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Comercial da Argentina sobre Malvinas gera mais polêmica

"Para competir em solo inglês treinamos em solo argentino", afirma o comercial

A iniciativa do governo argentino coincide com um aumento da tensão entre o Reino Unido e Argentina no 30º aniversário da guerra que deixou cerca de 900 mortos (Murray Kerr/ Wikimedia Commons)

A iniciativa do governo argentino coincide com um aumento da tensão entre o Reino Unido e Argentina no 30º aniversário da guerra que deixou cerca de 900 mortos (Murray Kerr/ Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2012 às 16h28.

Buenos Aires - O anúncio do governo de Cristina Kirchner que exibe o treinamento de um atleta argentino nas Malvinas para as Olimpíadas de Londres criou polêmica no país, envolvido em uma crescente controvérsia com o Reino Unido pela soberania das ilhas.

O comercial, divulgado na noite de quarta-feira nos principais canais argentinos, é protagonizado pelo jogador de hóquei Fernando Zylberberg, que garantiu não saber que se tratava de uma propaganda oficial, segundo declarações divulgadas hoje por meios de comunicação locais.

"Para competir em solo inglês treinamos em solo argentino", afirma o comercial depois de mostrar o atleta treinando na frente das fachadas de vários estabelecimentos famosos das ilhas.

Com mais de 280 mil visitas no site oficial, o anúncio é apresentado como uma "homenagem aos caídos e ex-combatentes" da Guerra das Malvinas em 1982, quando Argentina e Reino Unido lutaram pelo controle do arquipélago, sob domínio britânico e cuja soberania é reivindicada pelo país sul-americano.

A imprensa local revelou hoje curiosidades da filmagem, como o fato de que foi idealizada pela agência britânica Young & Rubicam e posteriormente oferecida a várias empresas, que rejeitaram a proposta, aceita mais tarde pelo governo.

A Young & Rubicam, que pertence ao grupo britânico WPP, acusou sua filial argentina de "comportar-se de uma maneira inaceitável" para essa companhia.

Um porta-voz da agência "lamentou profundamente a dor que isto ocasionou" e pediu desculpas "perante as muitas pessoas que se sentiram afetadas, com razão, pelo comercial, como nós".

"Nos demos conta que nossa agência na Argentina criou um anúncio para o governo argentino que ofendeu profundamente muitas pessoas no Reino Unido e no mundo todo", disse o porta-voz da empresa em Londres.


"Vai contra nossa política envolver-nos em qualquer coisa que esteja politicamente motivada. Além disso, este anúncio foi ofensivo para o espírito dos Jogos Olímpicos", acrescentou.

Zylberberg, com vaga garantida nos Jogos Olímpicos de Londres, é também assessor de um funcionário da conservadora Proposta Republicana, uma das principais forças opositoras à Cristina Kirchner, detalhou hoje o jornal "La Nación".

"Os Jogos Olímpicos não são uma plataforma para discutir política", disse o presidente do Comitê Olímpico Argentino, Gerardo Werthein, depois da difusão do vídeo oficial.

Advertiu ainda que os atletas não poderão realizar atos associados à política durante os Jogos Olímpicos, que começarão em julho.

Por sua parte, o ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, declarou à imprensa de seu país que o anúncio faz parte de uma "manobra" para "compensar alguns contratempos diplomáticos" da Argentina "nas últimas semanas".

"Na Cúpula das Américas fracassaram em sua tentativa de fazer com que outros países da América assinassem uma declaração (de apoio) sobre as Falkland (como os britânicos chamam as Malvinas)", assegurou Hague.

O comercial foi divulgado pouco depois que Cristina antecipasse que seu governo seguirá "trabalhando duro, em todos os fóruns democráticos para continuar alcançando consensos" sobre a soberania das ilhas.

A presidente argentina fez estas declarações durante um ato no qual respaldou à embaixadora do país em Londres, Alicia Castro, que aproveitou na segunda-feira um ato público para perguntar ao chanceler britânico sobre o conflito de Malvinas.

A iniciativa do governo argentino coincide com um aumento da tensão entre o Reino Unido e Argentina no 30º aniversário da guerra que deixou cerca de 900 mortos. 

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