Argentina: A maioria das pesquisas mostra Milei à frente, mas sem força suficiente para vencer no primeiro turno (Alejandro Pagni/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 22 de outubro de 2023 às 08h00.
Última atualização em 22 de outubro de 2023 às 16h47.
Os argentinos vão às urnas neste domingo, 22, para escolher o próximo presidente. A disputa está entre o candidato ultraliberal Javier Milei, o atual ministro da Economia, Sergio Massa; e a conservadora Patricia Bullrich.
Entre os principais desafios do próximo presidente argentino estão a inflação de quase 140%, uma crise cambial e as contas públicas esgotadas. O país tem ainda 40% da população na pobreza. Milei, um economista de 52 anos eleito deputado apenas em 2021, abalou o tabuleiro político nas primárias de agosto, quando foi o candidato mais votado, à frente de Massa, do governista União pela Pátria, e de Bullrich, do Partido Juntos pela Mudança. A maioria das pesquisas mostra Milei à frente, mas sem força suficiente para vencer no primeiro turno.
Com a promessa de dolarizar a economia e acabar com o Banco Central, Milei ganhou popularidade entre um eleitorado cansado por anos de estagnação econômica e uma inflação em forte alta, que alcança quase 140% em termos anuais.
A Argentina, que em 2023 comemora 40 anos de retorno à democracia, também votará para definir metade das cadeiras da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. As pesquisas indicam que nenhum partido conquistará a maioria parlamentar. O novo presidente assumirá o cargo em 10 de dezembro para um mandato de quatro anos. O país tem 35,8 milhões de eleitores registrados.
Terceira maior economia da América Latina, historicamente a sociedade argentina tem orgulho de sua ampla classe média. Porém, a economia não cresce há mais de uma década, e a pobreza disparou, afetando mais de 40% da população. A Argentina tem um compromisso com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um programa de crédito de US$ 44 bilhões, que exige uma redução significativa do déficit fiscal.
Nas semanas anteriores à eleição, o país registrou uma corrida frenética no mercado cambial, que elevou para mais de 1.000 pesos a cotação do "dólar blue", como é conhecida a taxa de câmbio informal, contra uma taxa oficial de 365 pesos por dólar. A moeda americana é o refúgio habitual dos poupadores na Argentina. Quem tinha condições, também comprou algum produto eletrônico, temendo aumento de preços após a eleição.
Nem o governo atual do peronista de centro-esquerda Alberto Fernández (2019-2023), nem a administração de seu antecessor, o direitista Mauricio Macri (2015-2019), conseguiram mudar a tendência de deterioração econômica.
A eleição na Argentina começa ainda no Paso, as Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias. Os eleitores de 17 a 70 anos são obrigados a escolher entre os candidatos de cada coligação. Quem não atingir 1,5% dos votos fica fora da disputa. O modelo foi pensado para reduzir o número de candidatos no primeiro turno, e serve também como termômetro real de como andam as intenções de voto dos argentinos. A etapa acontece no país desde 2009.
Os primeiros resultados parciais devem sair por volta das 22h.
Com Agência AFP