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Começa apuração no Irã após grande comparecimento às urnas

A votação de sexta-feira foi prorrogada por pelo menos cinco horas porque muitas pessoas ainda estavam esperando na fila

Eleições no Irã: mais de 40 milhões de votos foram registrados (TIMA/Reuters)

Eleições no Irã: mais de 40 milhões de votos foram registrados (TIMA/Reuters)

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Reuters

Publicado em 19 de maio de 2017 às 19h24.

Dubai/Beirute - A apuração dos votos foi iniciada no Irã após uma grande participação popular em uma eleição presidencial inesperadamente apertada que opõe o presidente Hassan Rouhani, que deseja normalizar os laços com o Ocidente, contra um juiz linha-dura que diz que Rouhani foi longe demais.

A votação de sexta-feira foi prorrogada por pelo menos cinco horas porque muitas pessoas ainda estavam esperando na fila, informou a televisão estatal.

Segundo o ministro do Interior, Abdolreza Rahmani-Fazli, mais de 40 milhões de votos foram registrados, indicando um comparecimento de cerca de 70 por cento.

Rouhani, que tem 68 anos e assumiu o cargo quatro anos atrás prometendo abrir o país ao mundo e dar mais liberdade a seus cidadãos, enfrenta um desafio inesperadamente difícil diante de Ebrahim Raisi, um protegido do líder supremo, Ali Khamenei.

A eleição é importante "para o futuro papel do Irã na região e no mundo", disse Rouhani, que fechou um acordo com potências mundiais dois anos atrás para conter o programa nuclear iraniano em troca da suspensão da maioria das sanções econômicas.

Os sinais iniciais de grande participação podem ser uma boa notícia para Rouhani, cujos defensores têm dito que sua maior preocupação era a apatia entre os eleitores reformistas que se decepcionaram com o lento ritmo de mudança.

Raisi, de 56 anos, acusa Rouhani por administrar mal a economia e realizou comícios em áreas pobres prometendo benefícios de bem-estar social e empregos.

Acredita-se que ele tem o apoio da poderosa Guarda Revolucionária, além da aprovação tácita de Khamenei, cujos poderes superam aqueles do presidente eleito, mas que normalmente se abstém do dia a dia da política.

"Respeito o desfecho da votação do povo, e o resultado será respeitado por mim e por todo o povo", disse Raisi depois de votar, de acordo com a agência de notícias semioficial Fars.

No entanto, Raisi apareceu no Ministério do Interior em Teerã na sexta-feira e reclamou de uma escassez de cédulas em muitas seções, de acordo com a Fars. Mais cédulas foram posteriormente enviadas, informou a agência.

Durante semanas de campanha, os dois principais candidatos trocaram acusações de corrupção e brutalidade em debates televisionados de uma hostilidade nunca vista. Ambos negam as respectivas acusações.

Cerca de 350 mil membros das forças de segurança foram mobilizados em todo o país para proteger a eleição, relatou a TV estatal.

No meio do dia o Ministério do Interior disse que não tinha relatos de irregularidades eleitorais até aquele momento, segundo a TV estatal.

Muitos eleitores pró-reforma ainda são apoiadores pouco entusiasmados de Rouhani, já que estão decepcionados com o ritmo lento das mudanças durante seu primeiro mandato.

Mas eles estão preocupados em deter Raisi, que veem como um representante do Estado de segurança no que tem de pior: nos anos 1980 ele foi um dos quatro juízes que condenaram milhares de prisioneiros políticos à morte.

Para os conservadores, a eleição representa uma chance de restaurar os valores da revolução de 1979, que exigem que as autoridades eleitas se subordinem ao clero xiita muçulmano e ao líder supremo.

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