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Com pacote trilionário e casos despencando, Biden faz 1º pronunciamento na TV

O presidente americano, Joe Biden, falará em horário nobre nos EUA nesta quinta-feira, marcando um ano desde que os EUA entraram na primeira quarentena

Joe Biden: avanço da vacinação tem feito número de casos de covid-19 diminuir nos EUA (Tom Brenner/Reuters)

Joe Biden: avanço da vacinação tem feito número de casos de covid-19 diminuir nos EUA (Tom Brenner/Reuters)

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Carolina Riveira

Publicado em 11 de março de 2021 às 06h00.

Última atualização em 11 de março de 2021 às 10h29.

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Se há um político no mundo com alguns motivos para comemorar, esse é o americano Joe Biden. O democrata faz na noite desta nesta quinta-feira, 11, seu primeiro pronunciamento nacional em horário nobre na televisão, um dia após ver seu pacote de estímulo de 1,9 trilhão de dólares aprovado no Congresso.

No pronunciamento de hoje, Biden prometeu detalhar o que chamou de "próxima fase" dos EUA no combate à pandemia. A data é simbólica: há cerca de um ano, as primeiras cidades iniciavam quarentenas nos EUA para conter a ameaça do coronavírus, que começava a chegar ao país após já ter se espalhado por Ásia e Europa.

Na fala de hoje, um ano depois, Biden deve reforçar o tom conciliatório que marcou sua campanha à presidência, agradecer pelos esforços de contenção do vírus e prestar solidariedade às quase 530.000 vítimas da covid-19 nos EUA. Ontem, o presidente afirmou que falará "sobre o que a população americana passou neste último ano". "Mas, mais importante, vou falar sobre o que vem agora", disse.

Nesta frente, Biden deve usar a oportunidade para comemorar a aprovação do pacote de estímulo e angariar pontos junto à população com o "auxílio emergencial" planejado. Do caminhão de dinheiro que estará à disposição do governo, 1 trilhão de dólares será para pagamentos diretos a parte dos cidadãos. Cidadãos de renda baixa e média ganharão 1.400 dólares (em parcela única), enquanto outra fatia do recurso será usada para ampliação dos pagamentos de seguro-desemprego.

Outras parcelas serão ainda destinadas a apoio a pequenos negócios afetados pela crise, a governos locais e até mesmo à adaptação da infraestrutura de escolas para as aulas durante a pandemia.

Esse é o maior pacote de estímulo aprovado na pandemia, maior que o de 1,7 trilhão de dólares de março do ano passado e os 915 bilhões de dezembro — ambos ainda sob governo Trump. Segundo análise do Urban Institute, o dinheiro pode reduzir a pobreza nos EUA em um terço.

Além do pacote de estímulo, uma das principais apostas americanas para a economia nos próximos meses é o avanço da vacinação. Nesta quarta-feira, 10, Biden se reuniu com executivos da Johnson & Johnson's e tenta negociar outras 100 milhões de doses da vacina da fabricante até o fim do ano, que teve 66% da eficácia com somente uma dose.

O acordo dobraria as doses da J&J disponíveis para os EUA, que já compraram outras 100 milhões de doses, a serem recebidas ainda no primeiro semestre.

Biden prometeu ter vacinas para todos os adultos dos EUA até maio, após costurar um acordo entre a J&J e a Merck americana (chamada MSD no Brasil), para que a segunda use sua infraestrutura para ajudar a produzir as vacinas.

Só com as americanas Pfizer e Moderna, o governo dos EUA já tem acordo para 600 milhões de doses, o suficiente para vacinar 300 milhões de americanos com duas doses, quase a totalidade da população. "É um esforço de guerra, precisamos de flexibilidade máxima", disse Biden sobre a compra extra de imunizantes.

Biden disse que, caso sobrem vacinas, os EUA "irão compartilhá-las com o resto do mundo". 

Depois de um começo lento, os americanos têm conseguido vacinar mais de 2 milhões de pessoas por dia. O país tem usado por enquanto as vacinas de Pfizer e Moderna, ambas com tecnologia de RNA mensageiro, e mais recentemente a vacina da J&J, em menor escala.

São até agora mais de 95 milhões de doses aplicadas, cerca de 29 doses a cada 100 habitantes. Quase 19% da população recebeu ao menos a primeira dose, e quase 10% já recebeu a segunda.

Com mais de 330 milhões de habitantes, os EUA são o país mais populoso a chegar a tamanha cobertura da população, perdendo somente para países menores, como Israel (98 doses/100 habitantes) e Reino Unido (36 doses/100 habitantes). No Brasil, a porcentagem de vacinados está em cerca de 4%.

O avanço da vacinação nos EUA tem feito cair o número de novos casos e óbitos por covid-19 no país. A média móvel de novos casos diários caiu quase 70% desde janeiro, de quase 250.000 casos diários para menos de 60.000 casos. A média móvel de mortos está abaixo de 1.600 vítimas por dia, taxa que ainda é preocupante, mas já é hoje similar à do Brasil, que tem população menor — e vem batendo recorde de mortes diárias com a disseminação da variante P1, encontrada em Manaus.

A expectativa é que, se o contágio seguir caindo, mais medidas de flexibilização possam ser empregadas nos EUA, auxiliando na retomada econômica. O PIB americano fechou 2020 com queda de 3,5%. Para este ano, a OCDE revisou a projeção de 3,2% para 6,5% em seu relatório nesta semana, já levando em conta a aprovação do estímulo e as perspectivas de vacinação rápida. 

Apesar dos avanços na imunização, a julgar por suas declarações nesta semana, Biden também deve pedir aos americanos que sigam tomando medidas de contenção contra o vírus até que a vacinação esteja completa, marcando novamente as mudanças no tom de seu discurso em relação ao antecessor. "Há uma luz no fim deste túnel escuro do último ano. Não podemos abaixar nossa guarda agora ou assumir que a vitória é inevitável", disse.

 

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