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Com discurso contra a extrema-direita, Scholz é confirmado como candidato social-democrata

Chanceler alemão foi formalmente eleito neste sábado candidato para as eleições antecipadas de 23 de fevereiro

 (Sean Gallup/Getty Images)

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EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 11 de janeiro de 2025 às 17h45.

O chanceler alemão Olaf Scholz foi formalmente eleito neste sábado candidato do Partido Social Democrata (SPD) para as eleições antecipadas de 23 de fevereiro, após fazer um discurso contra a legenda de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e o bloco democrata cristão (CDU-CSU), segundo e primeiro colocado nas pesquisas, respectivamente.

Os 600 delegados presentes no congresso social-democrata em Berlim aclamaram Scholz de forma avassaladora, com apenas cinco votos contra.

Mais cedo, Scholz, cujo partido aparece com cerca de 15% nas pesquisas de intenções de voto, começou seu discurso com um alerta sobre a situação na Áustria, onde a extrema-direita foi encarregada de formar um governo após o fracasso das negociações entre os outros partidos.

"Isto é devastador, não podemos simplesmente tomar nota", disse Scholz, apontando implicitamente para o perigo de o favorito nas sondagens, o democrata-cristão Friedrich Merz, quebrar sua promessa de não cooperar com a AfD, dado que previsivelmente não terá uma maioria absoluta para governar.

"Há forças que recorrem à incitação e à divisão como modelo político", declarou o chanceler, referindo-se ao AfD, ressaltando que, no entanto, "a maioria da Alemanha sabe disso" e, portanto, apoia as forças democráticas.

Scholz falou de um mundo em que a situação é "muito séria" por causa da guerra na Ucrânia, da ascensão do populismo e do nacionalismo de direita e também da incerteza sobre as relações com os Estados Unidos após a posse de Donald Trump..

"A Alemanha está em uma encruzilhada. Se pegarmos a saída errada em 23 de fevereiro, acordaremos em um país diferente", advertiu.

Ataques aos conservadores

Scholz acusou o seu principal rival, o conservador Merz, de querer aplicar “velhas receitas” e fazer política “sobre as costas” do povo, com um programa austero que significará, segundo disse, cortes nos cuidados de saúde e colocará as pensões em risco.

Enquanto o SPD quer reduzir impostos para pessoas de baixa renda e reduzir o IVA sobre alimentos, os democratas-cristãos pretendem oferecer alívio fiscal precisamente aos 10% mais ricos dos cidadãos, disse o candidato social-democrata.

No entanto, um futuro brilhante não pode ser alcançado com "isenções fiscais para milionários", destacou.

Scholz então delineou o programa de seu partido, com propostas para reanimar a economia por meio de investimentos massivos em infraestrutura e energia renovável e incentivando o investimento privado no país com um bônus "Made in Germany", tudo financiado pela flexibilização da dívida.

Além disso, prometeu preservar empregos em risco devido à má situação econômica, aumentar o salário mínimo e estabilizar as pensões, entre outras medidas sociais.

Apoio à Ucrânia

No plano internacional, Scholz reiterou sua política de apoio à Ucrânia, prometendo mais uma vez "manter a cabeça fria" e agir com contenção para não provocar uma escalada do conflito, e lembrou, após as recentes declarações de Trump sobre a Groenlândia, que o princípio da inviolabilidade das fronteiras "está vigente para todos".

O chanceler, cuja popularidade despencou durante seu mandato de três anos, gerando especulações de que seu partido poderia escolher outro candidato para a eleição, também teve um momento para autocrítica.

"Talvez eu devesse ter encerrado a coalizão antes", admitiu Scholz, que expulsou os liberais da coalizão em novembro, o que levou à convocação de eleições antecipadas.

O chanceler disse ainda que, apesar das disputas internas, tentou manter unida a coalizão com os verdes e os liberais por "responsabilidade", mas reconheceu que "a unidade não pode ser imposta por ditame".

De acordo com uma pesquisa do INSA encomendada pelo jornal “Bild” e publicada neste sábado, o SPD de Scholz obteria apenas 16% dos votos, atrás do bloco conservador CDU-CSU, que perdeu um ponto para 30%, e do AfD, que ganhou dois pontos para 22%, e à frente dos verdes, que permaneceriam com 13%.

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