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Colombianos otimistas com acordo entre governo e Farc

O acordo será inválido se as partes não chegarem a um lugar comum sobre todos os seis pontos da agenda


	O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos: Santos concorre à reeleição em maio e o anúncio de pacto pode melhorar suas chances de ser eleito
 (Javier Casella/AFP)

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos: Santos concorre à reeleição em maio e o anúncio de pacto pode melhorar suas chances de ser eleito (Javier Casella/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2013 às 16h13.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, saudou o acordo parcial sobre a participação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na vida política do país.

Ele também disse, em discurso em cadeia nacional, horas depois de o pacto ter sido anunciado em Havana, que não haverá suspensão das negociações por causa da aproximação das eleições.

Santos concorre à reeleição em maio e o anúncio de quarta-feira pode melhorar suas chances de ser eleito. Mas o acordo será inválido se as partes não chegarem a um lugar comum sobre todos os seis pontos da agenda. Um acordo parcial foi alcançado no início deste ano sobre reforma agrária, a raiz do conflito que já dura meio século.

As exigências de anistia do grupo também precisam ser defrontadas com a necessidade do sistema judicial que assegure que os criminosos de guerra entre os rebeldes sejam punidos.

Os acordo sobre terras e participação política são os maiores avanços na direção da paz desde a década de 1980, disse Hector Riveros, apontado para discutir a paz por Cesar Gaviria, que foi presidente da Colômbia entre 1990 e 1994.

As negociações na década de 1980 levaram a um acordo pelo qual as Farc formaram um braço político chamado União Patriótica. Mas mais de 3 mil de seus membros foram sistematicamente assassinados por esquadrões da more de direita.

Duas rodadas subsequentes de conversações de paz também não terminaram bem. O grupo ficou seriamente enfraquecido em 2002 durante os dois mandatos do presidente Alvaro Uribe, um inimigo das negociações de paz e que concorre ao Senado nas eleições de março.

Um elemento essencial do acordo de quarta-feira é a criação de "circunscrições especiais" nas regiões mais atingidas pelo conflito. Representantes eleitos nessas áreas poderão se juntar ao Congresso de forma transitória.

O comunicado lido em Havana por um diplomata cubano não fornece detalhes como quantos assentos estariam seriam disponibilizados para as circunscrições. Após a leitura, os dois lados expressaram otimismo, em avaliações separadas sobre o acordo, que é acompanhado por diplomatas da Noruega, Cuba, Chile e Venezuela.

Os colombianos, por sua vez, reagiram com otimismo moderado até total ceticismo sobre o acordo. Embora a proposta só passará a valer caso haja consenso em todos os demais temas, em nenhum momento os dois lados chegaram a um acordo, mesmo que parcial, como o alcançado a respeito da política agracia colombiana.

Nas ruas da capital colombiana, algumas pessoas expressavam suas dúvidas, ceticismo e também sua esperança a respeito de um acordo final. "No momento, não conhecemos realmente o alcance dos acordos", disse à Associated Press Antonio Yepes, advogado de 54 anos. Ele enfatizou a "pouca credibilidade" da guerrilha porque "não é a primeira vez que tentaram (um processo de paz) e sempre na última hora fazem muitas exigências que o governo não pode cumprir".

Um dos principais críticos do processo de paz é o ex-presidente Alvaro Uribe. Em sua conta no Twitter ele destacou, nesta quinta-feira, que o governo não esclareceu vários pontos, entre eles se os rebeldes responsáveis por crimes serão elegíveis e se as regiões nas quais os insurgentes poderão se candidatar coincidem com suas zonas de influência tradicional.

"Sem entrega de armas, com aumento da violência...a Farc avança, com o consentimento do governo, até tomar a democracia", disse Uribe.

A maioria dos colombianos apoia a busca pela paz, mas também é maioria o ceticismo sobre a desmobilização dos rebeldes, segundo estudo divulgado pelo jornal El Espectador.

Segundo o levantamento, realizado entre agosto e setembro pelo Barómetro de las Américas, com apoio da Universidade dos Andes, em Bogotá, embora 53,7% dos entrevistados tenham dito que apoiam o processo de paz - ante 32,6% que não apoiam - 73,4% dizem acreditar que é pouco ou nada provável que o processo de paz leve a uma desmobilização dos rebeldes.

Para 26,6% é possível ou muito provável que os insurgentes se desmobilizem como consequência do processo de paz. A pesquisa foi realizada com 1.507 pessoas de 47 dos 1.000 municípios colombianos entre agosto e setembro e tem margem de erro de 2,5 pontos porcentuais para mais ou para menos. Fonte: Associated Press.

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