Greta: ativista de 16 anos chegou a Lisboa e, de lá, seguiu para Madri, onde chegou nesta sexta (Rafael Marchante/Reuters)
AFP
Publicado em 6 de dezembro de 2019 às 08h50.
"Os discursos não bastam". Com a jovem sueca Greta Thunberg na liderança, milhares de pessoas vão protestar nesta sexta-feira em Madri para pressionar os países signatários do Acordo de Paris a agir contra o aquecimento global.
Outra marcha está planejada em Santiago do Chile, onde a reunião anual da ONU sobre o clima (COP25) aconteceria antes que o país desistisse de recebê-la por causa de um movimento social sem precedentes.
Sob o lema "o mundo acordou diante da emergência climática", a marcha climática de Madri começará às 18h00 (14h00 de Brasília) em frente à estação de Atocha.
Símbolo da luta pelo meio ambiente desde que lançou, em agosto de 2018, sua "greve escolar" que impulsiona o movimento global "Sexta-feira pelo futuro", Greta Thunberg estará presente. A jovem sueca dará uma conferência às 16h30 (12h30 de Brasília).
Sem viajar de avião, devido a seu impacto ambiental, Greta foi de veleiro participar de uma cúpula da ONU sobre o clima em Nova York e depois para a COP25 anunciada no Chile. Com a mudança de local, teve que pegar uma catamarã para fazer o caminho inverso.
Depois de três semanas no mar, a ativista de 16 anos chegou a Lisboa e, de lá, seguiu para Madri, onde chegou nesta sexta por volta das 8h40 (4h40 de Brasília). Ela dará uma coletiva de imprensa às 16h30 (13h30 de Brasília).
O ator espanhol Javier Bardem, ativista climático, também participará do protesto, que incluirá discursos e eventos musicais e culturais.
"Sabemos que será grande. Esperamos centenas de milhares pedindo ações urgentes", disse um porta-voz da mobilização, Pablo Chamorro.
A marcha de sexta-feira quer ser um "grande momento global", afirmou Estefanía González, porta-voz da Sociedade Civil para Ação Climática (SCAC), que representa mais de 150 grupos chilenos e internacionais.
Em função da desigualdade social e econômica, a crise no Chile está "diretamente relacionada à crise ambiental", apontou González, referindo-se aos maiores protestos no país desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, há quase 30 anos.
"Hoje, a ação climática se traduz em equidade social. Não é possível ter equidade social sem a equidade ambiental", afirmou o ativista.
A SCAC é um dos organizadores da Cúpula Social para o Clima, uma conferência paralela à COP25 que vai durar uma semana, a partir deste sábado, e incluirá centenas de eventos e workshops.
Os cerca de 200 signatários do Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a +2°C ou +1,5°C, estão reunidos desde segunda por duas semanas em Madri, pressionados para definir metas mais ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Embora o termômetro tenha registrado alta de +1°C desde a era pré-industrial, ampliando os desastres climáticos, esta reunião pode decepcionar.
Em um manifesto, as associações que organizam a marcha enviaram uma mensagem clara: "Voltaremos às ruas (...) para exigir medidas reais e ambiciosas de políticos de todo o mundo reunidos na COP" e reconhecem que "a ambição insuficiente de seus acordos levará o planeta a um cenário desastroso de aquecimento global".