Faixa de Gaza: com o aumento da tensão nesta semana, líderes buscam acordo (Amir Cohen/Reuters)
EFE
Publicado em 29 de março de 2019 às 15h06.
Jerusalém — O movimento islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, avalia as opções para alcançar um cessar-fogo durável com Israel com mediação do Egito e "analisa seriamente" as oposições israelenses com objetivo de chegar a um acordo, disse em comunicado divulgado nesta sexta-feira, 29, o chefe político do grupo, Ismail Haniyeh.
"O Hamas trabalha com a delegação egípcia, que está atualmente em Gaza para resolver a crise humanitária da Faixa", declarou Haniyeh, que acrescentou que o grupo busca o "fim ao bloqueio" imposto por Israel ao enclave desde 2007.
Entre as condições propostas estão que Israel permita o acesso de mais ajuda humanitária à Faixa e a implementação de projetos de desenvolvimento, reconstrução e criação de empregos para jovens e graduados. Além disso, o Hamas pede uma abertura das passagens fronteiriças, a expansão da zona de pesca para 12 milhas náuticas e a reparação das linhas elétricas que não funcionam para acabar com o déficit energético no enclave.
Em troca, apontaram ontem veículos de imprensa locais, os egípcios pedem ao Hamas que afaste os manifestantes palestinos da cerca de separação para evitar enfrentamentos, que acabe com os protestos noturnos que acontecem diariamente na divisa e que deixem de lançar balões incendiários para território israelense.
"Nos encontramos em uma grande encruzilhada", disse Haniyeh, que, afirmou que os fatos das próximas horas marcarão a evolução dos eventos.
Amanhã (30), os palestinos celebrarão o primeiro aniversário da Grande Marcha do Retorno, protestos que se repetem semanalmente há um ano diante da cerca de separação entre Gaza e Israel para pedir o direito ao retorno dos refugiados e o fim do bloqueio. Desde o início das marchas, segundo números do escritório de assuntos humanitários da ONU nos territórios ocupados (OCHA), 271 palestinos morreram por fogo israelense, 195 nas manifestações e 76 em outros incidentes violentos. Além disso, morreram dois militares israelenses, um durante os protestos e outro em uma operação encoberta dentro do enclave.
Neste ano, as manifestações viveram oito escaladas militares entre as milícias palestinas de Gaza e Israel - a última nesta semana -, com projéteis para território israelense e bombardeios israelenses sobre a Faixa. As escaladas foram apaziguadas por frágeis tréguas com a mediação do Egito e das Nações Unidas.
Após o recente aumento de tensão e diante dos protestos palestinos na cerca convocados para amanhã, o Exército israelense se mantém em alerta na divisa com Gaza, com um reforço de tropas na área e um dispositivo de resposta preparado nos principais pontos da cerca de separação.