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Comentarista diz nome "proibido" ao vivo na TV estatal russa

O presidente russo, Vladimir Putin, recusa-se a mencionar nome em entrevistas e conferências, e às vezes refere-se a ele como "aquele personagem"

O presidente russo, Vladimir Putin: televisão estatal permanece rigidamente controlada (Sergei Karpukhin/Reuters)

O presidente russo, Vladimir Putin: televisão estatal permanece rigidamente controlada (Sergei Karpukhin/Reuters)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 21 de junho de 2018 às 09h22.

Última atualização em 21 de junho de 2018 às 10h01.

O ex-treinador da seleção de futebol da Rússia Leonid Slutsky violou uma cláusula implícita do trabalho na televisão estatal quando mencionou o principal inimigo político do presidente Vladimir Putin, Alexey Navalny, quando comentava um jogo da Copa do Mundo em uma transmissão ao vivo.

Slutsky fez a observação considerada tabu no jogo disputado entre a Alemanha, atual campeã, e o México, no domingo, depois que o comentarista Kirill Dementyev usou um homônimo obscuro do nome do líder da oposição para dizer que os alemães deveriam jogar um "futebol de alta pressão" para tentar superar o placar de 1 a 0. Slutsky respondeu perguntando, em tom de brincadeira, se Navalny jogava futebol, e acrescentou: "Isso seria interessante de ver."

Dementyev não respondeu no ar ao comentário. Na terça-feira, depois que a equipe russa praticamente garantiu a qualificação para a próxima rodada da Copa do Mundo, com uma vitória de 3 a 1 no jogo contra o Egito, Slutsky anunciou que não vai mais continuar comentando os jogos no canal mais visto do país e que sai devido a outras atividades.

O Channel One confirmou a saída de Slutsky devido a suas responsabilidades com o clube de futebol holandês Vitesse, informou a Interfax, citando um porta-voz. Slutsky disse em entrevista ao jornal Argumenty i Fakty publicado na semana passada que viajará para a Holanda na quinta-feira para começar a trabalhar como novo treinador da equipe.

‘Muito triste’

Navalny, que foi impedido de concorrer contra Putin na eleição presidencial de março, twittou na quarta-feira que ficou "muito triste" ao saber da saída de Slutsky.

Putin recusa-se constantemente a mencionar Navalny pelo nome em entrevistas e conferências de imprensa, e às vezes refere-se a ele como "aquele personagem". Depois de esbanjar US$ 11 bilhões nos preparativos para ser sede da Copa do Mundo pela primeira vez, o Kremlin está determinado a apresentar uma imagem mais amistosa e aberta da Rússia, após anos de tensões políticas internacionais.

No entanto, a televisão estatal permanece rigidamente controlada em uma época em que o campeonato de futebol oferece uma rara oportunidade de convencer os russos mais jovens a ligar a TV. Eles estão mais acostumados a obter informações da internet e de redes sociais como YouTube e Twitter, onde Navalny tem 2,2 milhões de seguidores.

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