Os candidatos ao cargo de premier do Reino Unido entram neste sábado na corrida pela vaga dispostos a lidar com a complicada questão do Brexit, depois que Theresa May anunciou sua demissão.
Matt Hancock, ministro da Saúde, anunciou nesta manhã sua candidatura. "Precisamos de um líder para o futuro, não apenas para agora", publicou no Twitter.
"Implementarei o Brexit. Depois, avançaremos para o futuro radiante que devemos construir para o Reino Unido", afirmou, acompanhando suas declarações da hashtag #LetsMoveForward (#Avancemos).
A dirigente conservadora deixa para seu sucessor a árdua tarefa de implementar a saída da União Europeia (UE) em um país dividido sobre esta questão. O novo líder terá que renegociar um acordo com Bruxelas, depois que os deputados rejeitaram o alcançado por May, ou optar por uma saída sem acordo.
May anunciou ontem que deixará oficialmente o cargo em 7 de junho, e expressou um "profundo pesar" por ter fracassado em concretizar o Brexit. Ela garantirá a transição até que os cerca de 100 mil membros do Partido Conservador elejam, até 20 de julho, um novo líder entre os candidatos selecionados pelos deputados tories, que se tornará o próximo chefe de governo.
Luta de dois meses
O anúncio marca o início de uma luta de dois meses pelo poder. Boris Johnson, 54, sequer esperou a declaração da premier para anunciar sua candidatura ao cargo.
Grande favorito das apostas, o ex-chanceler e ex-prefeito de Londres foi um dos responsáveis pela vitória do Brexit em um referendo.
O ministro do Desenvolvimento Internacional, Rory Stewart, e a ex-ministra do Trabalho Esther McVey também anunciaram suas candidaturas. O titular das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, indicou ontem que o faria "no momento oportuno".
Em visita à Suíça ontem, Johnson declarou que, se chegasse a premier, buscaria renegociar o acordo de May com Bruxelas, mas estaria "disposto a sair" sem um acordo.
Rory Stewart, em troca, declarou à rádio BBC4 que "não poderia servir um governo cuja política é empurrar o país para um Brexit sem acordo".
O deputado trabalhista Chris Bryant estimou que se o futuro premier optar por um divórcio duro da UE, "terá o mesmo destino de May, mas seria uma questão de semanas ou meses, não de anos".
Renegociação?
O próximo chefe de governo enfrentará as mesmas lutas de poder na Câmara dos Comuns, com os trabalhistas como principais opositores, já que sua chegada não está condicionada a novas eleições legislativas.
"A questão é se um novo premier poderá se encontrar com os 27 da União Europeia e obter um acordo diferente, mais atraente para o Parlamento", disse o professor de política pública na London School of Economics Tony Travers.
A Comissão Europeia antecipou que a saída de May não mudará em nada a posição dos 27 sobre o acordo do Brexit. "O acordo de retirada não está aberto a renegociação", afirmou o premier holandês, Mark Rutte.
A dirigente alemã, Angela Merkel, mostrou-se mais flexível e prometeu trabalhar por um "Brexit ordenado".