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Começa na França primeiro julgamento dos ataques de Paris de 2015

Bares, restaurantes, uma casa de shows e os arredores do estádio da França, foram alvos de ataques simultâneos na noite de 13 de novembro de 2015

Xavier Nogueras, advogado de Jawad Bendaoud, acusado de planejar os ataques de Paris em 2015 (Christian Hartmann/Reuters)

Xavier Nogueras, advogado de Jawad Bendaoud, acusado de planejar os ataques de Paris em 2015 (Christian Hartmann/Reuters)

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AFP

Publicado em 24 de janeiro de 2018 às 12h15.

O primeiro julgamento relacionado aos ataques de Paris de 13 de novembro de 2015 começou nesta quarta-feira na França com Jawad Bendaud no banco dos réus, acusado de ter acobertado dois jihadistas após o massacre que deixou 130 mortos.

Bendaoud era dono do apartamento em que Abdelhamid Abaaud, um importante jihadista do grupo do Estado Islâmico, suposto coordenador dos piores atentados da história recente da França, e seu cúmplice Chakib Akrouh, esconderam-se após o massacre.

Bendaoud foi descoberto cinco dias após os ataques, quando a polícia antiterrorista lançou um assalto a um apartamento localizado em Saint-Denis, subúrbio parisiense, onde dois membros dos comandos jihadistas se refugiaram.

Este homem, agora com 31 anos, contou às câmeras de televisão que transmitiam ao vivo a operação que era o dono do apartamento. "Alguém me pediu que alojasse duas pessoas por três dias e eu fiz", disse, insistindo que "não sabia que eram terroristas".

A polícia o prendeu e ele foi indiciado alguns dias depois. A história surreal viralizou na França e Bendaud foi alvo de escárnio por sua suposta ingenuidade.

Os juízes do tribunal correcional de Paris devem determinar se o réu ajudou os suspeitos a se esconderem ou se realmente não sabia quem eram.

Os juízes de instrução estimaram que Bendaoud sabia que estava abrigando dois dos responsáveis dos atentados de Paris, mas desconhecia seus projetos futuros. Abaaoud e seu cúmplice pretendiam cometer um ataque suicida no dia 18 ou 19 de novembro de 2015 em La Défense, bairro financeiro localizado a oeste de Paris.

O julgamento ocorre alguns dias antes do de Salah Abdeslam, o único sobrevivente dos comandos de Paris, que comparecerá perante os tribunais belgas no início de fevereiro.

"Sou vítima!"

Desde a sua prisão, Bendaoud clama inocência. "Nunca conversei com um membro de um grupo terrorista na minha vida, não tenho nada a ver com os ataques, nem perto ou longe", escreveu em 2016 aos magistrados, antes de admitir que na noite do ataque usou drogas.

Jawad Bendaoud é um criminoso com uma longa ficha criminal. Foi condenado alguns anos antes dos atentados de Paris a oito anos de prisão por uma briga que resultou na morte de um homem.

Desta vez, enfrenta uma pena de seis anos de prisão.

Desde a sua detenção, compareceu três vezes perante os tribunais, por ter posto fogo em sua cela, pelo tráfico de cocaína e por ter ameaçado policiais.

Em 30 de outubro, foi expulso de uma audiência. "Eu sou a vítima!", protestou furiosamente. "Passei dois anos na prisão sem motivo. Não sabia de nada!"

Bendaoud vai a julgamento com dois outros homens: Mohamed Soumah, um de seus amigos, e Youssef Aïtboulahcen, irmão de Hasna Aïtboulahcen, que morreu no assalto policial em 18 de novembro de 2015 no apartamento em Saint-Denis, ao lado de Abaaoud e Akrouh.

Na noite de 13 de novembro de 2015, três comandos jihadistas fortemente armados espalharam terror na capital francesa.

Bares, restaurantes, uma casa de shows e os arredores do estádio da França, foram alvos de ataques simultâneos, que resultaram na morte de 130 pessoas.

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