Mundo

Com presença de Eduardo Bolsonaro, Brasil abre escritório em Jerusalém

O escritório comercial veio seguido de declarações de Eduardo Bolsonaro confirmando a intenção do Brasil de instalar uma embaixada na cidade

Benjamin Netanyahu e Eduardo Bolsonaro em abertura de escritório neste domingo 15: relação próxima de Brasil com Israel (AFP/AFP)

Benjamin Netanyahu e Eduardo Bolsonaro em abertura de escritório neste domingo 15: relação próxima de Brasil com Israel (AFP/AFP)

A

AFP

Publicado em 15 de dezembro de 2019 às 13h40.

O Brasil abriu um escritório comercial em Jerusalém neste domingo 15, na presença de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, que confirmou a intenção de seu pai de transferir a embaixada do país para a Cidade Santa.

A abertura do escritório já havia sido anunciada pelo presidente em março, durante visita a Israel. Bolsonaro detalhou na ocasião que o escritório, que é uma representação da agência brasileira de promoção de comércio e investimento (Apex), seria responsável pelas áreas de ciência, tecnologia e inovação e negócios.

O escritório comercial da Apex não tem status diplomático, e a embaixada brasileira em Israel fica hoje em Tel-Aviv, capital israelense. Mas, na cerimônia deste domingo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) reafirmou que seu pai ainda deseja mudar a embaixada para Jerusalém. "Me disse que é certo, é um compromisso, vai transferir a embaixada para Jerusalém, fará isso", afirmou.

O status da cidade de Jerusalém é uma das questões mais complexas do conflito israelense-palestino. Israel ocupa Jerusalém Leste desde a guerra de 1967 e depois anexou a região, um ato que nunca foi reconhecido pela comunidade internacional.

Israel considera toda a cidade como sua capital, enquanto os palestinos querem transformar Jerusalém Leste na capital do estado a que aspiram.

A maioria das embaixadas estrangeiras está localizada em Tel-Aviv, para não interferir nas negociações entre israelenses e palestinos. Em maio de 2018, os Estados Unidos transferiram sua embaixada para Jerusalém por decisão de Donald Trump, que historicamente tem relação ruim com os países árabes e mais próxima a Israel.

O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, esteve presente na cerimônia de abertura do escritório brasileiro ao lado de Eduardo e comemorou "o compromisso do presidente Bolsonaro de abrir uma embaixada em Jerusalém no próximo ano".

"Queremos dar esse passo em Jerusalém, não apenas para o Brasil, mas como um exemplo para o resto da América Latina", disse Eduardo, que também preside a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Problemas com os árabes

Na eleição do ano passado, Bolsonaro prometeu a seus apoiadores evangélicos que transferiria a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém para aproximar mais o Brasil de Israel. No ano passado, Bolsonaro também disse que a Palestina não é um país e que não deveria ter uma embaixada em Brasília, embora em 2010 o Brasil tenha reconhecido o Estado da Palestina e suas fronteiras de 1967.

Mas o presidente recuou diante da pressão interna de generais e da equipe econômica do governo, que sublinharam a necessidade de laços econômicos mais fortes com as nações árabes.

Neste cenário, a relação do Brasil com os árabes sofreu desgastes no governo Bolsonaro, mas a situação se havia se apaziguado sobretudo após uma viagem do presidente brasileiro a países árabes, em outubro. A viagem de Bolsonaro foi uma continuidade de um trabalho iniciado pela ministra da Agricultura, Teresa Cristina, que visitou os países árabes no mês passado. Nos dias que passou no Oriente em setembro, a ministra conseguiu fazer o Brasil voltar a vender produtos lácteos para o Egito e apresentou propostas de investimentos.

Ao todo, o Brasil vendeu aos 22 países da Liga Árabe entre janeiro e setembro 9,3 bilhões de dólares, em produtos como carne bovina e de frango, além de milho, ferro, soja e açúcar.

Acompanhe tudo sobre:Conflito árabe-israelenseGoverno BolsonaroIsraelJerusalém

Mais de Mundo

O que se sabe sobre o novo míssil balístico russo Oreshnik, usado em ataque na Ucrânia

Rússia notificou EUA sobre lançamento de novo míssil com 30 minutos de antecedência

Biden chama mandado de prisão para Netanyahu e Gallant de “ultrajante”

Trump escolhe ex-procuradora-geral da Flórida como secretária de Justiça