleo na Europa, subiu 20% desde o início da invasão em 24 de fevereiro, enquanto o americano WTI, ganhou 22%.

Entre os fatores que elevaram os preços estão a proibição de importar hidrocarbonetos russos, embargados pelos Estados Unidos em março, e medidas semelhantes adotadas no início de junho pela União Europeia.

Pressões internacionais

Neste contexto, os 23 membros da Opep+ — Organização dos Países Exportadores de Petróleo — que se reúnem na quinta-feira, sofrem pressões internacionais para aumentar sua oferta e garantir um preço justo.

Juntos, Irã e Venezuela, poderiam ofertar "uma quantidade substancial de petróleo ao mercado de forma rápida" afirma Craig Erlam, da Oanda.

LEIA TAMBÉM: Da concorrência chinesa à guerra e inflação, G7 é símbolo de 'moral em baixa' no Ocidente

O Irã tem uma capacidade de até 4 milhões de barris diários e a Venezuela poderia produzir até 1 milhão, segundo estimativas da Swissquote.

"Tempos difíceis exigem medidas extremas", destaca Stephen Innes, da Spi Asset Management, que menciona ainda "a crescente pressão dos dirigentes europeus sobre a Casa Branca para uma mudança no rumo de suas sanções".

Do lado iraniano, tudo dependerá das imprevisíveis negociações sobre o programa nuclear de Teerã, cujos objetivos são reintegrar os Estados Unidos ao pacto de 2015 e que a República Islâmica respeite integralmente seus compromissos em troca de um levantamento das sanções internacionais.

Depois de três meses, as negociações entre Teerã e Washington foram retomadas de forma indireta no Catar. Pra Innes, os "Estados Unidos poderiam autorizar a oferta de barris iranianos ao mercado", antes de um acordo.

Sobre a Venezuela, com as maiores reservas de petróleo comprovadas no mundo, a Casa Branca anunciou em maio que algumas das sanções impostas em 2019 foram aliviadas.

Washington cortou as relações diplomáticas e embargou seu petróleo em uma tentativa de tirar Nicolás Maduro do poder, após sua polêmica reeleição em 2018.

A autorização às companhias italiana Eni e espanhola Repsol para exportar petróleo venezuelano para a Europa foi celebrada por Maduro como "medidas leves, mas significativas".

As sanções contra Caracas serão aliviadas com avanços democráticos e eleições "livres". Ao contrário, serão endurecidas, advertiu uma autoridade americana.

Acompanhe tudo sobre:OpepPetróleoVenezuela

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia