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Começa o julgamento de "El Chapo", maior traficante já extraditado aos EUA

Para preservar a segurança dos jurados, eles serão escoltados por agentes armados até o tribunal e suas identidades serão mantidas anônimas

El Chapo: extraditado do México em janeiro de 2017, mexicano é acusado de liderar entre 1989 e 2014 o impiedoso cartel de Sinaloa (Daniel Cardenas/Anadolu Agency/Getty Images)

El Chapo: extraditado do México em janeiro de 2017, mexicano é acusado de liderar entre 1989 e 2014 o impiedoso cartel de Sinaloa (Daniel Cardenas/Anadolu Agency/Getty Images)

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AFP

Publicado em 13 de novembro de 2018 às 14h43.

Última atualização em 13 de novembro de 2018 às 19h36.

A acusação e a defesa do maior traficante de drogas já extraditado e julgado nos Estados Unidos, Joaquín "El Chapo" Guzmán, devem apresentar argumentos nesta terça-feira, 13, em um tribunal de Nova York no início de seu julgamento, um marco na longa guerra de Washington contra o tráfico de drogas.

Os 12 jurados titulares e seis substitutos foram selecionados na semana passada, após tensos interrogatórios em que pelo menos cinco pessoas foram descartadas por temerem por suas vidas, além de uma delas sofrer um ataque de pânico que a faz ser levada para o hospital.

Para preservar sua segurança, os jurados serão escoltados todos os dias por agentes armados até o tribunal e seus nomes serão mantidos anônimos. Com aparelhos e cães treinados para detectar gás e explosivos, dezenas de policiais reforçam a vigilância no tribunal do Brooklyn.

O temido chefe do tráfico mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán é acusado de liderar o maior cartel de drogas do planeta e de enviar cerca de 155 toneladas de cocaína aos Estados Unidos durante 25 anos. No julgamento, que poderá levar meses, a promotoria deverá pedir para El Chapo, de 61 anos, a prisão perpétua.

"Este é um caso emblemático para o governo, não apenas por causa dos supostos crimes do acusado, mas porque é um exemplo a dar na guerra dos Estados Unidos contra o narcotráfico internacional", declarou René Sotorrio, advogado de Miami que defende os irmãos Rivera Maradiaga, ex-líderes do cartel hondurenho Los Cachiros, que poderão testemunhar contra Chapo.

Um grande sigilo cerca o caso. "Haveria dezenas e dezenas de indivíduos que de alguma forma fizeram negócios com a organização Chapo e se ofereceram como testemunhas contra ele", segundo Sotorrio.

As testemunhas que estão na prisão ou no programa de proteção a testemunhas podem conseguir uma redução significativa na sentença, mas a promotoria afirma que eles e suas famílias estão em risco de vida.

Em sua cela em Manhattan, El Chapo passou 22 meses isolado 23 horas por dia. Os únicos que podem visitá-lo são seus advogados e suas filhas gêmeas de sete anos, mas apenas através de uma parede de vidro.

Milhares de provas

Extraditado do México em janeiro de 2017, El Chapo é acusado de liderar entre 1989 e 2014 o impiedoso cartel de Sinaloa, o qual fundou e tornou a "maior organização de tráfico de drogas do mundo", segundo a acusação.

A Promotoria, que prepara o caso há vários anos, assegura que El Chapo enviou aos Estados Unidos ao menos 154.626 quilos de cocaína, além de várias toneladas de outras drogas, embolsando 14 bilhões de dólares.

El Chapo se declara inocente, mas o governo apresentou muitas evidências contra ele, tantas que a defesa diz não ter tempo de revisar: mais de 300 mil páginas de documentos e ao menos 117 mil gravações de áudio, além de centenas de fotos e vídeos.

A extradição há quase dois anos e seu julgamento são um grande triunfo para o governo americano, que nunca conseguiu extraditar e julgar Pablo Escobar, ex-chefe do cartel de Medellín que morreu em uma operação policial em 1993.

Já o cartel de Sinaloa, fundado em 1989 por El Chapo, continua sendo muito poderoso.

E, enquanto isso, a violência do tráfico não dá trégua no México, que teve um recorde de quase 29.000 homicídios em 2017. Nos Estados Unidos, o consumo de opiáceos matou em 2016 uma média de 174 pessoas por dia.

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