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Combates na Ucrânia obrigam OSCE a cancelar visita

Trinta especialistas médicos-legais holandeses e uma equipe de policiais desarmados deste país e da Austrália se preparavam neste domingo para visitar o local


	Acidente: as tropas holandesas e australianas aguardam há dias para viajar à Ucrânia
 (Bulent Kilic/AFP)

Acidente: as tropas holandesas e australianas aguardam há dias para viajar à Ucrânia (Bulent Kilic/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2014 às 10h28.

Policiais holandeses e australianos, acompanhados pela OSCE, cancelaram neste domingo uma visita ao local onde o avião da Malaysia Airlines foi derrubado, em meio aos combates entre o exército ucraniano e os separatistas pró-russos.

Os disparos de artilharia eram ouvidos a apenas um quilômetro do local do impacto do avião e se erguia uma coluna de fumaça negra, observou um fotógrafo da AFP, que viu pessoas fugindo. Os insurgentes abandonaram um de seus postos de controle.

Dez dias após a queda do Boeing 777 da Malaysia Airlines que cobria a rota Amsterdã-Kuala Lumpur com 298 pessoas a bordo, ainda existem restos de corpos e do avião espalhados pela zona, na qual os inspetores têm apenas um acesso limitado.

Trinta especialistas médicos-legais holandeses e uma equipe de policiais desarmados deste país e da Austrália se preparavam neste domingo para visitar o local pela manhã, mas precisaram desistir por motivos de segurança.

"Continuam ocorrendo combates. Não podemos nos arriscar", declarou Alexander Hug, vice-diretor da missão especial na Ucrânia da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que supervisionava a viagem.

"As condições de segurança em direção ao local e no próprio local são inaceitáveis para uma missão de observadores desarmados", acrescentou, afirmando que poderão tentar se aproximar na segunda-feira.

Em Haia, o ministério da Justiça confirmou que sua equipe permanecerá em Donetsk, reduto dos insurgentes a 60 km do local da catástrofe.

"A situação ainda é muito instável", indicou.

Pouco antes desta retomada das tensões, o governo malaio havia anunciado um acordo com os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia sobre a mobilização de uma missão policial internacional para garantir a segurança do local e permitir uma investigação independente.

A missão estará composta por 68 policiais malaios que partirão na quarta-feira de Kuala Lumpur em direção ao local e de forças holandesas e australianas - os dois países perderam respectivamente 193 e 28 cidadãos na tragédia -, anunciou o governo malaio em um comunicado.

As tropas holandesas e australianas aguardam há dias para viajar à Ucrânia.

A Holanda lidera o processo de identificação das vítimas e realiza uma investigação para esclarecer o ocorrido com o avião derrubado por um míssil.

Kiev e os Ocidentais acusam os insurgentes pró-russos e seus protetores no Kremlin.

Uma equipe médica-legal holandesa já havia visitado a região, mas não a polícia científica encarregada da investigação, devido à falta de segurança.

Muitos corpos já foram enviados à Holanda, onde uma primeira vítima foi identificada no sábado.

"Era cheia de vida"

O trabalho dos especialistas é comprometido pelos combates entre o exército de Kiev e os separatistas que se intensificam na região, apesar de um cessar-fogo frágil declarado nos arredores da zona do impacto.

A cidade de Donetsk, a maior da região e que serviu de base aos observadores internacionais e jornalistas que viajam diariamente ao local da catástrofe, foi alvo de intensos disparos e bombardeios durante a noite.

Ignorando as advertências de segurança, um casal de australianos cuja filha morreu na queda do avião viajou ao local da tragédia no sábado sem nenhum tipo de escolta.

"Era cheia de vida", declarou Angela Rudhart-Dyczynski, referindo-se a Fátima, de 25 anos, estudante de engenharia aeroespacial.

Os insurgentes pró-russos, criticados em nível internacional por sua gestão do local da catástrofe e pelo tratamento reservado aos corpos, declararam ter enviado às autoridades holandesas pertences das vítimas.

Em Bruxelas, a União Europeia (UE) prepara novas sanções contra a Rússia, acusada de entregar armas aos insurgentes, acusados, por sua vez, da queda do avião.

A UE considera sanções dirigidas a setores econômicos concretos, incluindo um embargo sobre as armas, e na terça-feira deve revelar o nome de novas personalidades e entidades sancionadas.

Moscou considerou a iniciativa irresponsável e alertou que coloca em risco a cooperação em temas de segurança.

Enquanto isso, em Kiev, os deputados se reúnem durante a semana para analisar o futuro do primeiro-ministro Arseni Yatseniuk, após sua renúncia pelo colapso de sua coalizão.

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