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Combates perto da principal refinaria do Iraque

Exército iraquiano combatia insurgentes sunitas perto da principal refinaria de petróleo do país

John Kerry e Massud Barzani: secretário de estado americano visita o Oriente Médio (Brendan Smialowski/AFP)

John Kerry e Massud Barzani: secretário de estado americano visita o Oriente Médio (Brendan Smialowski/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2014 às 10h40.

Bagdá - O Exército iraquiano combatia nesta terça-feira os insurgentes sunitas perto da principal refinaria de petróleo do país, no momento em que o secretário de Estado americano, John Kerry, tenta promover a unidade política para evitar a fragmentação do Iraque.

Kerry se reuniu em Erbil (norte) com líderes curdos, após prometer a Bagdá um apoio intensivo para deter a ofensiva que permitiu aos jihadistas tomar grandes faixas do território. Até o momento, milhares de iraquianos já deixaram suas casas, o que aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki.

Após a breve visita ao Iraque, Kerry chegou na noite desta terça a Bruxelas, onde comunicou à chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, o "sério problema de segurança no Iraque", revelou a porta-voz do departamento de Estado Jen Psaki.

Kerry, que deve se reunir com seus homólogos dos 28 países da Otan, manifestou sua "viva preocupação com a ameaça do Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL), grupo radical sunita que controla parte do país.

Ao amanhecer, liderados pelo EIIL, os rebeldes lançaram um novo ataque para retomar o controle da refinaria de Baiji, 200 km ao norte de Bagdá. Os soldados conseguiram repelir a agressão, disseram autoridades locais, acrescentando que as tropas no terreno receberam apoio da Força Aérea, que realizou ataques em Baiji.

Uma autoridade local acusou os insurgentes de se esconderem nas casas dos bairros residenciais nas redondezas. Dez crianças e nove mulheres foram mortas nos ataques, de acordo com outro representante do governo, enquanto a TV estatal falou em 19 terroristas mortos.

Em meados de junho, o Exército havia impedido um ataque anterior contra a refinaria. O episódio aterrorizou os mercados de petróleo, sendo o Iraque o segundo maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Esse foi um raro sucesso do Exército, depois de sua derrota total nos primeiros dias da ofensiva lançada em 9 de junho pelas forças insurgentes, que tomaram Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, uma grande parte de sua província Nínive (norte), Trikit e outras áreas das províncias de Saladino (norte), Diyala (leste), Kirkuk (norte) e Al-Anbar (oeste).

Nessas regiões, as autoridades afirmaram que suspenderiam o pagamento dos salários dos funcionários públicos até o final das hostilidades.


Na província ocidental de Al-Anbar, o Exército apoiado por tribos locais repeliu um ataque à cidade de Haditha, que abriga uma grande usina elétrica. A Força Aérea também atacou duas pontes vitais sobre o rio Eufrates, perto da cidade de Al-Qaim, usadas por insurgentes. Pelo menos 13 pessoas morreram.

Iraque em processo de desintegração

Enquanto os jihadistas se encontram a menos de 100 km de Bagdá, Kerry tenta convencer o presidente da região autônoma do Curdistão, Massud Barzani, a participar de um governo de unidade para evitar que o país mergulhe no caos. A missão parece difícil.

Barzani já pediu a saída de Al-Maliki, que parece querer permanecer no poder, apesar das duras críticas à sua política religiosa de marginalização da minoria sunita.

"Como todos sabem, esse é um momento muito crítico para o Iraque, e a formação de um governo é o nosso maior desafio", disse Kerry ao seu interlocutor.

As profundas divergências que assolaram o país bem antes da ofensiva jihadista impediram a formação de um novo governo depois das eleições de abril, quando o bloco de Al-Maliki venceu. Com o avanço rebelde, uma nova administração se torna ainda mais urgente para o país.

Para aumentar a instabilidade, as forças curdas tomaram diversas áreas depois da retirada do Exército frente ao avanço dos insurgentes. Isso inclui a cidade multiétnica e rica em petróleo de Kirkuk, onde o líder do Câmara Municipal foi morto.

"Hoje vivemos em uma era diferente", declarou Barzani em entrevista à rede americana CNN, acusando Al-Maliki de ser o "responsável pelo que aconteceu" no Iraque.

Segundo ele, "o Iraque está claramente em processo de desintegração, e é claro que o governo federal ou central perdeu o controle de tudo".

Reunião da Otan

Kerry, para quem a ofensiva jihadista representa uma ameaça à integridade do Iraque, prometeu um apoio eficaz, se as forças políticas trabalharem pela unidade do país. O presidente Barack Obama já anunciou o envio de conselheiros militares para ajudar o Exército, mas excluiu o envio de homens.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, mais de mil pessoas morreram entre 5 e 22 de junho em várias regiões do país.

"Pelo menos 757 civis morreram,, e 599 ficaram feridos nas províncias de Nínive, Diyala e Saladino entre 5 e 22 de junho. Pelo menos 318 pessoas morreram, e 590 ficaram feridas durante o mesmo período em Bagdá e nas regiões do sul", declarou o porta-voz do Alto Comissariado, Rupert Colville.

"O EIIL divulgou dezenas de vídeos que mostram um tratamento cruel, decapitações e fuzilamentos fora de combate de soldados, policiais e pessoas atacadas aparentemente por sua religião ou origem étnica, incluindo os xiitas e os grupos minoritários como os turcomanos, os shabak, os cristãos e os Yezidis", denunciou Colville.

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