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Com maioria parlamentar, Macron pode iniciar reformas na França

A nível nacional, suas prioridades incluem moralizar a política, reformar as leis trabalhistas e fortalecer o arsenal de luta contra o terrorismo

Emmanuel Macron: o desafio de uma renovação política foi cumprido com o fim do bipartidarismo direta-esquerda e a proeminência de um bloco centrista (Bertrand Guay/Pool/Reuters)

Emmanuel Macron: o desafio de uma renovação política foi cumprido com o fim do bipartidarismo direta-esquerda e a proeminência de um bloco centrista (Bertrand Guay/Pool/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de junho de 2017 às 10h59.

Com uma clara maioria na Assembleia Nacional, o presidente centrista, Emmanuel Macron, pode iniciar as reformas, incluindo várias delicadas, que espera realizar na França e na Europa.

O desafio de uma renovação política foi cumprido com o fim do bipartidarismo direta-esquerda e a proeminência de um bloco centrista, com um número recorde de mulheres e novos eleitos (424 de 577).

Suas prioridades a nível nacional: moralizar a política, reformar as leis trabalhistas e fortalecer o arsenal de luta contra o terrorismo.

O primeiro-ministro francês Édouard Philippe deverá, em breve, anunciar a renúncia de seu governo, uma formalidade clássica depois das eleições legislativas. Isso completa a conquista do mais jovem presidente da França.

O chefe de Governo, da ala moderada do partido de direita Os Republicanos, deve reassumir o posto ao final de uma "reforma técnica" de alcance limitado, de acordo com o porta-voz do governo, Christophe Castaner.

O partido de Macron, República em Marcha (REM), e seu aliado MoDem conquistaram no domingo uma maioria absoluta confortável na Assembleia, varrendo os outros partidos: 350 dos 577 assentos, dos quais 308 apenas para o REM.

O Partido Socialista obteve apenas 29 eleitos contra 284 na atual Assembleia. Os Republicanos conseguiram manter 113 (131 com seus aliados centristas).

Já o partido Frente Nacional de extrema-direita conquistou 8 cadeiras (contra duas anteriormente), incluindo uma para a sua presidente Marine Le Pen.

Os resultados, no entanto, não significam carta branca para o presidente, em razão da abstenção histórica (57% no segundo turno contra 51,3% no primeiro).

"Conquistamos uma maioria clara, mas ao mesmo tempo os franceses não quiseram assinar um cheque em branco", admitiu Christophe Castaner.

"O povo entrou em greve geral cívica", lançou por sua vez o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, eleito por Marselha (sul) e cujo partido, França Insubmissa, conquistou 17 assentos.

A votação consagrou os jovens partidos e os novos na política: 91% dos novos deputados do REM e 100% do França Insubmissa nunca passaram pelo Parlamento.

Agenda europeia

Dos 345 deputados candidatos à reeleição, apenas 140 conseguiram um novo mandato.

"Há um ano, ninguém imaginava uma tal renovação política", ressaltou domingo à noite Édouard Philippe.

"Só a abstenção recorde mancha uma vitória que nenhum comentarista antecipava no início da temporada", analisou nesta segunda-feira o jornal de esquerda Libération.

"Em duas eleições e quatro turnos, a revolução Em Marcha!, na qual ninguém acreditava, varreu a França como um tsunami", comentou o jornal de direita Le Figaro.

Para o constitucionalista Didier Maus, "os alvos foram todos aqueles que representavam um sistema anterior, e agora tentamos outra coisa".

Nesta configuração, o chefe de Estado, que "caminha sobre a água", segundo The Economist, tem mãos livres para executar delicadas reformas de inspiração social-liberal.

Com o controle da Assembleia Nacional, Emmanuel Macron tem sua posição reforçada a nível europeu, às vésperas de um Conselho Europeu e no início das negociações do Brexit.

Europeu convicto, defende "uma França forte numa Europa forte" e deve participar em Bruxelas neste Conselho de 22 a 23 de junho dedicado a questões fundamentais como a "migração, segurança e defesa".

Ele se reuniu nos últimos dias com vários líderes europeus para discutir o renascimento de uma UE impopular, confrontada a várias crises e pressionada por movimentos nacionalistas.

A chanceler alemã Angela Merkel, que se prepara para uma sequência eleitoral, felicitou Macron por sua "clara maioria parlamentar", de acordo com seu porta-voz.

Seu ministro das Relações Exteriores, Sigmar Gabriel, considerou que o caminho está livre "para as reformas".

Os novos parlamentares começaram a chegar nesta segunda-feira no Palácio Bourbon. Entre eles, 223 mulheres, um número recorde.

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