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Com falta de carisma, Rajoy usa perseverança como arma política

Líder da oposição superou duas derrotas consecutivas para presidente e é o favorito para se tornar o novo chefe de governo espanhol

Rajoy se apresenta como um bom pai de família, capaz de tranquilizar seus eleitores (Dani Pozo/AFP)

Rajoy se apresenta como um bom pai de família, capaz de tranquilizar seus eleitores (Dani Pozo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2011 às 11h56.

Madri - Com falta de carisma, o conservador Mariano Rajoy, provável futuro presidente do governo espanhol após duas derrotas para o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, fez da perseverança uma arma política, mostrando uma imagem tranquilizadora em meio à crise.

"Sou Mariano Rajoy, espanhol e galego, nascido em Santiago (de Compostela) há 56 anos", assim começa a autobiografia, publicada antes das eleições, deste filho e neto de juristas, educado na tradição católica e que cultiva uma imagem sóbria, inclusive tediosa.

Pouco conhecido no exterior - fala francês, mas admite ter aulas de inglês -, criticado por sua indecisão, este homem de cabelo castanho, de barba branca e óculos retangulares, conseguiu, no entanto, reagrupar ao redor de si o Partido Popular (PP) e apagar as lembranças de suas duas duras derrotas nas eleições de 2004 e 2008.

"Rajoy é a vitória da perseverança", acredita Antón Losada, professor de Ciências Políticas na Universidade de Santiago de Compostela.

Após estudar em uma escola jesuíta e na faculdade de Direito, entra "timidamente" na política aderindo à Aliança Popular (AP), partido de direita fundado pelo ex-ministro franquista Manuel Fraga Iribarne, que se converterá posteriormente no PP.

Discreto, mas temerário, foi eleito deputado regional com 26 anos, antes de continuar subindo até se tornar o homem de confiança de José María Aznar, presidente do governo de 1996 a 2004, que o nomeou como sucessor no partido.

Várias vezes ministro, porta-voz do governo e vice-presidente, Rajoy forja uma imagem de mediador fora de série, além de ser o homem que enfrenta as críticas pela desastrosa gestão da maré negra do petroleiro "Prestige" em 2002 e pela entrada da Espanha na guerra do Iraque, em 2003.

Apagando pouco a pouco sua imagem de conservador puro e duro, se apresenta como um líder "previsível, patriota, independente, moderado", em contraste com a suposta inconsistência e frivolidade de Zapatero.


"De meu pai herdei um sentido muito marcado pelo respeito às regras, o senso de justiça e o esforço", destacou em seu livro intitulado "En confianza".

Nascido no dia 27 de março de 1955, grande amante dos esportes, torcedor do Real Madrid e apreciador de ciclismo, se apresenta como um bom pai de família, capaz de tranquilizar seus eleitores e de assumir as rédeas enquanto "o milagre espanhol" não se sustenta.

"Seu principal ponto forte é a crise e o desemprego. Sua grande fraqueza, que era ser um homem chato, previsível, acabou se convertendo em sua grande força", comenta Losada.

Apresentando-se como um homem de Estado, chegou a acordos com os socialistas sobre a redução do déficit e comemorou o anúncio do ETA de sua renúncia à violência. Após protestar contra a liberalização do aborto e o casamento homossexual, se mantém ambíguo sobre suas intenções.

"É uma divisão de trabalho. Rajoy se mantém neutro e os líderes do PP distribuem as posições para responder a um eleitorado muito heterogêneo. É uma estratégia, mas o problema é que, ao final, dá a imagem de alguém que não sabe se comprometer e isso pode se voltar contra ele", explica o jornalista José Maria Ridao.

"Eu tomo as decisões quando acredito que é preciso tomá-las", disse Rajoy em uma entrevista que concedeu junto com sua esposa "Viri", Elvira Fernández. A entrevista, acompanhada de fotos de seus dois filhos, apresentava a imagem de um marido e pai atento, com um grande senso do humor.

Mas, assim como seu rival socialista Alfredo Pérez Rubalcaba, sua paixão pelo esporte não o impede de reconhecer a apreciação pelos cigarros "a um preço estratosférico".

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