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Com Trump, Fillon e Síria, conjuntura internacional sorri a Putin

Com a popularidade do presidente russo, o Kremlin poderia aproveitar a ocasião para avançar em algumas questões espinhosas

Vladimir Putin: apesar de popularidade, ainda há figuras confrontado o presidente russo (Getty Images)

Vladimir Putin: apesar de popularidade, ainda há figuras confrontado o presidente russo (Getty Images)

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AFP

Publicado em 30 de novembro de 2016 às 14h21.

A chegada ao poder de simpatizantes dos russos na Europa, Estados Unidos e os avanços do aliado sírio Bashar al Assad em Aleppo, são boas notícias para o presidente russo Vladimir Putin, até então isolado no cenário internacional, de acordo com cientistas políticos russos.

Em 8 de novembro, Donald Trump, que não esconde sua simpatia pelo presidente russo, conquistou a Casa Branca e prometeu construir "relações fortes" com Moscou. Menos de uma semana depois, foi a vez do pró-russo Roman Radev na Bulgária e Igor Dodon na Modálvia chegarem ao poder.

E domingo, na França, a direita escolheu como candidato para a presidencial de 2017 o ex-primeiro-ministro François Fillon, que defende laços mais estreitos com Moscou, assim como a líder da extrema-direita Marine Le Pen, que não poupa elogios a Vladimir Putin.

Com a eleição nos Estados Unidos e na Europa de líderes que falam de uma aproximação com Moscou, Putin parece cada vez mais central nos debates que abalam o Ocidente neste início de século XXI.

Para Maria Lipman, especialista do centro Carnegie em Moscou, esta nova situação é o resultado de uma "política trabalhada há tempos, e cujos frutos são colhidos hoje".

"Se Vladimir Putin é cada vez mais popular, é porque as pessoas são cada vez mais atraídas por líderes que se posicionam contra o establishment", enfraquecido por várias crises políticas e econômicas, explica.

Se seu nome está na boca de todos, o presidente russo, no entanto, percorreu um longo caminho até aqui: em março de 2014, após a anexação por Moscou da península ucraniana da Crimeia, foi condenado ao ostracismo e a uma série de sanções europeias e americanas, enfraquecendo sua economia.

Então, em setembro de 2015, com o lançamento das operações militares em apoio ao exército sírio, atraiu críticas: a Rússia é acusada por vários países ocidentais de ser cúmplice de "crimes de guerra" em Aleppo, epicentro do conflito sírio.

Putin, "alternativa" a Washington

Contra a Rússia, Bruxelas, um dos centros nervosos do poder no cenário internacional, sofreu um grande revés: em junho, os britânicos votaram por uma saída da União Europeia, já enfraquecida pelo fortalecimento de correntes populistas.

Do outro lado do Atlântico, várias derrotas da política externa americana mina a autoridade de Washington no mundo, principalmente sobre a questão síria, onde Moscou assumiu a liderança.

Neste cenário, Vladimir Putin aparece como uma alternativa viável para Washington e Bruxelas, analisa o cientista político russo Konstantin Kalatchev.

"O entusiasmo por Putin, advém especialmente do desejo de acabar com um mundo unipolar, encontrar um novo equilíbrio global", explica.

Segundo ele, Putin seduz porque "se apresenta como um homem simples, que sabe como gerenciar o perigo e que pode dobrar os Estados Unidos".

Especialmente porque o presidente russo é percebido como "o poderoso herdeiro dos líderes comunistas" que se opunham ao Ocidente, acrescenta Maria Lipman.

Acabar com as sanções

Com a popularidade do presidente russo, o Kremlin poderia aproveitar a ocasião para avançar seus peões em algumas questões espinhosas, como as sanções contra Moscou ou a Síria.

"O custo que o povo russo pagou para que Putin alcançasse esta posição de força nos assuntos internacionais, é enorme: houve um verdadeiro colapso dos padrões de vida", especialmente por causa das sanções americanas e europeias contra Moscou, afirma Maria Lipman.

A prioridade será capitalizar sobre estas novas simpatias no círculo das elites dirigentes para forçar o levantamento destas sanções, avisa.

Um cenário plausível: Donald Trump, dois candidatos à presidência francesa - François Fillon e Marine Le Pen -, mais a Bulgária, Hungria, República Checa, Eslováquia, são a favor da revogação das sanções.

Mas, confrontado Vladimir Putin, ainda há a chanceler alemã, Angela Merkel, que cobra firmeza contra Moscou sobre a Crimeia e se opõe aos bombardeios russos em Aleppo.

O Kremlin também tem que lidar com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan: apesar do aquecimento das relações, Ancara continua a apoiar os rebeldes.

Independentemente disso, sobre a questão da Síria, Vladimir Putin "já é o vencedor: ele conseguiu fazer crer que a escolha foi reduzida a Bashar al-Assad ou a organização Estado Islâmico", diz Maria Lipman. "Esta posição de negociação é agora quase inabalável."

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