Benjamim Netanyahu, premiê de Israel (Jacquelyn Martin/Getty Images)
Agência de Notícias
Publicado em 26 de novembro de 2024 às 12h02.
Última atualização em 26 de novembro de 2024 às 12h08.
O governo de Benjamin Netanyahu, e o primeiro-ministro de Israel em particular, ignoraram “repetidamente as advertências de altos comandantes” sobre um possível ataque do Hamas, segundo concluiu nesta terça-feira, 26, uma comissão independente de inquérito sobre as responsabilidades pelo massacre de 7 de outubro de 2023.
O Executivo como um todo, bem como o Exército israelense e o serviço de inteligência interno (Shin Bet) fracassaram “por completo” na sua missão principal de proteger os cidadãos, afirmou hoje a comissão não oficial em um relatório, com base em dezenas de audiências e nos depoimentos de cerca de 120 testemunhas nos últimos quatro meses.
Neste sentido, asseguraram que as Forças Armadas já sabiam das intenções do Hamas um ano antes, devido a um documento conhecido como plano do ‘Muro de Jericó’, que detalhava um ataque do Hamas contra Israel muito semelhante ao que finalmente ocorreu.
'Praticamente nada' impedirá a guerra de Israel em Gaza, diz juíza sul-africana“A arrogância e a cegueira inerentes também levaram os líderes políticos a continuarem trabalhando para fortalecer o Hamas, transferindo fundos e evitando tomar iniciativas para enfrentar esta ameaça, ao mesmo tempo em que idealizavam a realidade”, denunciou a comissão, que chama de “deficiente ou inexistente” a relação entre a cúpula política israelense e a militar.
O relatório apontou ainda como responsáveis o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant e o Chefe do Estado-Maior do Exército, Herzi Halevi; mas também o chefe da inteligência militar e os seus antecessores, a quem culpa por terem reduzido a presença militar e as equipes de observação na fronteira com Gaza.
Milhares protestam em Israel contra Netanyahu, numa das maiores manifestações desde início da guerraEm 7 de outubro de 2023, milicianos palestinos liderados pelo braço armado do Hamas, as Brigadas Al Qassam, infiltraram-se em Israel a partir de vários pontos, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando outras 251, das quais 97 permanecem em cativeiro no enclave palestino.
Desde então, Israel tem mantido uma ofensiva na Faixa de Gaza que ceifou a vida de mais de 44.200 palestinos, quase 70% mulheres e crianças, enquanto as autoridades de saúde do enclave estimam que outros 11.000 corpos ainda estão presos sob os escombros ou jogados em estradas.
Netanyahu opôs-se à criação de uma comissão estatal de investigação, argumentando que suas investigações afetariam o curso da guerra.
Por sua vez, o Exército israelense abriu sua própria investigação interna sobre as falhas que facilitaram os ataques de 7 de outubro; embora as suas conclusões ainda não tenham sido apresentadas, para além de uma investigação sobre um incidente no kibutz Beeri, onde um ataque das militares a uma casa matou 13 israelenses.