Equipes de resgate estudam a melhor forma para retirar os garotos e o treinador da caverna parcialmente alagada (Soe Zeya Tun/Reuters)
AFP
Publicado em 4 de julho de 2018 às 14h03.
A família de Pheeraphat guarda na geladeira um bolo de aniversário, enquanto espera a volta para casa desse menino preso há mais de dez dias em uma caverna na Tailândia. Uma espera que se anuncia longa diante das complicadas condições para o resgate.
"O bolo está na geladeira. Eu guardo aqui para fazer uma surpresa para ele" quando voltar, diz Phunphatsa Sompiengjai, irmã de "Night", apelido do menino que completou 16 anos em 23 de junho.
Depois de dias sem notícias, Pheeraphat e seus 11 companheiros presos junto com seu treinador de futebol foram encontrados na segunda-feira à noite, vários quilômetros caverna adentro, em uma área completamente inundada.
Sua mãe, Supaluk, que temia não voltar a ouvir sua voz, emocionou-se ao ver um vídeo gravado na gruta e divulgado na quarta-feira pelos socorristas.
"Eu o vi. É o menino de camiseta vermelha e branca. Disse: 'Oi, sou Night. Estou bem'", conta sua mãe.
"Me reconforta muito saber que está a salvo. Mas me sentirei melhor quando tiver saído da caverna", acrescenta.
A retirada se anuncia como complexa, com longos trechos de mergulho. No momento, os socorristas continuam lutando para tentar baixar o nível da água.
Pheeraphat entrou na equipe de futebol "Javalis Selvagens" há cerca de um ano, como goleiro, conta sua família.
Outros três garotos da equipe são da mesma aldeia. Os quatro eram inseparáveis.
Em 23 de junho, Pheeraphat foi treinar, como de costume, com seus amigos. Depois, voltaria para casa para celebrar seu aniversário com a família.
"Preparamos o jantar de aniversário e vieram amigos", relata a irmã do adolescente em sua casa em Ban Vienghom, na província de Mae Sai, na fronteira com Mianmar.
A família esperou horas, muito preocupada, antes de ligar para amigos do adolescente e para seus pais.
Entre as hipóteses levantadas, ela destaca uma: o mais provável é que tivessem ido para a caverna de Tham Luang depois do treinamento, por um motivo desconhecido. A família de Pheeraphat se pergunta se a equipe não teria ido, justamente, celebrar seu aniversário.
Os familiares de Pheeraphat dizem que os meninos juntaram guloseimas e é possível que tenham querido soprar as velas nessa caverna que conheciam tão bem por terem estado ali várias vezes.
O temor da família se confirmou, quando viram sapatos e mochilas dos meninos na entrada da gruta.
A busca começou à noite, mas teve de ser interrompida pelo forte temporal.
O que começou como um caso local ganhou interesse nacional e internacional, com a chegada de especialistas estrangeiros e emissoras de televisão do mundo todo.
Para a família de Pheeraphat, é um drama. "Quando vier, vamos fazer uma surpresa. Também compramos presentes", conta sua tia-avó, Phakawan Wangyao.