Dias na Terra poderão ficar menores com diminuição da velocidade do núcleo. (Roberto Machado Noa/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 14 de junho de 2024 às 12h23.
Cientistas da Universidade do Sul da Califórnia (USC) confirmaram através de um estudo recente que o núcleo interno da Terra está desacelerando em sua rotação. Essa descoberta intrigante levanta diversas questões sobre os processos que ocorrem no interior do nosso planeta e seus efeitos na superfície. As informações são de um estudo publicado na revista Nature.
De acordo com o Dr. John Vidale, líder da equipe de pesquisa, a desaceleração do núcleo interno foi inicialmente observada de forma surpreendente em sismogramas. Após analisar mais de duas dúzias de observações que indicavam o mesmo padrão, ficou claro que o núcleo interno havia desacelerado pela primeira vez em décadas. Essa mudança na rotação pode ter consequências para a duração dos dias na Terra, alterando-os em frações de segundo, imperceptíveis para o público em geral.
O núcleo interno da Terra, uma esfera densa e quente de ferro e níquel com cerca de dois terços do tamanho da Lua, reside a mais de 4.800 quilômetros abaixo da superfície terrestre. Apesar das dificuldades em estudá-lo, compreender suas características é crucial para desvendar a história do nosso planeta.
A pesquisa da USC, publicada na revista Nature, utilizou dados de 121 terremotos repetidos registrados entre 1991 e 2023 nas Ilhas Sandwich do Sul, no Atlântico Sul, além de informações de testes nucleares. Ao analisar como as ondas sísmicas se propagavam pelo planeta, os cientistas puderam estimar a posição e o movimento do núcleo interno.
A desaceleração aparente do núcleo interno em relação à superfície, iniciada por volta de 2010, pode ser atribuída ao movimento do núcleo externo líquido de ferro, responsável pelo campo magnético da Terra, ou à influência de forças gravitacionais.
Embora essa descoberta seja intrigante, não há motivos para pânico. Mudanças de velocidade, reversões e oscilações no núcleo interno são eventos relativamente comuns, e não indicam um cenário apocalíptico como retratado em obras de ficção científica. As possíveis alterações na duração dos dias seriam extremamente pequenas, na ordem de milésimos de segundo, imperceptíveis aos humanos.