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Comandante polemiza ao defender uso da força em Israel

Cansados da ocupação israelense em seus territórios, os jovens palestinos multiplicam seus ataques contra soldados e colonos judeus


	Confrontos: cansados da ocupação israelense em seus territórios, os jovens palestinos multiplicam seus ataques contra soldados e colonos judeus
 (Mohamad Torokman / Reuters)

Confrontos: cansados da ocupação israelense em seus territórios, os jovens palestinos multiplicam seus ataques contra soldados e colonos judeus (Mohamad Torokman / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2016 às 16h56.

Israel - O chefe do Estado-Maior de Israel, Gadi Eisenkot, deflagrou um acalorado debate ao defender o uso proporcional da força por parte dos soldados, em um país sob tensão devido à violência gerada pelo conflito entre israelenses e palestinos.

Cansados da ocupação israelense em seus territórios, desde 1º de outubro, os jovens palestinos multiplicam seus ataques, em geral cometidos com arma branca, contra soldados e colonos judeus.

Vários deles foram imediatamente abatidos pelas forças de segurança israelenses.

Em alguns casos, as versões palestinas e israelenses divergem sobre a realidade das ameaças e sobre a proporcionalidade da resposta armada.

"Quando uma garota de 13 anos, com uma tesoura ou uma faca na mão, mantém a distância dos soldados, não quero que um deles descarregue sua arma sobre ela, mesmo que (a jovem) cometa um ato muito grave em si", declarou o general Eisenkot a estudantes em 17 de fevereiro passado.

"Deve-se usar a força necessária", acrescentou, dando a entender que, às vezes, era além.

Essas palavras - que refletem um dos princípios básicos do Estado de Direito em vários países, neste caso, o uso proporcional da força por policiais e/ou soldados - levantam, porém, um apaixonado debate em Israel. Desde sua criação, em 1948, o país conheceu oito guerras.

Uma das personalidades mais duras do governo já bastante conservador do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o ministro dos Transportes, Israel Katz, advertiu para as incertezas que essas palavras podem gerar entre os soldados.

A ministra adjunta das Relações Exteriores, Tzipi Hotovely, manifestou sua preocupação com o fato de que o chefe do Estado-Maior parece dar razão aos que acusam os israelenses de uso desproporcional da força.

"Nunca um soldado israelense descarregou sua arma contra uma menina de 13 anos", frisou.

Já Hanan Ashraui, membro da direção palestina, disse se surpreender que posições que são simplesmente de "senso comum e de responsabilidade moral" causem tanta admiração.

Um comandante moderado

O general Eisenkot, de 55 anos, forjou a reputação de um homem moderado. Começou como soldado raso em uma brigada na linha de frente, tornando-se chefe desta mesma brigada. Foi, então, galgando posições no Exército e participou das guerras no Líbano.

Assumiu como chefe do Estado-Maior adjunto em 2014, chegando ao posto máximo em 2015.

É considerado um militar que defendeu - apesar da violência palestina e das pressões da direita israelense - não um aumento da repressão, e sim medidas que facilitem a vida dos palestinos: mais vistos de trabalho em Israel e mais liberdade de movimento para eles.

O general Eisenkot também causou polêmica ao declarar que o acordo nuclear das grandes potências com o Irã - denunciado abertamente por Netanyahu - apresenta riscos, mas abre caminho para oportunidades.

Para o analista em temas de segurança Yossi Melman, que escreve no jornal Jerusalem Post, este general "é um pouco como um malabarista confrontado com tantos interesses contraditórios".

"Mas consegue manter todas as bolas no ar ao mesmo tempo", conclui.

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