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Como a aviação civil pode recuperar sua imagem depois dos incidentes de 2024?

Estudo mostrou que risco de morte por embarque foi de um em 13,7 milhões entre 2018 e 2022

No final de 2024, Coreia do Sul registrou seu pior desastre aéreo desde 1997 (AFP/AFP Photo)

No final de 2024, Coreia do Sul registrou seu pior desastre aéreo desde 1997 (AFP/AFP Photo)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 2 de janeiro de 2025 às 13h29.

Passageiros de aviões podem muito bem se lembrar de 2024 como o ano em que seus piores medos sobre segurança se confirmaram, com uma série de incidentes aéreos sem precedentes e, em alguns casos, fatais, ganhando as manchetes.

Três incidentes separados nos últimos dias de 2024 — na Coreia do Sul, no Azerbaijão e no Canadá — despertaram essas ansiedades durante o movimentado período de viagens de fim de ano. Mas as estatísticas mostram que o risco de morte ou ferimentos em um voo comercial é extremamente baixo, segundo reportagem da CNN internacional.

O último incidente aconteceu no domingo na Coreia do Sul, quando um jato de passageiros da Boeing caiu no Aeroporto Internacional de Muan, matando 179 pessoas — o desastre aéreo mais mortal no país desde 1997. Em imagens transmitidas por vários meios de comunicação sul-coreanos, o voo da Jeju Air pode ser visto derrapando de barriga em alta velocidade, atingindo um barranco e explodindo em uma bola de fogo.

As autoridades sul-coreanas estão investigando a causa do desastre com a ajuda de investigadores dos Estados Unidos.

O acidente aconteceu depois que 38 pessoas morreram no dia de Natal quando um voo da Azerbaijan Airlines caiu após entrar no espaço aéreo russo em Grozny, Chechênia. Não está confirmado o que estava por trás do incidente, mas o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, acusou a Rússia de derrubar acidentalmente o avião.

O presidente russo Vladimir Putin "pediu desculpas pelo fato de o trágico incidente ter ocorrido no espaço aéreo russo" em um telefonema com Aliyev na semana passada, mas não assumiu a responsabilidade.

E, na noite de sábado, um voo da Air Canada Express relatou um acidente não fatal. O voo, operado pela parceira PAL Airlines e transportando 73 passageiros, "passou por um problema suspeito no trem de pouso" após chegar ao Aeroporto Internacional Halifax Stanfield, na Nova Escócia, embora ninguém tenha se ferido.

Esses incidentes encerraram um ano que não foi nada lisonjeiro para a indústria aeronáutica, particularmente para a Boeing, que enfrentou críticas intensas sobre a qualidade de seus produtos.

Em janeiro do ano passado, um painel explodiu em um voo da Alaska Airlines, deixando um buraco enorme na lateral da fuselagem do Boeing 737 Max. Nenhum passageiro morreu, mas o incidente ocorreu após dois acidentes fatais do 737 Max nos últimos anos — um em 2018 e outro em 2019 — que desencadearam uma paralisação de 20 meses do modelo em todo o mundo.

Quais são os riscos?

Acidentes — fatais ou não — a bordo de dezenas de milhões de voos comerciais realizados a cada ano são altamente improváveis, de acordo com os dados mais recentes da International Air Transport Association, a associação comercial das companhias aéreas do mundo.

Houve 30 acidentes desse tipo registrados em 2023, o ano mais recente para o qual há dados de acidentes de ano inteiro disponíveis, totalizando um risco de um acidente a cada 1,26 milhão de voos, diz a IATA. Isso é menor do que o risco do ano anterior, com um em cada 770.000 voos relatando um acidente.

Um estudo sobre segurança aérea publicado em agosto descobriu que entre 2018 e 2022, o risco mundial de morte por embarque foi de um em 13,7 milhões. Em outras palavras, se você escolhesse um voo aleatoriamente e embarcasse naquele período, sua chance de morrer em um acidente de avião ou um ato terrorista se aproximava de um em 14 milhões.

Imagem de segurança é frágil

Mas esse forte histórico de segurança no passado não garante o mesmo sentimento no futuro, com os passageiros  tendo novas preocupações devido à recente onda de acidentes fatais, segundo a CNN.

A perda de mais de 200 vidas apenas nos últimos dias aumentará o número de fatalidades causadas por acidentes de aviação comercial bem acima dos 72 registrados pela IATA em 2023.

O diretor-geral da IATA, Willie Walsh, disse no relatório anual de segurança mais recente do grupo, publicado em fevereiro, que o desempenho de segurança de 2023 "continua(va) a demonstrar que voar é o meio de transporte mais seguro".

No entanto, ele disse que “nunca podemos tomar a segurança como garantida” e que “dois acidentes de alto perfil no primeiro mês de 2024 mostram que, mesmo que voar esteja entre as atividades mais seguras que uma pessoa pode fazer, sempre há espaço para melhorar”.

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