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Combatentes curdos avançam contra jihadistas no Iraque

Retomada da represa de Mossul foi o maior revés infligido aos combatentes do EI desde que lançaram sua grande ofensiva no norte do Iraque em junho

Um peshmerga (combatente curdo) faz o sinal da vitória em um veículo de guerra, em meio à luta contra os jihadistas do Estado Islâmico, 20 quilômetros a leste de Mossul (Ahmad al-Rubaye/AFP)

Um peshmerga (combatente curdo) faz o sinal da vitória em um veículo de guerra, em meio à luta contra os jihadistas do Estado Islâmico, 20 quilômetros a leste de Mossul (Ahmad al-Rubaye/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2014 às 17h28.

Erbil - Forças curdas apoiadas por aviões militares americanos mantinham nesta segunda-feira sua ofensiva contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI) depois de terem tomado o controle da represa mais importante do Iraque, em um contexto de crescente envolvimento militar de Washington e Londres.

Diante das ameaças sofridas pelos cristãos e por outras minorias, o papa Francisco pediu uma ação coletiva da ONU para "impedir a agressão injusta", e se disse "disposto" a ir ao Iraque, se necessário, para levar alívio a dezenas de milhares de deslocados.

A retomada da represa de Mossul, no norte do Iraque, foi o maior revés infligido aos combatentes do EI desde que lançaram sua grande ofensiva no norte do Iraque em junho, levando as forças de segurança iraquianas a fugir.

Um porta-voz da Segurança iraquiana, o tenente-general Qasem Atta, confirmou nesta segunda-feira que a represa de Mossul havia sido completamente liberada graças a uma operação conjunta de "forças antiterroristas (iraquianas) e forças peshmergas (curdas) com apoio aéreo".

Depois de terem retomado no domingo a represa de Mossul, as forças curdas lutavam contra os jihadistas na cidade de Tal Kayf, a sudeste desse local, onde um "pequeno número" de combatentes ultra-radicais ainda resiste, indicou um oficial curdo.

"Os aviões bombardeiam e os peshmergas avançam", declarou um combatente curdo.

Jornalistas da AFP viram colunas de fumaça em uma área atacada após um sobrevoo de aviões de combate perto da represa situada a 50 km de Mossul, bastião do EI conquistado no segundo dia de sua ofensiva.

De acordo com o Exército americano, 15 ataques atingiram posições do EI mas imediações da represa. No domingo, 14 ataques foram efetuados na mesma região, um dos bombardeios mais fortes contra o EI desde o início dos ataques americanos, em 8 de agosto.

A ameaça dos jihadistas

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, havia informado no domingo por meio de uma carta ao Congresso americano a respeito dos ataques, lançados para apoiar as forças iraquianas com o objetivo de recuperar a represa de Mossul.

Segundo Obama, a queda da represa em poder dos jihadistas poderia "ameaçar a vida de muitos civis, colocar em risco funcionários e instalações americanas, incluindo a embaixada em Bagdá, além de impedir o governo iraquiano de fornecer serviços básicos à população do país".

Já o primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que os combatentes do EI são uma ameaça direta para o Reino Unido, e se declarou disposto a usar todos os meios para frear seu avanço.

Cameron, em um texto publicado no domingo no Sunday Telegraph, afirmou que algum grau de envolvimento militar no Iraque se justifica devido à ameaça que a instauração de um estado terrorista representaria para a Europa e seus aliados.

Seu ministro da Defesa, Michael Fallon, afirmou que o compromisso de Londres com o Iraque não é apenas humanitário e pode durar vários meses.

O Iraque está mergulhado no caos desde que os jihadistas sunitas iniciaram uma ofensiva no dia 9 de junho ao norte de Bagdá, que se estendeu no início de agosto às localidades próximas à região autônoma do Curdistão.

Após o lançamento desta ofensiva, as forças curdas tomaram o controle de várias zonas do norte do país abandonadas pelas forças iraquianas e lançaram um projeto de referendo de independência do Curdistão no início de julho.

Em dois meses de violência, as potências ocidentais, aliviadas com a saída do polêmico primeiro-ministro Nuri al-Maliki - acusado de semear o caos no país com sua política de exclusão dos sunitas -, enviaram ajuda humanitária às centenas de milhares de refugiados que fugiam dos jihadistas, assim como armas às forças curdas.

Os Estados Unidos incluíram em sua lista negra de "terroristas internacionais" o porta-voz do EI, Abu Mohamed al-Adnani, que havia anunciado em nome de seu grupo a criação do califado e pedido a tomada de Bagdá.

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