Trump: Faltando nove meses para as eleições presidenciais, a influência de Donald Trump já é perceptível (Jeff Swensen/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 6 de fevereiro de 2024 às 07h02.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2024 às 10h35.
Faltando nove meses para as eleições presidenciais, a influência de Donald Trump já é perceptível: o ex-presidente ameaça, através de seus aliados no Congresso, enterrar esta semana qualquer futura ajuda americana à Ucrânia.
O balde de água fria veio minutos depois de o texto, resultado de vários meses de negociações no Senado, se tornar público.
O projeto de lei prevê 60 bilhões de dólares (R$ 300 bilhões) para Ucrânia e 14 bilhões (R$ 70 bilhões) a Israel. Também contém uma reforma do sistema migratório americano, um tema quente da campanha eleitoral, para a qual destinam US$ 20 bilhões (R$ 100 bilhões).
Há meses os republicanos pedem uma política mais firme diante da chegada de um grande número de migrantes, muitos deles latino-americanos, à fronteira com o México.
Segundo eles, o texto não irá muito longe. Mike Johnson, presidente da Câmara dos Representantes, aliado de Donald Trump, o dá por "moribundo".
O republicano Mike Johnson após ser eleito presidente da Câmara dos Representantes, em 25 de outubro de 2023, no Capitólio, em Washington
Os democratas, por sua vez, insistem em que é o texto "mais duro" em décadas sobre política migratória e que conta com apoio do presidente democrata Joe Biden, candidato à reeleição. Contudo, nestas negociações, a última palavra está com seu antecessor e provável adversário em novembro.
Sem o apoio dos republicanos na Câmara, a maioria deles leais a Donald Trump, o texto não dará em nada. Para ser adotado, este importante projeto de lei deve ser aprovado por ambas as câmaras do Congresso. Os democratas têm maioria no Senado, mas os republicanos controlam a Câmara.
Em dois anos, desde o início da guerra na Ucrânia, o Congresso desembolsou mais de 110 bilhões de dólares (R$ 550 bilhões, na cotação atual). Agora, muitos republicanos querem fechar a torneira.
Em sua maioria, seguem diretrizes de Donald Trump, que afirma que, se for reeleito em novembro, resolveria a guerra entre Rússia e Ucrânia "em 24 horas", mas sem explicar como.
Na manhã desta segunda-feira, o ex-presidente se manteve firme. Donald Trump sabe que votar por um texto consensual seria uma vitória para seu rival democrata.
"Apenas um idiota, ou um democrata radical de esquerda, votaria por este horrível projeto de lei fronteiriça que apenas dá uma autoridade de fechamento depois de 5.000 interceptações diárias quando já temos o direito de FECHAR A FRONTEIRA AGORA, o que deve ser feito", opinou o magnata em sua rede Truth Social.
"Não sejam ESTÚPIDOS!!! Precisamos de um projeto de lei independente sobre fronteiras e imigração", afirma Trump em sua mensagem, na qual pede que o projeto não esteja vinculado "à ajuda externa de nenhuma maneira".
O presidente ucraniano Volodimir Zelensky no Capitólio, junto com o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer (D), e o líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell (E), em 12 de dezembro de 2023
Em temas migratórios, Trump está à frente nas pesquisas sobre seu possível rival eleitoral Joe Biden.
"Não temos agentes [fronteiriços] suficientes. Não temos juízes [de imigração]. Precisamos de ajuda. Por que não me ajudam?", perguntou Biden nesta segunda-feira, referindo-se aos republicanos.
O acalorado debate sobre a fronteira desvia a atenção sobre a guerra da Ucrânia, apesar de estar em jogo o futuro da ajuda americana ao país europeu. O texto apresentado no domingo é um dos poucos que podem obter o apoio dos dois partidos. Por isso, a janela de atuação antes das eleições de novembro parece pequena, se não inexistente.
Desde o começo da guerra, o Kremlin aposta por uma diminuição da ajuda do Ocidente, e qualquer vacilo dos aliados de Kiev fortalece sua ideia de que vai vencer.
Os Estados Unidos são, de longe, o principal apoio militar da Ucrânia e liberaram sua última parcela de ajuda militar no fim de dezembro.
Há vários meses, o governo luta para desembolsar novos recursos, reivindicados tanto pelo presidente Joe Biden quanto por seu colega ucraniano Volodimir Zelensky.
As últimas duas visitas de Zelensky a Washington, em setembro e dezembro de 2023, foram infrutíferas.